A união entre o Santander e o Totta


Estarei senil, estarei com ideias dementes? Talvez, não o sei ao certo, o que sei por certo é que existem diversas condicionantes que me envolvem, que me incutem na mente ideias que renego e desprezo. Ora vamos dar um pequeno exemplo. Há tempos o banco Santander decidiu unir-se ao Totta. Porquê? Poderá ser uma simples união com propósitos bolsistas, ou com o intuito de alargarem o nicho de mercado a nível ibérico.


Mas não, há algo conspirativo por detrás desta união, que o mais comum dos mortais desconhece. Ora vejamos, teremos que evocar aqui um pouco de ciência oculta, como a numerologia e a simbologia. Termos de saber um pouco de psicologia colectiva e de psicologia do foro do subconsciente. O subconsciente é poderosíssimo e é possível enviar sinais ao subconsciente através de meras palavras ou frases que sejam amplamente difundidas.

Façamos aqui uns pequenos ajustes à junção destes dois nomes que formou este novo banco.
  • Santander Totta - Se afastarmos as três últimas letras do primeiro nome ficamos com
  • Santan der Totta - Podemos ainda afastar o último 'n' da primeira palavra formada, ficando com
  • Santa n der Totta - Sabemos que a letra 'n' minúscula é formada graficamente pela junção dum pequeno traço vertical mais um pequeno gancho à sua direita, ou seja, n = l+?, ou algo similar, o 'n' é a letra 'l' mais um pequno ganho à direita. Esse gancho pode ser ignorado, pois nada significa, ficamos então com.
  • Salta n der Totta - O 'n' isolado significa a união no calão inglês de duas frases imp'erativas.
  • Salta e der Totte - 'Der' é o artigo definido na língua alemã
  • Salta e o Totte - Ora Tote é o nome do negro que me anda a atormentar a vida e a ofender a minha integridade intelectual, instigando-me aos actos mais perversos. Totte é também parecido com 'Tod' que significa Morte em Alemão. Ficamos então com
  • Salta e a Morte
É esta a verdadeira função da união dos dois bancos, do Santander e do Totta. Existe algo chamado subconsciente que interpreta as formas e as letras, não como julgamos, mas de acordo com os nossos instintos primários e de acordo com os nossos sentimentos presentes.

Ora é isto que as sociedades secretas querem instigar no povo Português e a mim especialmente, querem instigar sentimentos suicidários que deveremos a todo o custo rejeitar. Portugal está dominado pelas forças maçónicas estrangeiras, e os nossos governantes já não têm qualquer autoridade moral nem institucional para reger o país, pois estão sob o comando de forças secretas estrangeiras que em nada favorecem a língua e a cultura Portuguesas. Querem instigar sentimentos perversos no povo Português ao associarem estes dois bancos. Façam um boicote a estes bancos. Não metam lá dinheiro.

Isto poderá parecer ao caro leitor ridículo. Mas não o é. As ciências ocultas, como a astrologia, a numerologia, o poder dos símbolos, são conhecidas desde há milénios pelas sociedades secretas e estes conhecimentos sempre foram transmitidos de geração em geração secretamente. A Igreja sempre conheceu o poder dos símbolos, por isso sempre se revestiu a si enquanto instituição ecuménica, e aos seus templos com bastantes objectos simbólicos, sendo a cruz o maior ícone simbólico. As sociedades secretas modernas conhecem bem essas técnicas, e o poder das ciências ditas ocultas, poderosíssimas, mas que eles adoram ridicularizar. Aliás, o cidadão comum tem um forte cepticismos em relação às ditas ciências ocultas, porque será? Porque são ridicularizadas pelas sociedades secretas regentes, e porquê? Porque estas sabem que estas ciências são poderosíssimas.

As ciências ocultas não se baseiam simplesmente num mero acto adivinhatório ou de superstição. Envolvem o poder enorme que tem a nossa mente, nomeadamente o nosso subconsciente, para termos controlo sobre as nossas vidas, envolvem conhecimentos sobre o campo magnético dos astros, e como estes influenciam as nossas atitudes, pois o nosso cérebro é influenciável magneticamente. E baseiam-se em algo fundamental, que é o factor repetitivo. Há milhões de anos que vemos a lua com as suas quatro fases em torno da terra, que vemos o percurso do sol no céu, que vemos as estrelas e as constelações no céu nocturno, que celebramos equinócios e solstícios. Há milhões de anos que nos atraímos por homens e mulheres viris e pelos seus sinais de pujança. Há milhões de anos que idolatramos sinais e símbolos de fertilidade e de virilidade. Que tais sinais nos trazem esperança e felicidade. Objectos fálicos espalhados pelas metrópole têm esse intuito.

O ser humano não é apenas aquilo que começa a ser quando nasce. Traz consigo um legado evolucional e genético de milhões de anos. E isso reflecte-se nos sentimentos e nos comportamentos. A luz traz-nos alegria, a escuridão traz-nos melancolia. E isto não se educa, é primário, poderemos simplesmente habituar-nos.

O vermelho no logótipo do Santander Totta, pois eles sabem que é uma cor forte que incute nos indivíduos sensações fortes e intensas. E depois esses mações, pertencentes a todas essas sociedades secretas querem escravizar o povo Português, querem matar o mero cidadão que se revolta contra eles e contra o seu despotismo, contra o seu maquiavelismo, e contra a sua hegemonia hedionda.

Abulamos as sociedades secretas e revelemos o seu conhecimento ao comum dos cidadãos

Preceitos para a vida


Sempre me questionei se existem coincidências. Será que o que me reodeia é simplesmente obra do acaso, ou se as coisas e os lugares e objectos estão manipulados para certos princípios e fins que conheço bem?
  • Será que a disposição do cartão matriz que tenho da CGD é mera obra de números aleatórios? Ou será que tem algum intento que desconheço? Uma combinação numérica com o propósito de me condicionar a atitudes e estado de espírito que não controlo e domino.
  • Será que a publicidade da Vodafone tão difundida simplesmente com a frase "Power to you" tem algum propósito que desconheço?
  • Será que o meu carro Seat Ibiza, tem controladores remotos de velocidade e sensores inerciais que medem todos os movimentos que faço, e que em função de tais movimentos as publicidades da Seat com a música da Shakira são elaboradas em função da minha forma de conduzir?
  • Será que o sistema operativo que utilizo, o Ubuntu, foi concebido para me tomar, ou inibir-me de tomar certas atitudes ou actos mais que plausíveis num homem erudito com a inter-rede e processadores de texto à sua frente?
  • Porque é que existe similaridade silábica em todas as línguas românicas e germânicas entre Eslavos e Escravos. Slave and Slav sound similar
  • Porque é que as torres gémeas foram destruídas num onze de Setembro ou seja 11/9, quando as torres formam em si mesmas um onze gigante. A destruição da feminilidade, pois o número dois é um dos primeiros números associados à feminilidade e à respectiva passividade.
  • Porque é que a palavra "cai" está difundida em meu redor na música e nas palavras, assim como o seu número anexo o 319?
  • Porque é que a maçonaria americana escolheu um negro para messianizá-lo como Presidente da sua nação?
  • Porque é que me impuseram um novo telemóvel com ecrã maior, mais lento, com mais imagens subliminares, com programas mais lentos que alternam de imagens constantemente, para que possam inserir-me no subconsciente as sensações que eles querem? Simples, deita o teu telemóvel fora e vai buscar um arcaico que funcione, é simples.
  • Reparemos que o nome Cátia tem nas suas letras a palavra inscrita "cai"
  • O fundo do computador é extremamente importante, para te incutir sentimentos de tranquilidade ou revolta
  • Não uses telemóveis modernos, usa-os arcaicos
  • Reza muitas vezes ao dia, as tuas orações do bem e da bondade
  • Quando vires imagens que possam suscitar intranquilidade ou sentimentos que desconfies, fecha os olhos
  • Tenta não observar publicidade. Tem fins perversos e impuros
  • Observa, apenas quando necessário, televisão, e de longe
  • Não ouças repetidamente a mesma canção, pois estás a absorver os seus ideais e a suas letras, que têm fins pouco próprios e maléficos
  • Não dês muita conversa a estranhos. Estão possuídos pelo mal, mesmo sem o saberem. Não que eles o desejem, mas foram contagiados e fazem parte da seita.
  • Tenta evitar o tabaco que é extremamente maléfico à saúde, e é apenas uma forma de os americanos fazerem os seres humanos resistirem melhor à poluição que eles propagam no mundo com os seus carros e fábricas e empresas ligadas ao petróleo. Foi uma forma de habituarem o corpo humano à poluição intensa. Os fracos perecem de cancro, os fortes resistem e transmitem essa resistência às gerações vindouras. Ao fim de cinco gerações fumadoras os homens estarão mais resistente ao fumo provocado pela industria americana que o petróleo gera
  • Tenta evitar a carne e o peixe. Torna-te amigo do ambiente e em consonância com a Natureza. Poupa a vida animal e poupa a Natureza. Come apenas vegetais. Torna-te vegetariano.
  • Ama uma mulher que te respeite e que tenha consideração por ti. Concebe, elabora uma prole, e transmite-lhe estes valores.
  • Reza muito, sempre para praticares o bem, para fazeres o bem ao próximo, sê caridoso, sê filantropo, ama o teu próximo, e se alguém te agredir, perdoa-lhe e evita a angústia e a raiva.
  • Tudo o que tentares alcançar, fá-lo única e exclusivamente de forma pacífica, sem nunca incorreres em atentados e ao bom nome do teu próximo.
  • Escreve, escreve, indaga, não apenas com aquilo que lês, mas também com o pensamento e com aquilo que vês.
  • Abomina o Capital, rejeita os endinheirados, vive uma vida humilde e sê feliz.
  • Mantém sempre as janelas e as portas fechadas, para não entrarem sentimentos negativistas
  • Deixa apenas que entre luz solar através dos vitrais
  • Reza, Ora, Medita
  • Troca as palmilhas dos sapatos que têm algum significado que desconheces
  • Ama a tua companheira, que ela há-de reconhecer o Amor que nutres por ela
Indaga e questiona aquilo que vês, questiona aquilo que lês, indaga sobre aquilo que ouves, aquilo que cheiras, aquilo que sentes na alma no estado de espírito ou apenas sensações da pele ou de dor ou folia, questiona sobre o que tens vestido, indaga e questiona tudo aquilo que absorves enquanto ser empírico. Fecha os olhos num retiro espiritual e raciocina enquanto animal racional que és.

Raciocina, usa a razão pura tal como referia o génio Kant, usa a razão pura, a asbtração racional para questionares sobre tudo o que te rodeia. Lembra-te, se praticares o bem, Ele recompensar-te-á na vida terrena. Questiona sobre tudo o que te rodeia, indaga sobre tudo que inalas, sobre tudo o que cheiras, sobre todas as sensações, afere sobre tudo o que te é incutido nos cinco sentidos.
Compara, analisa, escuta e questiona, lê e duvida, veste-te e observa-te.

Não duvides somente do amor que nutres pela tua amada companheira e estabelece esse matrimónio junto do estado e das igrejas.

Só há uma verdade irrefutável. Deus existe e Ele protege-te. tudo o resto é acessório.
Vive a vida feliz e harmoniosa, e viverás com a consciência tranquila por diversos anos até atingires um centenário.

O Ensino do Inglês em Portugal


O iluminismo contemporâneo pressupõe a adoração e veneração do homem enquanto ser pensante e consciencioso, renegando os preceitos éticos e religiosos para planos secundários. Tal como refere Saramago, a bíblia é não mais que um manual de maus costumes, relegando a humanidade e a filantropia, tão venerada pelos pedreiros-livres para patamares desprezíveis. Viva o iluminismo, viva a maçonaria, vivam os americanos salvadores da humanidade e defensores da democracia universal. Vivam os pedreiros-livres que libertaram os escravos e cederam às mulheres as liberdades e garantias fundamentais do ser humano.

Há mais passos a tomar. Portugal deve e tal tem que ser concretizado o mais rapidamente possível, colocar o Inglês como segunda língua oficial do estado. Sócrates já deu e muito bem, o acesso do Inglês às crianças do primeiro ciclo escolar. O Inglês já é obrigatório em qualquer emprego prestigiante, já é necessário para a conversação mais vulgar, já é a língua utilizada nos fóruns e sítios da rede sociais, mesmo entre pessoas nativas de uma língua que não a Inglesa (Portugueses a trocarem mensagens em Inglês porque fica bem e é chique).

Deveremos dar o próximo passo: Colocar o Inglês como segunda língua oficial do estado Português. Em no
me da velha aliança que temos com Sua Majestade. Se diversas ex-colónias Africanas têm o Português como língua oficial, porque é que Portugal não poderá ter o Inglês como segunda língua oficial? É simples, prático, elementar, a gramática é fácil de ensinar, é falado em todo o mundo e serve de comunicação institucional entre figuras de estado e meros cidadãos globais que tentam comunicar. Se nós somos uma colónia subliminar e latente dos Americanos e dos Ingleses que sempre adorámos dados os nossos fortes laços de amizade entre nações, porque não colocar o Inglês como segunda língua oficial do estado.

Nas ruas, nas publicidades, no parlamento e na televisão deveriam passar mais textos em Inglês, deveria ser obrigatório o sistema bilingue para comunicação institucional. Nas faculdades deveria leccionar-se somente em Inglês. No parlamento deveria apenas falar-se em Inglês. Os deputados da nação são muito arcaicos e ortodoxos ao usarem termos muito elaborados na língua Portuguesa. Deveriam vender-se mais livros em Inglês. Deveria-se obrigar as crianças da nossa escola desde muito cedo a aprender a falar a língua Inglesa. Eu acho que os jovens Portugueses deveriam praticar mais a língua Inglesa. É uma língua simples, universal e franca por natureza. Serve para comunicar a nível mundial.

As marcas, os logótipos, mesmo as marcas nacionais acho que deveriam ter mais termos provenientes do Inglês. Deveríamos ter mais termos técnicos impossíveis de traduzir para a língua Portuguesa por forma a que o Inglês fosse mais profícuo. Deveriam de existir mais publicidades em inglês. Deveriam de existir mais filmes em Inglês, considero que são escassos, por forma a que os jovens treinem mais a língua mais falado no mundo ocidental. Deveria ser obrigatório no meu ponto de vista, o Inglês, para qualquer concurso de emprego.

Considero aliás, que o espaço radiofónico Português carece de músicas cantadas em Inglês. Passam muito poucas, deveriam ser muito mais, por forma a habituar os jovens a ouvir esta língua tão aclamada a nível mundial.

Resumindo, se eu fosse regente da nação tomaria medidas certas, sensatas e moderadas para modernizar e internacionalizar o país, por forma a torná-lo uma nação produtiva. E se queremos integrarmo-nos no mercado internacional, todos sabem que o domínio do Inglês é fundamental. Tomaria as seguintes medidas enquanto governante da nação Portuguesa

  • Proibia o ensino de qualquer outra língua estrangeira, que não fosse a Inglesa
  • Obrigava os cinemas nacionais a passarem mais filmes em Inglês
  • Começaria a ensinar o Inglês, desde o primeiro ciclo, para que as crianças se ambientem ao idioma
  • Colocava quotas elevadas nas rádios para que estas fossem obrigadas a passar um certo número de horas de músicas em Inglês
  • Obrigava os deputados do parlamento da nação a falar Inglês, em certas sessões, para que os estrangeiros se inteirassem melhor do nosso panorama parlamentar e democrático
  • Obrigava que as sinaléticas públicas tivessem indicações em Inglês, para melhor ambientação dos estrangeiros
  • Forçava ou incentivava as empresa Portuguesas a usarem nomes com palavras em Inglês para que fossem mais bem aceites no mercado internacional
  • Dava fortes incentivos fiscais a escolas de Inglês, e daria cursos gratuitos ao povo em geral, e especificamente a certas profissões ou actividades como polícias, taxistas, varredores de rua, empregados dos cafés e bares em zonas turísticas como o Algarve ou Cascais. Obrigava os trabalhadores de hotéis, estações ferroviárias e aeroportos a falarem Inglês.
  • Obrigaria que qualquer concursos público tivesse cem por certo dos colaboradores da empresa em causa a falarem Inglês
  • Institucionalizava o Inglês como segunda língua oficial do estado
  • Obrigaria o Presidente da República (em cerimónias de estado internas e efemérides de renome) a falar pelos menos sessenta por cento do tempo em Inglês

Tudo em nome da mais velha aliança da história universal, que data do século catorze, entre o Reino de Portugal e o Reino de Inglaterra. Não casou o nosso Grão-Mestre de Avis, El-Rei D. João I com Filipa de Lencastre, uma inglesa, por forma a consagrar esta velha aliança. Sempre fomos povos irmãos, sempre beneficiámos com o comercio com o reino de Sua Majestade. Sempre tivemos relações institucionais amigáveis, cordiais e fraternas. A questão do mapa cor-de-rosa foi um mero desentendimento diplomática. A questão da Índia não deveremos evocar, e as perdas comerciais que tivemos com o fracassado negócio dos vinhos do Porto que exportávamos e dos tecidos Ingleses que importávamos a custos elevadíssimos foram meros detalhes contratuais.

Para terminar como governante proporia à camara dos Lordes e à câmara dos comuns, aos senhores feudais, aos mações, à nobreza Inglesa que aceitasse o Português, como sinal de retribuição institucional e fraterna, como segunda língua oficial do Reino Unido.

Good save our noble Queen

E no seguimento desta veneração generalizada, colocaria o Sr. Obama como padroeiro de Portugal. Afinal é bem mais reconhecido e fez muito mais pela paz e pelo estado Português que a Nossa Senhora da Conceição, que poucos conhecem ou que nunca ouviram falar.

Viva o Mundo Anglo-Saxónico, viva a maçonaria americana, viva Sua Majestade a Rainha de Inglaterra


Viva a língua Inglesa e todos os seus súbditos.

A Eslava divina da carne


Minhas caras e divinas donzelas
Como vos amo, nesta sofreguidão
Belas pernas, e em Frielas
Longínqua cidade: A solidão

Porque me frusta a ansiedade?
Porque se anseia a metafísica
Ter-te-ei, é a saudade
Minha dama, paixão idílica

Belas coxas, em que me perderei
Que contornos, que não alcanço
Toco-te e já não sei
Se sonho, ou se descanso

Incultas divas da carne
dos prazeres das eslavas fecundas
O ódio, a razão, são parte
das sensações mais imundas

Pois amo-vos com fatídico desejo
Checas, Polacas, Romenas
Tal a vida, é o meu ensejo
Anseio porém, mulheres amenas

Escrevo sem saber quem sou
Não conheço quem sou eu
Sou o poeta que perdurou
Através do escuro, através do breu

Minha cara amante, como és bela
como anseio o prazer do veludo
do teu corpo, tal Cinderela
contemplo-te inquieto e mudo

Atrair-me por carnais tensões
Por espiritual e sanguinário desejo
A música eleva os corações
Amar-te-ei eternamente: Prevejo

As dores das minhas palmas
dos cotovelos e ombros recalcados
Recalcam as sofridas almas
Por palmas de pés pisados

A caneta desliza soberbamente
Através de virgem e imaculada
Folha de papel, que solenemente
se entrega herege e desregrada

Entrega-se à tinta e seu sabor
Entrega-se aos versos que lhe dedico
Saboreia-se com o seu teor
Desvirtua-se, qual velho rico!

A imaculada e virginal folha
entrega-se sem oferecer luta
Tal como qualquer trolha
se delicia em escaldante puta


Questiono-me sobre a fonte inspiratória que deu a génese a estes versos, esta composição composta por diversas quadras, por certo lembro-me que ao tecer estes versos estava deitado na cama a descansar, no prelúdio febril de uma noite por dormir, e imaginava diversas e intensas sensações primordiais. Tecia estes versos com uma caneta num bloco de notas, e imaginava pedreiros-livres a observarem-me e a deliciarem-se com os meus textos empolgantes e libidinosos. Bem sei que tais seres se deliciam em festins privados com musas carnais, e eu fazia apenas uma pequena ironia literária e poética a tais aforismos que julgava como certos dos rituais libidinosos das sociedades secretas. As Eslavas, não sei ao certo se devido às similaridades silábicas nas línguas latinas e germânicas com as escravas, sempre me incutiram uma atracção inconsciente à qual nunca consegui encontrar uma raiz para tais ímpetos da libido em relação às divas do leste europeu. Mas sei-lo desde novo que os seus traços faciais degeneram no meu sangue sensações fervorosas e eruptivas que não consigo descrever. As Eslavas são atraentes, belas, alvas, astutas, inteligentes, mas confesso que depois de conhecer algumas, demonstraram ser um tanto frígidas, talvez devido às condições adversas do clima que desde há milénios têm de suportar. Por vezes a cultura das Eslavas torna-as um pouco egocêntricas, a tanger o egoísmo. Mas as suas qualidades físicas e intelectuais diria que superam qualquer mulher universal. No entanto creio que têm algumas carências morais no que concerne ao altruísmo, caridade e dedicação ao próximo. Refiro a cidadela de Frielas pois procurava eu encontrar no país onde nasci, uma beldade lusitana que me relembrasse os tempos onde contemplei alvas e esbeltas mulheres por paragens eslavas e boreais, peles cândidas e faces divinais, mas que tais dotes físicos e intelectuais fossem complementados com qualidades altruístas, caridosas, fervorosas, carinhosas e ternas das mulheres latinas. Aponto eu a ternura e o carinho como as grandes carências do foro sentimental das mulheres Eslavas. Tais qualidades, são muito mais profícuas nas deidades do sul. Pois Frielas é a cidadela onde procuro o equilíbrio. Uma fria localidade no quente país onde nasci. Encontrei e bela e formosa Nádia, com nome eslavo, traços corporais de uma eslava, traços faciais de uma latina, terna e carinhosa, qualidades sentimentais proeminentes nas mulheres austrais. A elaboração destes escritos forma em si mesma, um prelúdio do enlace afectivo que estabeleci com a bela e adorada Nádia.

À musa de Lisboa



Sendo eu um poeta de Lisboa
Porque é parca, a minha rima?
Fluxo inspiratório: A concubina
que observo, e me atordoa

Camões, Bocage e Pessoa
Poetas da génese, feminina
Contemplo a face mais divina
que me inspira, e me afeiçoa

Observo os traços magicais
Sublimes gestos, com que suspiro
Hirtos seios divinais

Douto Poeta, mero indivíduo
Nádegas fenomenais
Dedico-lhe este soberbo hino


O Império Maléfico


Observo o império maléfico
Ateu, libertário, horrendo
Geram no mundo tormento
Com o seu arsenal pérfido

Proclama o seu líder herético
que vê o pobre gemendo
que vê o fraco sofrendo
que morre de fome esquelético

Iraque, Síria, Irão
Nações a destruir
China, Coreia, Japão

Dos átomos vão usufruir
E da austera destra mão
Os povos vão sucumbir



Novo Mundo tão imundo
Pérfido, Ímpio, Fugaz
O Poder é o que te apraz
nesse recanto soturno

És um império Moribundo
Podre és, foste e serás
O Novo Império é quem jaz
no túmulo mais profundo

Os outros são te indiferentes
O Capital, a primazia
Pérfidos descrentes

Só evocas a alegria
Quando falas, apenas mentes
É parca a tua euforia

O iniciado Português


A iniciação

Tinha as pernas abertas, as nádegas assentavam sobre uma maca branca, e o cenário era horrendo, hediondo. Uma lâmina acutilante perfurava-lhe o interior das coxas, devagar, suavemente, lentamente a ponta de uma espécie de bisturi ia-lhe perfurando e trespassando uma das zonas mais sensíveis do corpo, o interior das coxas. As pernas estavam arqueadas e abertas, os pés estavam unidos e a posição relembra um ritual sa
crificial, tortuoso, inconcebível ao mais comum dos mortais, aos profanos que por certo não estão preparados para acolher certos ideais iniciáticos.

A lâmina afiada, acutilante, aguçada, aguda continua a rasgar a pele. Vai desde o baixo ventre, atravessa a zona das virilhas e chega à extremidade dos joelhos, sempre pelo interior das pernas, depois passa para a zona dos gémeos. A lâmina é incisiva, perfurante a deixa um rasto de pasta liquefeita de tom avermelhado, presumindo-se ser sangue. Depois a ponta do bisturi chega à zona do calcanhar, dirigindo-se para a zona da planta do pé. O corte na planta do pé é profundo e a dor é insuportável, a tortura é atroz, dirão as mentes mais sensíveis, mas o ritual é imprescindível dadas as vicissitudes da situação. A ponta da lâmina dirige-se agora para a planta do outro pé e toma o caminho ascendente pela outra perna até à zona do umbigo.

A boca do iniciado encontra-se amordaçada com uma rédea própria para a zona da face. Tapa-lhe a boca não o deixando sequer suspirar. A dor é inimaginável, é atroz e hedionda, forte e compulsiva, o individuo entra imediatamente em espasmos e convoluções, torce-se, estica-se, mas o seu corpo permanece firme preso pelas correias que o seguram. Mas a que se deve tal cenário que o comum dos mortais imaginava ver apenas em cenas inquisitórias da idade média? A resposta é deveras muito simples, trata-se do método iniciático associado a todas as sociedades secretas. De seguida vêm as agulhas, as suas temperaturas são extremamente ferventes, são escaldantes, a cerca de cento e cinquenta graus cada uma, estão inseridas numa caixa firme que as suporta e que tem a forma, a silhueta da parte frontal do corpo humano de pernas abertas com os pés juntos. As agulhas estão hirtas e firmes, fervorosas, escaldantes e ferventes aproximam a sua extremidade ao corpo do homem jovem que se encontra na maca. A outra extremidade das agulhas encontra-se ligada a um dispositivo electrónico que gera corrente eléctrica e sendo as agulhas de metal os electrões impulsionados por forças físicas até recentemente ocultas estão prontos a dirigir-se a velocidades luminosas pelo parco e frágil corpo do homem.

O suporte que sustenta as agulhas desce lentamente, e estas num estado fervente começam a perfurar a carne. O homem contorce-se, treme, torce-se, geme, mas as agulhas já perfuraram, e os electrões sequiosos de um corpo condutor, que formam cargas positivas e negativas nas extremidades das agulhas, começam a fluir pela carne tenra. A corrente eléctrica é enorme e fugaz, é impulsiva, ora tem picos cujos valores debitam elevados amperes ora tem baixios que não provocam dores, é a tão denominada corrente alternada, mas aqui com uma frequência muito baixa perceptível ao jovem que é torturado. O mais banal dos profanos não consegue encontrar a génese para tanto sofrimento, mas a resposta é deveras simples. Encontra-se nas teorias de diversos estudiosos no foro da psicologia; é preciso explicar através da experiência dolorosa que certos actos são assim puníveis se por acaso o novo homem se desvirtuar.

O homem novo vai ser absorvido pela sociedade secreta, e vai ter acesso a conhecimentos que são desconhecidos aos comuns dos profanos, precisa de ser ensinado que certas atitudes desviantes são punidas com a dor extrema. Só assim pensam os iniciados, os mesmos que já passaram pelo mesmo processo, se atinge a rectitude e a obediência. Mas porquê este homem está a ser torturado, está a passar por este processo tortuoso? É um homem recto, probo, íntegro, vertical, inteligente. É por isso mesmo. Este mesmo jovem já era observado secreta e muito discretamente pelos iniciados há cerca de dez anos. Observavam-no, vigiavam secretamente os seus movimentos, as suas atitudes, os seus escritos, as suas relações pessoais, mas sempre muito discretamente, e asseveraram-se que este homem era bondoso e caridoso, e que mais tarde haveria de ser um dos iniciados. E como o colocaram nesta maca branca?

Deus é perfeito e criou o homem à Sua semelhança, mas há que tentar compreender a que imperfeição humana faz parte da perfeição divina.

O homem, tem sempre um ponto fraco, algo por revelar, algo que não transmite ao seu mais próximo. O homem tem sempre algo secreto, um pequeno pecado mortal luxuriante, uma transgressão ética ou moral, ou se deixa secretamente atrair por outros seres do mesmo sexo, ou frequenta discretamente lupanares entregando-se aos prazeres da carne, ou vagamente corrompe, ou inala ocasionalmente substâncias ilícitas, ou num momento de maior angústia e sofrimento, desrespeita os amigos e a família; e estas sociedades que o observavam secreta e discretamente, colaboraram para que o homem se afundasse no vale sensorial e pecaminoso para que o apanhassem num momento ímpio de delírio emocional. 


Será que o homem novo tinha tendências homossexuais recalcadas, será que tinha desejo, sendo probo e recto, de se envolver com alguma luxuriante e voluptuosa concubina, será que o homem num momento de desespero emocional se entregou aos vícios da droga, será que corrompeu? Os iniciados provocaram o evento, desencadearam a captura. O homem novo, quando ainda profano, revivia energicamente todos aqueles anúncios apelativos de musas a trocarem momentos de prazer a troco de numerários acessíveis à sua condição financeira, o homem intrigava-se e vivia num dilema moral. Será que se devia entregar aos prazeres da carne com uma musa voluptuosa que pedia única e exclusivamente como retorno umas poucas quantias numerárias? Folheia o jornal, e depara-se com um éden maravilhoso, centenas de sereias de portos de abrigo, sereias de terra seca, incutiam no homem sensações luxuriantes, sensações vigorantes, viçosas, que o exuberavam interiormente. Folheava o jornal diariamente, e questionava-se se tais actos seriam puníveis pelo todo o poderosos, pela divindade que acreditava, questionava-se se tais actos eram reprimíveis pela conduta social, intrigava-se interiormente se se deveria entregar a actos libidinosos com uma deusa, não por afecto ou por amor, mas pura e simplesmente por tensão carnal. Vivia num dilema interior, será que os ímpetos primordiais, será que os ensejos primários deveriam subjugar o intelecto e a razão? Será que a besta, relembrando aquela clássica dicotomia entre a besta e o anjo; será que a besta se deveria sublevar rechaçando a razão para patamares inferiores? Grandes homens da ciência haviam morrido virgens! Grandes filósofos e teólogos haviam perecido às mãos do divino sem nunca terem presenciado as ímpias sensações do foro corporal! E o homem intriga-se, sendo inexperiente ele também no domínio das sensações erógenas, e não tendo companheira com a qual pudesse partilhar os momentos amorosos, intrigava-se se se poderia entregar aos prazeres imundos da libido. E os iniciados que o observavam sabiam-no, observavam-no secretamente e sabiam-no, sabiam tudo sobre o novo homem, e sabiam mais sobre o ego e as sensações do homem, que ele próprio sabia sobre si mesmo. Com todos estes conhecimentos, os iniciados da ordem secreta prepararam a cilada, a captura para o processo iniciático.

Dias antes os iniciados haviam capturado e sucumbido aos seus preceitos uma mulher deveras bela e formosa. Seria o chamariz perfeito! A sua beleza observava os tratados divinais mais exigentes. As linhas do seu corpo, obedeciam não só aos preceitos luxuriantes mais exigentes, mas mais importante ainda, estavam de acordo com os desejos singulares do homem a capturar. Haviam estudado os prazeres e os gostos pessoais do homem a iniciar, haviam indagado sobre o tipo de mulher que mais lhe aprazia. O nome obedeceria a preceitos numerológicos ocultos que incutiriam no novo homem o desejo insaciável. O nome seria Cátia, nome luxuriante, que começa com uma consoante forte, terceira letra do alfabeto e por sinal sendo a terceira evoca a fertilidade associada ao número três. A onomástica é uma das ciências que os iniciados bem conhecem, mas não apreciam revelá-la aos profanos. O número de contacto da meretriz, teria que ser apelativo, lembrando aqueles anúncios publicitários que passam normalmente de madrugada na televisão onde o número seis está bem presente. O seis é um número, que por exemplo nas línguas germânicas, é luxuriante dada a similaridade silábica com o acto fervoroso da concepção. A frase a publicar no jornal seria apelativa e irrecusável, e a meretriz, ciosa da sua função de chamariz, atenderia apenas aquele número específico, o número do celular do homem a iniciar. Haviam sido criadas as condições perfeitas para que o homem se sentisse atraído por aquele contacto específico. O anúncio seria um dos primeiros do jornal e com lugar destacado. Os iniciados conheciam muito bem aquilo que atraía o homem, conheciam-no bem, eram sabedores e estavam bem cientes dos seus desejos mais interiores, conheciam a sua alma e os devaneios do seu ego.

Um telefone móvel, colocado em cima de um pequeno armário vibra, apela aos seus possuidores que se movam na sua direcção. Cátia, ciente da sua tarefa, e já bem treinada pelos iniciados, atende com uma voz luxuriante a chamada do homem a iniciar. A voz da meretriz era singular, tinha sonoridades que incutiam nos homens as sensações mais primárias, a voz sensual feminina possuía frequências auditivas que ressoavam e vibravam com o interior do homem mais fervoroso. Depois de atendido o telefonema, deu-se o primeiro passo, a conversa era deveras sublime, sensual, tinha frases cheias de carga erótica, onde se estabeleciam as normas contratuais do acto a consumar, estabelecia-se o local da perversão, o numerário, e as posições mais atraentes e libidinosas. O homem sentia-se constrangido, inibido, falava pausada e nervosamente sobre todas as normas que haveriam de ser estabelecidas sobre a sua iniciação nos actos lascivos do corpo. Era a troca de termos e sensações auditivas que ansiara desde há vários anos, queria estabelecer um contacto erógeno com uma sereia dos sentidos carnais, já há várias Primaveras. Estabelece-se o local a hora combinadas, estabelece-se o numerário, estabelece-se as condições do acto propriamente dito.

Chegado o dia do acto luxuriante, no local e hora estabelecidas, dá-se o impacto, a entrega à lascívia, os corpos unem-se num acto nada afectivo, nada carinhoso, dá-se o impacto, a confrontação carnal, os deuses que proclamam e reiteram sobre todas as normas morais por certo se sentiriam indignados com tamanho ultraje sobre a conduta moral de um homem supostamente probo. Dá-se a confrontação corporal. Os corpos unem-se, e o homem, nervoso, constrangido moralmente, entrega-se aos beijos de uma concubina que o coloca num estado eruptivo, quer psicologicamente, quer libidinosamente. Os beijos são ardentes, os toques das mãos são exuberantes, envolvem-se num acto conspicuamente mútuo e enérgico. Abraçam-se, os corpos entrelaçam-se, as pernas cruzam-se, e Cátia sacia o desejo mais ardente do homem que se inicia agora nos desígnios da carne. A tensão aumenta de forma exponencial, frases eróticas são permutadas por estes dois seres de sexo oposto que se unem num quarto de uma qualquer pensão da cidade. O desejo é solto no mais alto dos sentidos, sem que qualquer reprimenda moral o iniba, o homem solta-se, liberta-se dos constrangimentos colocados pela sociedade, e a viçosa concubina exacerba ainda mais os ímpetos do homem a iniciar. A tensão aumenta, e num estágio final o clímax é atingido. É a este momento posterior ao acto quase bélico da libido, que são dedicadas todas as epopeias, todas as odes, todos os revigorantes épicos, é a este momento de apoteose colectiva que se aplaudem as mais extaseantes sinfonias dos mais ilustres compositores. É neste momento de arrebatamento e de enlevo emocional, que os pianistas suados devido aos vários minutos em frente ao piano a interpretar uma sonata, enérgica e violentamente pressionam as teclas e se demovem em espasmos emocionais, com a conclusão alcançada no final da mesma. O êxtase tinha sido atingido, e o homem era já um iniciado no campo do desejo carnal. Mas ainda não era iniciado no campo do transcendental e do oculto. Para tal, haveriam de ser os iniciados da ordem secreta, a fazer com que o novo homem passasse para o campo do oculto. E para tal uma concubina é apenas um chamariz. Uma meretriz pode eventualmente ser o passo para a iniciação carnal, mas não o é para a iniciação no campo das ciências ocultas.

O homem encontra-se deitado com Cátia, encontra-se relaxado, tem uma conversa circunstancial. De repente entram três homens encapuzados e armados com facas e armas de fogo. Proferem palavras agressivas atentórias a qualquer ser humano. Gritam, vociferam termos incutidos de raiva e cólera. Dizem estar a mando do proxeneta de Cátia e gritam com ela alegando que a matam e a estripam por esta não pagar a quantia necessária ao proxeneta. O homem é também ameaçado de morte, e ele diz ter dinheiro para saldar a sua dívida. Cátia desesperada diz que no momento não tem condições financeiras para saldar a sua dívida. Os homens armados ignoram o seu suplício e um deles puxa o gatilho. A bala viaja a velocidades enormes e cheia de energia cinética, pois esta é proporcional ao quadrado da velocidade e apenas linearmente proporcional à massa da bala. O peso da bala é insignificante, o factor essencial é a sua velocidade. A bala que depois de sair da câmara da arma viaja até à testa de Cátia e trespassa-a, entra no cérebro mole da jovem com facilidade, e sai pela nuca da pobre rapariga. Para os iniciados, Cátia era um chamariz dispensável, pois o objectivo maior seria assustar e capturar o homem a iniciar. A ele dão-lhe uma pancada na cabeça de lado e este desmaia e fica inconsciente. Acorda mais tarde numa maca branca onde é severamente torturado e molestado, onde as suas pernas são cortadas com bisturis e o seu corpo é trespassado por agulhas com potencias eléctricos. O torturador diz sempre que o há-de matar no final do processo, e homem apenas pede a morte o mais rapidamente possível; pensa energicamente que quer morrer. Num pequeno momento o torturador tira a rédea que tapa a boca do iniciado, e este suplica cheio de energia para que o matem de uma vez, dada a dor que está a sentir. Grita, suplica que quer a morte, apenas a morte lhe trará paz e sossego e não mais a continuação daquele sofrimento insuportável. O homem finalmente é sedado e adormece.

Acorda numa sala onde vários ilustres o rodeiam e um deles diz serenamente:
- Bem-vindo meu caro, agora que já pediste para morrer, nós conscienciosos do teu suplício decidimos aceder ao teu pedido.
O novo homem observa-se e apercebe-se que está vivo, que ainda está vivo, e que aliás deveriam ter passado muitas horas ou talvez dias, pois as feridas haviam todas sarado. O mestre afirma novamente:
- Tu estás vivo, porque renasceste, aqui serás baptizado, terás um novo nome, novos princípios. Passaste pelo processo de iniciação, agora serás um de nós. Farás parte da ordem. Percebe meu caro, que desde tempos imemoráveis que os homens se unem em tribos, classes, grupos étnicos, unem-se porque têm algo em comum que apreciam partilhar. Mas quando partilham sabedoria que não é compreendida ao comum dos profanos, o processo iniciático tem que ser penoso.
Desculpa caro irmão, todas as ordens têm processos iniciáticos, os católicos têm o baptismo onde as cabeças dos iniciados dos bebés são inseridas em água benta, os judeus têm a circuncisão, certas tribos onde se idolatram os jacarés aos novos membros é cortada a carne na zona dorsal para que se assemelhe a um jacaré. Acharias meu caro, que por acaso nas sociedades ocidentais mais desenvolvidas não haveriam processos iniciáticos no saber. Os grandes mestres foram iniciados, os grandes músicos e pintores, os grandes cientistas. Nós não tememos o divino, regemo-nos pura e simplesmente pela razão, pelos valores do iluminismo. A arte e a ciência são os nossos ícones meu caro, e tu sendo bondoso e probo soubemos valorizar-te a rectidão, como tal queríamos que fosses um de nós. Não o encares como uma absorção, mas como um abraço colectivo. Aqui serás protegido, serás encarado como um irmão, como um de nós
- E a Cátia, a mulher com que me envolvi emocionalmente.
- Não me interpretes mal, meu caro, mas a mulher voluptuosa com que te envolveste seria apenas o isco para que te trouxéssemos até junto de nós. Não me leves a mal, meu caro, mas a tua entidade, era bem mais importante que a vida da Cátia. Compreendo a tua preocupação, mas a tua relação com a rapariga foi meramente carnal. Ajudar-te-emos a encontrar uma companheira que ames, e que sacie também os teus ímpetos da libido. O saber que aqui encontrarás é secreto, foi transmitido de gerações em gerações desde há milénios, sem nunca ter sido colocado nas mãos de profanos, exactamente porque entre nós pratica-se algo muito importante que é a obediência. A obediência proclama que nunca transmitirás para o exterior o que vires ou o que aprenderes aqui. E se tal se proceder, que bem sei que nunca irá acontecer, e
que se contam pelos dedos de uma mão os casos que aconteceram desde há milénios, se tal acontecer; bem, creio que já presenciaste o suficiente para te aperceberes para as consequências dos actos desviantes. A dor que te incutimos serviu apenas para te mostrar meu caro, para fazer com que a tua psique se reja por princípios inesquecíveis de rectitude. Não o encares como um processo maquiavélico, encara-o, se quiseres meu caro, como um ensinamento corporal. Agora farás parte de nós, ajudar-te-emos em tudo o que precisas, temos os nossos contactos, temos os nossos meios. Pergunto-te meu caro, estás disposto a receber-nos assim como nós estamos carinhosamente dispostos a acolher-te?
Um silêncio gelado atravessa o salão, o novo homem responde:
- Sim, estou.
Ouvem-se palmas sublimes de homens mascarados e todos se dirigem ao novo homem, cada um cumprimenta-o e profere um bem-vindo. O mestre aproxima-se e diz para que todos o ouçam:
- Bem-vindo irmão, terás agora que fazer um pequeno juramento.
As instruções do juramento a efectuar são entregues ao novo homem, através de um papiro, o homem lê-o lentamente, passam alguns minutos e depois profere de forma calma:
- Juro defender a pátria portuguesa, a cultura e a língua portuguesas, professo os valores da igualdade, fraternidade e liberdade, juro defender os valores intrínsecos a esta nova ordem que me acolhe, juro defender todos os valores consagrados na nossa constituição, juro preservar de forma inequívoca os valores da língua de Camões e transmitir todos estes preceitos às gerações vindouras. Juro defender a integridade do estado, da nação e de todas as ordens similares à nossa no campo internacional. Concluindo, juro reger-me por um comportamento digno e obediente às normas aqui estabelecidas.


Trinta anos depois - A subjugação

O homem já deixou de ser novo, carrega consigo algumas pequenas rugas, a velhice não é avançada, mas a sua idade ronda agora os cinquenta anos, já subiu vários patamares na hierarquia da ordem que o acolheu. Já teve cargos importantes quer no
campo político, quer no campo económico. Continuou a reger-se por padrões de integridade e de probidade. A sua conta bancária subiu significativamente desde que foi iniciado, tentou sempre pautar a sua doutrina pelos valores que havia jurado trinta anos antes. Escreveu vários livros, onde emancipou no campo internacional a cultura portuguesa. Foi sempre obediente aos preceitos que havia jurado e nunca ousou divulgar aquilo que presenciara nas reuniões secretas onde havia estado, nem nunca divulgou os ensinamentos ocultos que tinha assimilado ao longo destes trinta anos. Teve vários casos amorosos, conheceu várias raparigas e envolveu-se com muitas delas, mas tentou sempre ser fiel e honesto com cada uma delas, enchendo-as de paixão e amor quase platónico. Casou, sendo sempre fiel no mundo profano à sua esposa, mas em festins secretos deixava que a sua libido se entregasse aos prazeres carnais com várias parceiras pertencentes à mesma ordem, em rituais que se assemelhariam a uma homenagem ao antigo deus romano da ebriedade.

Uma manhã cedo o homem acorda, tendo a esposa a seu lado e liga o rádio. Ouve aquelas sonoridades estrangeiras, música anglo-saxónica, tudo músicas cantadas em Inglês com aquelas batidas apelativas ao ego dos indivíduos. A música cantada nesta l
íngua e com estas sonoridades é quase omnipresente no espaço radiofónico nacional e o homem sente-se intrigado com o juramento que havia feito trinta anos antes. Continua a ouvir a mesma música e muda de estação, mas em Português ouve apenas palavras, comentadores políticos, sempre a mesma monotonia, ouve raramente uma música cantada na língua camoniana e volta a ouvir novamente músicas de traços primordiais cantadas na língua de Sua Majestade. Apercebe-se que os jovens idolatram este género musical, as gerações vindouras não mais valorizarão a cultura que havia assimilado. Os nomes dos estabelecimentos comerciais evocam todos essa língua estrangeira, as cadeias de restaurantes estão repletas de termos anglo-saxónicos e nos cinemas os filmes têm todos origem no novo mundo sempre falados na mesma língua, e até quando são filmes nacionais é escolhida uma língua estrangeira para os representar. 


Volta-se para a mulher, olha-a firmemente nos olhos e profere as ternas palavras:
- Dir-te-ei sempre na nossa amada língua: Amo-te.

À cândida e voluptuosa framboesa


Minha Nádia, minha doce Princesa
perco-me nos teus braços
envolvo-me em teus abraços
Saboreio-te, adocicada framboesa

Elevo-te, na mais alta nobreza
Apaixono-me pelos teus traços
faciais, damos os sublimes laços
És quem me renega a tristeza

Lábios voluptuosos
A face é carnuda
Seios mais formosos

A tua pele é de uma alvura
Castanhos olhos libidinosos
És o exemplo clássico da candura

Memórias de um prelúdio matrimonial eterno


Caro primo Nuno Ricardo de Araújo Lopes.

Agora que já te encontras num estado matrimonial, queria parabenizar-te pelo enlace afectivo e institucional que realizaste. É um marco importantíssimo na tua história pessoal e afectiva.

Adorei a tua despedida de solteiro e principalmente o maravilhoso dia do teu casamento na idílica quinta do Convento. É um lugar maravilhoso e magnífico. Deixei um parco escrito, numa página no livro de homenagem à união realizada entre ti e a Filipa. O discurso que realizaste foi soberbo e sublime, carregado de ternura, afecto, paixão e respeito, enfim, resume aquilo a que os clássicos denominaram por Verdadeiro Amor.

Espero sinceramente que a união que estabeleceram seja perene, intemporal e que fique gravada nos anais da História Universal.

A cerimónia esteve fenomenal, carregada de condimentos festivos inigualáveis nos quais se incluem os factores gastronómicos, dispersos por vários pratos requintados e deveras saborosos. A consagração institucional do enlace, apesar de ter tido pouca visibilidade aos convidados, e de ter sido restringida a um espaço um pouco melancólico dada a patente carência luminosa, foi delicada, sublime e dotada de um discurso por ti proferido que marcou certamente o evento. As entradas gastronómicas no jardim inferior da quinta estiveram deliciosas, desde os crocantes rissóis até à amalgama deleitável de farinheira e enchidos de morcela, passando pelos divinos sucos de laranja e poções alcoólicas que deixaram ébrios diversos convidados.

O almoço esteve maravilhoso, os menus eram requintados, nos quais se incluíam o prato de peixe com brócolos a vapor e o prato de lombinhos de porco regados com mel e um esparregado maravilhoso acompanhado com arroz Árabe, cujo gastronímio se deve às fabulosas passas que recheavam o mesmo.

O bar esteve sempre presente nos meus tempos amorfos, onde pude inalar um pouco da funesta nicotina, ao desfrutar de um cigarro requisitado ao meu irmão ou à tua terna irmã Margarida, ou onde pude apreciar uma bebida gaseificada que me ajudou a digerir o farto almoço.

A festa musical subsequente esteve fantástica, pude observar os mais maduros e os jovens a se envolverem num êxtase emotivo que os levou a bailar de forma arrítmica, pois muitos deles pareciam descontextualizados com a música pouco convencional dado o objectivo da efeméride, mas muitos outros, e por certo a maioria deles, deleitaram-se maravilhosamente com os ímpetos primários da música de proveniência anglo-saxónica que puderam escutar. Os movimentos dançarinos dos convidados, apesar de pouco estandardizados ou padronizados, deram uma folia e alegria inigualáveis ao evento.

A sessão de fotografias projectadas na tela esteve soberba, e reencaminhou-nos para sentimentos nostálgicos dos quais não nutria há anos. A mesa de salgados esteve fantástica e a doçaria esteve, tal como o termo sugere, docemente açucarada, onde me pude deliciar ou com uma cremosa musse de chocolate ou com um bem consistente doce de bolo de queijo, a que os fanáticos seguidores da língua de Sua Majestade denominam por cheese cake. Perdão pelo meu exacerbado nacionalismo cultural e linguístico, mas prefiro denominar esse fantástico item da doçaria internacional presente no banquete e com o qual tive o prazer de me deleitar, como Doce de Bolo de Queijo. Aproveito aqui a ocasião também para elaborar um pequeno reparo ao teu discurso afectivo, pois entoaste um termo de proveniência anglo-saxónica que tem um claro paralelismo no léxico Português; refiro-me a sexy, por certo que o termo sensual seria muito mais abonatório à língua camoniana e daria mais ênfase ao discurso amoroso.

Revi também familiares e amigos com os quais não dialogava e confraternizava há muito tempo. O teu casamento serviu também para reavivar as memórias familiares e amicais. Foi um dia maravilhoso e creio bastante importante no teu trilho vivencial. E como não me pude despedir de ti no casamento, aproveito para te enviar esta humilde missiva como forma de te agradecer o magnífico dia que me proporcionaste.

Serve esta humilde, mas honesta missiva também, para aflorar os momentos de maior relevo que pude desfrutar na tua presença, e para que fique grafada na tua linha temporal e vivencial a forma como eu preferi te parabentiar e te agradecer.

Finalizo, tal como comecei, parabenizando-te caro Primo, pelo marco histórico que realizaste na tua vida ao consagrares o enlace afectivo e institucional com a Filipa.

Muitos Parabéns para ti e para a Filipa.

Um grande abraço fraterno.

João Filipe Pimentel Ferreira
O eterno Primo