Às doze pétalas da doce Flor


Dócil Flor
És quem me adoça a alma
O meu espírito, na palma
Da tua alva mão
Flor do Sol radiante
Flor do Homem, ser pensante
Flor do meu coração

Flor do Mundo
Flor do desejo e delírio
Que rejeita o martírio
Da crua solidão
Bela Flor
Flor da virilidade
Minha Flor de tenra idade
Flor da minha paixão

Vejo-te a face
Contemplo o azul do mar
No teu corpo o luar
De um bosque verdejante
Dócil Flor
Minha Flor adorada
Minha amada, desejada
És a minha terna amante

Flor do campo
Observo-te a face e os traços
Damos as mãos e os laços
de uma bela união
Flor do Cosmos
Dos mares quentes e mornos
Bela Flor de João

Loiros cabelos
Corpos estendidos no campo
Observar o teu encanto
De um belo alvo Amor
Minha doce mulher
Minha deusa do Universo
Sentir este ego imerso
Da mais pura doce Flor

Sou livre
Sou Mouro, sou Judeu
Sou homem indo-europeu
És a minha orquídea da China
Sou budista
Sou Poeta, sou cristão
Venero a Tora, o Alcorão
És a minha doce menina

Louvo o três
Louvo as pirâmides de Gizé
Louvo as estruturas de pé
És a minha Flor campestre
Louvo a Deus
Louvo-te o corpo e os peitos
Somos os dois mais eleitos
És a minha Flor do Leste

Sou Português
Sou Brasileiro, sou Espanhol
Sou Russo, sou Mongol
És a mulher Universal
Sou das Américas
Do Equador, sou Mexicano
Sou índio Americano
Dos mares do Norte, és o Sal

Sou de Gales
Sou dos trópicos, sou Japonês
Sou iniciado Escocês
És a minha doce Flor
Sou do Árctico
Sou cavaleiro Islandês
Sou nobre Português
Nutro por ti, terno Amor

Sou Germano
Sou pianista Austríaco
Sou um belo ser idílico
És a mais pura candura
Sou da China
Sou Dinamarquês, sou Mouro
Sou negro, moreno e louro
No teu corpo a formosura.

Sou Cingalês
Na Argentina, Canadiano
Em Timor, Australiano
És quem me adoça a boca
Sou do Báltico
Nos trópicos sou hiper-bóreo
No Árctico, um beijo flóreo
Dois corpos na noite louca

Sou Polaco
Sou homem douto da Hungria
Sou a terra quente e fria
Sou eu que te desejo
Em Barcelona, Madrileno
Sou o Danúbio no Meno
És as águas cândidas do Tejo

Sou da Europa
Sou filósofo Alemão
Sou Inglês, sou Mação
És a Flor de jasmim
Em Meca sou Muçulmano
Venero Ala, meu amo
És a Flor do meu jardim

Venho de África
Em Estocolmo, sou Ruandês
No Bótnia, vejo o Suez
O teu corpo no meu jardim
Em Roma, sou Romeno
No Douro, vejo o Reno
Dir-te-ei sempre que sim

Sou homem-livre
No Congo, sou Francês
Venero o dois e o três
És a minha dócil luxúria
Em Oslo, Jamaicano
Em Helsínquia, sou puritano
És quem me renega a penúria

Sou profano
Venero a estrela de David
Sou hebreu, sou Nazi
És o meu doce pecado
Adorei a suástica
A doutrina eclesiástica
Sou o teu namorado

Sou Pacífico
Em Tóquio sou de Quioto
Sou um samurai louco
És a minha dócil gueixa
Americano
No Paquistão, sou hindu
Contemplo-te o corpo nu
És a amante que não se queixa

Sou do Laos
No Brasil, sou Vietnamita
No Cáucaso, sou Semita
És a mais bela linda Flor
És o Cosmos
Sou as estrelas e os planetas
Sou os astros e os cometas
És o meu grande Amor

Chica Guapa
Mi amada, como te quiero
Te veo cuando los ojos cierro
Eres mi gran amor
Mi princesa
Mí adorada y venerada
Estás de mi enamorada
Eres la luz y el color

Sou mulato
Sou Guineense na Gronelândia
Sou Lapão, na Mauritânia
És a minha índia da selva
Adoro-te
No Vaticano, sou pecador
Sou missionário, sou doutor
Dois corpos estendidos na relva

Honey
You’re my sweetest girl
A friend who’ve became a pearl
I see you, and I see heaven
Sugar
You are my sweet temptation
My adored veneration
Two of us, form eleven

Darling
You’re the source of my desire
You’re the empress, of my empire
You’re my candid lust
Sweetheart
You’re the passion of my soul
We both compose the whole
You’re the one to trust

Sou Checo
Em Paris, sou Londrino
Beijo-te, abraço e rimo
Em honra ao teu semblante
Sou Eslovaco
Na Alemanha, sou Polaco
Por ti corro, rasgo e mato
És a minha louca amante

Serenidade
És a minha grande amiga
És bonita, és bem linda
És a calma e a harmonia
Estou tranquilo
Em menino observei-te
Hoje mesmo toquei-te
És a Filosofia

Reencontrando-me!



Uma vez mais me encontro deambulando de pensamento em pensamento
Perco o amor ao mundo, amo os outros, é o meu tormento
A cada dia que passa, assimilo o que é estranho
Acedo, agarro os outros e neles me entranho
Porque a língua é fugaz nas suas doutas rimas
Perco-me nos desejos, chamo-lhes meninas
Sobrevoo eu também as florestas e as planícies, os vales e as montanhas
E quando me provocas, me seduzes, e me assanhas
O paradoxo racional eleva o desejo
Pois a carne é o meu ensejo
E se me reencontrar é a luz divina observar
É o encontro interior
É o verdadeiro amor
É a felicidade poder contemplar
É a verdadeira iniciação
Quando observo os teus olhos azuis
De um cabelo ondulado que me adora
No meu ego, e quando fluis
No espírito que constituo, na alma que aqui perdura
Mas que amolece com a ternura, a doçura
Da caridade, da afável mocidade
Encontrar a criança que deixei de ser, que se perdeu
O ente, que através do espaço-tempo morreu
Quem são os deuses? Quem sou eu?
São os do Olimpo? Os de Roma? Fui quem perdeu
O rumo à vida, o rumo ao caminho da purificação
Que és tu? Florbela ou bela flor?
Que rima com dor e amor.
Sou aquele que atravessa o mundo até ao infinito,
Que percorre as galáxias do espaço e aqui cito
As frases de doutos poetas, de homens da ciência e cultura
Pois Florbela, a luz loura dos teus cabelos
Que se perdem ao vento e só de vê-los
Não sei o que sinto ou pressinto
Se me mova ou me demova
Pois a mente mente e quando minto
Nego a minha existência
A doce procura, percorro os caminhos divinos, a persistência
Em me encontrar é dolorosa, custa atravessar o voo celestial
Que preconizas em teus versos
Que de amor estão imersos
Que da fugaz e temperada caminhada que percorremos
Dos desejos, que os loucos homens como eu se esquivam
Pois por vezes canso-me, perco-me, despisto-me nos caminhos da alma e da carne
Mas quando vejo as doces mulheres que me activam
Sentimentos paradoxais, de amor e ódio, de desequilibro, do gozo que arde
Percorro as estradas do mundo, as rotas infindáveis da loucura
E não me encontro no que está perto, cerca lonjura
E se os efémeros fragmentos desta vida fugaz
Na qual me torno mero espectador
Aquele acutilante que espeta a dor
E não encontro paz, nem razão às discriminações linguísticas
Das escravas e das eslavas
Dos bárbaros severos
Dos vândalos e de Neros
Dos semíticos interesseiros
Daqueles que emprestam a ladrilhadores, consumistas, padeiros
Dos suínos e dos Suevos
Daqueles que dizem que fazem judiarias
Não suporto as discriminações, nem anti-semitismos, nem ódio aos outros que no entanto me odeiam
E do lixo, que será? Quem serão? Da cruz se elevarão?
Pois porquê a chave, o chaveiro e o chão?
Não são a cave, o coveiro e o cão?
Guerras lingüísticas, das tremas que se elevam
Da simplicidade da língua semita e latina
Pois minha deusa, minha dócil menina
Dos versos que eu em ti li
Naqueles em que te reencontravas,
E que planetas sobrevoavas?
Quero ir ao fim do Universo
Quero alcançar o infinito
E por vezes o longe é aquilo que fisicamente está perto
E se o Homem vai ao espaço e á lua
E nem sequer conhece por vezes a sua
Génese interior
Fugaz e do ímpeto? Não. Apenas do verdadeiro amor.
E os caminhos que descubro na minha génese
São dolorosos, são angustiantes,
Ardentes e desesperantes
Mas vejo eu também as florestas verdejantes
Os desertos vastos e reluzentes
Vejo os belos e cristalinos oceanos
As águas límpidas e mornas
Vejo os belos cumes, as montanhas que de um amor divino se enchem de neve
As belas faces, de mulheres, homens e crianças,
Que se regozijam com as planícies e com os momentos da vida banais
E com tantas outras coisas e muito mais
Vejo o mundo redondo, suave a não cortante
Sonho e vejo-me a mim como ser pensante
Sou aquele que da incerteza
Venera a tua pura beleza
Serei sempre aquele que nas calmas gôndolas
Aprecia as rias de Veneza
Vê a magia do mundo e do céu azul
Vejo o Euro, o Bóreas, o Zéfiro e o Sul
Sou aquele que ama o mundo
Sou aquele que através da mágoa, do amor, do desejo e da dádiva
Se oferece ao Eu Profundo.

Oceanus



Sinto-me largado ao vento
Sem norte, nem sul
Sem leste, ou oeste
Perdido nas brisas infinitas do planeta
Perco-me na acalmia do oceano
Dum azul profundo que amo
Nas profundezas do meu ente
Um ego, que se inunda ao ser crente
Vasculho o passado e os pretéritos
Para me reencontrar
Para conseguir achar
A criança que no mar se perdeu
Que se afogou com o tempo imenso
Do oceano que é propenso
À dispersão do azul
Dos mares ao Sul
Mares do Sal
E eu que escrevo, tal
Como li os teus escritos
Quando vagueavas pelos infinitos
Dos mares do Norte, mares de Barens, golfos de Bótnia
Procuro em ti experiências passadas
Renego paixões amarguradas
Olhos da cor do mar que elevo
Mar revolto, nas ondas de uns áureos cabelos
Oscilo entre a harmonia, mas em mim fervo
Com as vicissitudes da doçura,
Após a amargura
Escrevo as escritas do reencontro
Escrevo os escritos do pesadelo
Deste sonho vivente envolto
Em nevoeiros que atravesso
Quando caminho para as camadas inferiores do ego
Das plataformas que nos levam ao núcleo
Dos dilemas de Verne ao centro do Eu
Redondo e esférico, abrasador, o núcleo, o caroço envolto em breu
Que se descobre
Que se envolve
Há que perfurar a mácula, a agonia, a angústia, a raiva e a maleita
Rejeitar o ódio, mas não rejeito o desejo!
Esse é o meu ensejo
Mas será o desejo a angustia do homem?
Será o que o leva ao desespero?
Será o desejo, a génese da flagelação?
Dos ímpios actos de veneração?
À carne e aos seus vassalos
Aos seus subordinados
Aos mágicos e deprimentes fados?
Voos da imensidão, voos mágicos pelo mundo que revejo
Voo sobre o planeta, passeio num cometa
Fervente na cauda, encrostado em gelo
Que assimilou nas fronteiras do Universo
Que me revisita
Caminho, corro com a fita
Da vitória ao alcançar a meta
Cansado, depois da sesta
Mas elevo-me, procuro, e reprocuro, procurando de novo, reprocurando
O caroço, o núcleo, o cerne
Mas parece que não faço parte daquelas influências magnéticas
Que vêm do extremo do sistema solar
e que atravessam as camadas quentes para depois o núcleo encontrar.
Farei parte daquelas que o rodeiam ?
Caminho então sobre as águas, imerso nas profundezas do azul
Destes mares de lágrimas ao sul
Nado, tal homem da Atlântica
Ondulo o corpo, oscilo com as ondas do mar
E do sal consigo saborear
E quanto mais Sal, mais sede, mais água doce
Quanto mais Sal, mais fome, mais rios que das montanhas nascem
E no sal, procuro as montanhas nos altos, nado como o salmão
Procurarei o destino no topo do rio frio para conceber
E perecer?
NÂO
Vagueio no Tejo
Imerso
De águas límpidas, que outrora encheram as ninfas de candidez e de alvura
Tejo que limpa as mágoas, que lava a ânsia mais dura
Que em tempos ancestrais convertia pecado em candura
Da mulher em que lhe revejo banhar-se, bela e pura
Mas procuro nele a lua cheia a reflectir-se na paz do horizonte
Na silhueta de uma ponte imensa que o percorre
De uma exponencial decrescente
Mas no furor e na alegria sou crente
E também com o tempo vou perdendo a minha identidade
É simples influência do acréscimo na idade
Mas cabe reencontrar-me
Para apenas achar-me
Sentir-me envolto em nuvens
Vaguear e passear sobre jardins verdejantes
Amar os seres do mundo, pecadores e errantes
E procurar algo que me satisfaça o espírito
Que me satisfaça o eu interior
Que renegue a dor e o rancor
Procuro no mundo dos infinitos
E revejo na infância a alegria, a egolatria
O puro amor.

Diferenciação matemática do Universo


A função matemática que representa o Universo, a existir, tem por certo uma função diferencial contínua. Apenas na arte, tais descontinuidades são possíveis. Por isso rejeito a mecânica quântica e os seus preceitos, ou seja, por definição a mecânica quântica não faz parte da ciência, mas sim do campo artístico. A arte é mágica, sonhadora e a forma mais divinal que as culturas encontraram para representar os sonhos da alma, mesmo tendo consciência da sua natural irrealidade. O Homem concebe a arte, com forma de extravasar os sonhos, as divinais magias interiores e através desta comunica. Os Gregos, primordiais culturas do saber, elaboravam aquelas magnificentes obras de arte, com musculados homens em posições atléticas, no entanto, estudos recentes demonstraram que tais posições eram irreais, e infazíveis. A arte é a execução dos sonhos, é dar forma às ansiedades da alma. No cinema, a cena muda como queremos, de um segundo para o outro passamos para o outro extremo do planeta, mudamos de cena e de cenário. Na música ouvimos sons irreais, ouvimos tonalidades auditivas inexistentes na natureza, na pintura observamos formas e traços que muitas vezes vão contra todas as formas padronizadas existentes no mundo. As formas da pintura podem ser irreais, no entanto comunicam. A arte comunica, a arte extravasa a magia interior da alma. A arte nunca deixa de ter significado, independentemente do senso em causa. E é na arte que observamos, que exprimimos a alma. Na arte exprimimos, por outros meios, as formas da natureza. Os heróis gregos, eram homens, não deixavam de ser homens, tinham músculos como todos os homens, formação esquelética, e membros, no entanto colocavam-se em posições nada naturais. Então o que é a arte? A arte é a liberdade! A arte é a exteriorização da alma! Ora na arte, encontramos as funções matemáticas cujas diferenciais são descontínuas. A arte tem função diferencial descontínua, pois na arte, mudamos de cena e perspectiva consoante o desejado. Na realidade levantar-me-ei da cadeira suavemente, continuamente, caminharei passo a passo até à saída, calmamente percorrerei as avenidas de Berlim virarei o pescoço e as imagens aparecerão sempre de forma contínua. No entanto, a cidade, repleta de artifícios artísticos, revela uma luminosidade artística inigualável, pois de uma estação de Metro para a seguinte muda o panorama e o cenário envolvente. Temos o S Bahn e o U Bahn. Poderá ser a harmonia da farmácia alemã numa rede de transportes públicos? De um ponto para o outro a descontinuidade, a forma de arte arquitectónica e urbanística da cidade de Berlim. A arte, a luz, o semáforo que muda do vermelho para o verde e vice versa. Mas passa pelo amarelo.