Mar Salgado


Pessoa foi o Místico
foi o Profeta
foi o Mago
foi o Poeta Iniciado

Bocage foi desregrado
foi eternamente exuberado
foi arrojado
e mal amado

Florbela escreveu um verso apaixonado
e um soneto enamorado
enquanto Ary em Abril plantou um cravo
com um texto revoltado

Pessoa no Martinho está opiado
e embriagado
enquanto escreve D. Sebastião, o enublado
O desejado

Florbela escreve um verso mal fadado
Ary plantou um cravo

Camões é o excelso, é o Augusto
O Lusitano, o iluminado
escreve a epopeia do navegante
que atravessou o cabo

Pessoa foi o Mago
Deus o agente, D. Sebastião o adorado

E Florbela,
seu cruel fado

E Bocage, um homem dado
aos prazeres do vinho e do pecado
e às belas sereias do Sado

Pois sou eu o Poeta Augusto
O Combatente
Uso a caneta ilustre
Sou o fiel crente

Que vencerá os déspotas do Mal
Que aos gentios dará o nobre sinal

Que cumprirá o mar salgado
e Portugal

À casta e sensual Lúcia


Sois Lúcia, nome de casta santa beatificada
Amar-vos-ei, minha mulher, para a eternidade
quando o nosso matrimónio, celebra a trindade
Sois bela, voluptuosa, exuberante e a mais amada

E os abraços que trocávamos, na madrugada
Cheios de paixão fogosa e mutualidade
do primeiro beijo, que nos remete, para a saudade
Sempre fostes a ansiada, e a desejada

Sou José, o pai biológico do Messias
Sois Lúcia, a nobre mulher mais formosa
Por ti venço batalhas, titãs e até Golias

Por ti executo a acção mais dura e mais honrosa
Amo-te Lúcia, em nossas sacras eucaristias
Das Mulheres, és Afrodite, a eleita, a mais briosa.


José Pinto Camargo

Bom Natal


Caríssimos

Queria apenas aproveitar esta efeméride natalícia claramente festiva para evocar os fenómenos astronómicos do solstício de Inverno, cristianizados com o nascimento do Messias, e com os valores da família, da paz e da harmonia, posteriormente deturpados com a forte divulgação e comercialização da coca-cola e do pai Natal vermelho.

Sendo o Natal um fenómeno essencialmente de ausência natural de luz pois decorre perto do solstício de Inverno, o dia cuja luz solar é a mais diminuta do ano, remete-nos naturalmente para a introspecção e para a interioridade, para o egocentrismo altruísta e para a reflexão interior, que por abrangimento lógico podem ser generalizados para a paz, harmonia, felicidade e num sentido mais colectivo para a família, a caridade, a solidariedade e a filantropia.

No seguimento deste raciocínio queria desejar-vos a todos vós um santo Natal junto daqueles que mais amam e estimam e não se percam em prendas desmesuradas nem em azáfamas em centros onde o comércio e a moeda são profícuos, pois lembrai-vos que o Natal é esotericamente uma efeméride da família e da harmonia, e não uma celebração do comércio. 

Que a dádiva natalícia seja muito mais que apenas a vulgar prenda!

A todos vós um harmonioso Natal e um próspero ano Novo


João Pimentel Ferreira
+351 934138888

Davi e Golias


A besta soltar-se-ia
na efeméride milenar
e no auspício lunar
o Profeta surgiria

Ridicularizar-no-iam
E no auge solar
propalando o verbo amar
a sacra batalha venceria

Relembremo-nos de Davi
Como venceu Golias
Vejam os homens o que eu vi!

Ó grão-vil quem tu ferias
lembrar-se-á de mim,
Sou Cristão nas Mourarias

Duas Torres


As duas austeras torres ruíram
a mando da ímpia secreta ordem
causando o horror e a desordem
E os fiéis do Islão, eles puniram

Os generais do império agiram
com bombas, mísseis e desdém
contra todo aquele que a Fé tem
e o Afeganistão invadiram

Um acto de auto-flagelo
para que todos os observassem
queriam servir de modelo

para os párias que passassem
Tornaram-se num pesadelo
Para os livres Homens que indagassem.

Pequena egobiografia Polaca


João Pimentel Ferreira é um poeta exuberante, e permitir-me-á o douto leitor versado na língua Polaca, que eu faça a escrita desta missiva sem público alvo na primeira pessoa do singular, mas eu confesso que com as paragens e doutrinas polacas guardo memórias contraditórias e díspares emocionalmente. Eu considero-me um excelso e magno Poeta pois fazem parte de mim as características que eu próprio em tempos defini como caracterizantes do Poeta augusto: Inteligência, Plebeísmo, Literacia e Feminilidade.

Em tempos fui plebeu, nasci num humilde bairro de Lisboa à beira-mar denominado Marvila, as gentes eram pobres, os miúdos agressivos provenientes das ex-colónias africanas do império Luso, e outros de paragens beirãs, bucólicas do interior mais pobre de Portugal. Da infância na escola pública pouco há a reter, apenas momentos de extrema agressividade e violência, que por certo marcaram o homem que hoje sou, moldaram a personalidade que formo, não para melhor ou para pior, mas para diferente. Alguém disse em tempos que a guerra não torna o homem mais nobre, torna o homem num cão selvagem e agressivo. Resta-nos a razão e a consciência para moldar estas maleitas da memória cognitiva e transformar-nos em homens superiores, tal como preconizavam os filósofos alemães. Mas sempre plebeu, pois esta condição de parca abundância e de vivência humilde serviu bastante para valorizar as relações interpessoais e colocá-las no altar mais sacramental dos valores humanos.

Considero-me moderadamente inteligente, não sendo um génio nem genial. Sempre tive boas notas na escola pública nas turmas onde fui discente mas tal não seria tarefa difícil dadas as condições menores que a turma proporcionava do ponto de vista lectivo. A discência decorreu com normalidade nos moldes que foram apresentados. Os tutores oscilavam entre o medíocre e o soberbo, típico de uma escola pública, os alunos não respeitavam o mestre e a assimilação do saber fazia-se com cautela e moderação. No entanto formou a minha condição humana e a escola pública deu-me os pilares estruturais e basilares para assimilar muito mais conhecimento dada a minha nata curiosidade. Considero-me moderadamente inteligente, sem ser génio ou genial. Em tempos ganhei um prémio de umas olimpíadas de Matemática, matéria que sempre gostei e apreciei.

Considero-me literato, um homem plebeu deve a sua literacia à República. Sendo eu completamente avesso a todos os princípios maçónicos pois estas ordens perpetraram os maiores genocídios do mundo e conspiraram para destruir tudo o que estava harmoniosamente estabelecido, no entanto se hoje sou um homem literato sendo plebeu devo-o à República, pois esta instituiu o saber como pilar mestre do estado. Os patrícios e os aristocratas já tinham acesso ao saber, mas os plebeus, o povo, começou a ter educação com a república e sendo eu um mero plebeu, devo a minha literacia à escola pública. Depois a curiosidade nata fez-me querer saber mais e muito mais, fez-me querer saber a verdade e tão-somente a verdade e apenas a pura das verdades realmente interessa tal como preambulava Schopenhauer na sua metafísica do amor. A literacia advém da curiosidade pelo saber.

A feminilidade advém da terna educação que fui tendo da minha adorada progenitora, que me marcou fortemente e da sua personalidade ora forte, ora frágil, e por vezes emocionalmente conturbada que me influenciou bastante e que me tornou neste homem emocionalmente arrebatado e de sensações fortes e extremas.

Caro leitor Polaco, já visitei diversas cidades europeias, diversos países e também já pernoitei por paragens polacas em casa de uma acolhedora amiga que habitava em Varsóvia. Mas Varsóvia tornou-se num trauma, como se eu tivesse sido invadido por uma Blitzkrieg que me assolou a espinha e o sistema nervoso central, desviei-me dos princípios basilares que me tornam num homem são e metamorfoseei-me num qualquer moribundo que deambula na cidade completamente perdido e sem apoio. Parece que me queria esconder num gueto, encrostar-me em mim mesmo para me proteger em Varsóvia, mas o ataque Nazi ao gueto de Varsóvia foi tão letal e sanguinário que fiquei completamente destroçado pela experiência varsoviana. A minha mente adulterou-se e perdi os sentidos e o trauma formou-se.

Não nego no entanto que a beleza das mulheres polacas exubere quaisquer erógenos sentidos masculinos, pois os seus traços corporais e faciais indo-europeus obedecem aos mais nobres tratados da beleza universal. Os olhos azuis e os cabelos loiros caracterizam a candura e a pureza.

Sou um magno Poeta viajado, tendo habitado um ano por paragens nórdicas em Estocolmo, que me possibilitaram muito conhecer diversas esplendorosas cidades europeias.

Espero que tenha apreciado esta biografia na primeira pessoa, pouco ortodoxa e volte sempre ao meu sítio cibernético caro internauta polaco, ou mero conhecedor desta magna língua eslava.

Extremamente agradecido pela sua cordial visita, desejo-lhe que volte sempre.

Força libertária


Instigam os homens à clausura
ao terror, ao ódio e à chacina
Há mil anos escreveu Deus a minha sina
“Destronarás o titã da ditadura”

Incutem-me a folia e a loucura
Presentearam-me com uma menina
que muito amo, moça tão fina
Não cumpro os pactos da diabrura

Libertarei os povos do Cosmos
As algemas serão cortadas
Os Baptismos por mares mornos

Pelas minhas mãos consagradas
Vinde ricos, vinde pobres
Encontrareis as alvoradas



Filipe Pimentel

Repto público ao mui execrável e vil grão-mestre da ordem maçónica americana e internacional


Não vos tratarei por caríssimo, pois não mereceis a insígnia com que trato todos os meus confrades ou meras figuras a quem dirijo a palavra.

Tratar-vos-ei de adiante por execrável, pois sei-o bem que sois um homem execrável. Sei o género, não sei a idade, pois por certo tem havido uma certa regeneração maléfica no comando da ordem que liderais. Tens praticado maldades mundiais, sois tudo o que os ecuménicos religiosos em tempos definiram como satânico. Sois despótico, imundo, ditador, sanguinário, maquiavélico e terrorista.

Tentais a minha destruição desde 2002, e tendes aniquilado muitas pessoas de boa índole para o conseguirdes, julgais que mantereis a vossa impunidade para a eternidade, mas assim não o será, pois vós, assim como a ordem que liderais é efémera, é caduca.

Sois um homem, sei o género, falais Inglês e Francês, lestes os grandes clássicos da literatura, tivestes uma infância feliz, devereis ter sido um nobre sem carências que se tornou num adulto abominável.

Tentais a minha aniquilação desde 2002 aquando da minha estadia anual por paragens hipér-bóreas. Viestes do outro lado do Atlântico para me aniquilar e torturar os membros das ordens nórdicas.

Um dia ver-vos-ei de frente, pois sois um cobarde execrável que não mostra o rosto. Nos vossos festins orgiásticos escondeis a face, no entanto passais como anónimo por mim para me observardes e nunca vos identificais. Sois um homem execrável, um grão-mestre de uma ordem abominável que tortura e terrifica os homens e mulheres livres do mundo. Sois pior ainda que Hitler ou qualquer doutrina Nazi.

Faço-vos um repto: Encarai-me de frente. Não vos escondais por detrás de máscaras ou palácios, ou meros fantoches e marionetas negros que me apresentais. Mostrai-me a face, pois quero ver-vos de frente. Quero aniquilar-vos. Bem sei que provavelmente já não sois velho, já vos rejuvenescestes corporalmente, mesmo assim quero ver-vos de fronte, para vos aniquilar, pois o que tendes feito à sacra humanidade é contrário a todos os postulados e tratados que os mais excelsos e magnos homens têm escrito ao longo da História Universal, desde o apóstolo João, até Voltaire.

Julgai-vos rei, julgai-vos sacro, mas há um rei que está por de cima de vós, um rei em quem não credes, invisível aos vossos olhos mercenários.

Enfrentai-me de frente, em vez de me enviardes os vossos lacaios terrificados que tudo fazem para vos obedecer pois temem-vos grandemente. Os vossos lacaios intelectualmente superiores não vos amam, temem-vos pois torturastes-os de forma horrífica e horrenda.

Deixai de me enviar os vossos lacaios ou subordinados, enfrentai-me de frente em arena pública ou privada.

E relembrai-vos de David e Golias!

Com os piores cumprimentos

Aónio Eliphis


O sacramento pornocrático


Encetaram todas elas o rito
ao invejarem o macho fecundo:
um homem nobre, são, moribundo
que as fez vociferar bem alto o grito!

“Morte! Morte! Matai o mito!”
Propalavam elas com ódio profundo
ao pária sem pátria, ao homem do mundo
“Regeremos nós, até ao infinito”

Acedeu-lhes à súplica o grão-vil,
ciente do suplício do galã
“Regerei por muitos anos. Sejam mil!”

“Não se nega este rogo à mulher maçã”
E num ímpio concílio, em secreto canil
decretou-lhe a morte, o imundo titã.

Armagedão literário


Providenciem-me com gasolina e álcool fervente!

Hoje passei por uma livraria e deu-me uma vontade visceral de incendiar todas aquelas obras fúteis e frívolas de cariz anglo-saxónico.

Aqueles romances inúteis e de sentimentos banais traduzidos do Inglês com centenas de páginas.
Aquela vadia Inglesa escreveu um livro de fantasias para putos imbecis com educações imbecis e rendeu milhões. Agora tenho que mamar com uma inundação visual com enormes cartazes na minha cidade.
Gasolina e álcool para todos esses livros.

Permaneçam intocáveis a Bíblia, as obras magnas e os meus versos!
Que fiquem incólumes, os pessoanos, os de Florbela, de Bocage e de Ary, assim como os Lusíadas; dos poucos estrangeiros, preservem o do Inglês Guilherme, do eslavo Fiódor e do Germano Goethe, assim como do itálico Dante, queimem tudo o resto porque é severamente frívolo e fútil. Guardem Voltaire!

Passei por uma feira do livro e percorreu-me uma vontade visceral de queimar toda aquela frivolidade. São livros inúteis, de medíocres engravatados que falam em como gerir a sua medíocre empresa, ou daquelas aristocratas do novo mundo que se deliciam em transcrever as suas levianas viagens pelo Oriente e falam de Budismo e afins.

Gasolina e álcool para todos eles.

Os livros que vejo metem dó, queimem-nos para pó,
Apenas é magna a Poesia
A Sua magnânima literacia

Mas não daquela medíocre e fácil insípida sem sonoridade que provém das novas ondas modernas do novo mundo, tudo isso é fraco e insignificante.

Só Camões é Magno!

As capas dos livros que vejo estão prostituídas com imagens inúteis. As Palavras dos livros que vejo estão inundadas e maculadas com anglicismos sujos e nojentos.

Vejo mas não ouso ler, pois os livros que vejo não merecem ser lidos, desprezo-os!

Inundam-me e enjoo-me com tanta banalidade visual nas suas capas!

A Bíblia não tem imagem na capa, tem apenas o símbolo, os caracteres, a Palavra.

Já não se liga à Palavra, ao ego, ao interior, invadem-nos os princípios anglo-saxónicos da imagem sempre fútil, viciosa e enganadora.

À Mulher de César não é preciso ser, basta parecer!

Vestem-se de fato e gravata, riem-se com as mediocridades que propalam entre si e apresentam-se fleumáticos perante os outros. Corrompem, ludibriam e corroem a Humanidade.
Depois escrevem livros fúteis que não merecem leitores, mas apenas gasolina inflamatória.

E quanto mais cópias, mais gasolina.

Escrevem sobre o efémero, sobre o circunstancial, sobre uma baliza temporal presente muito estreita, escrevem sobre as circunstâncias dos meios de comunicação social.

Não haverá escritores que se preocupem com a essência intemporal e perene, metafísica e transcendental que afecta a Humanidade? Já não há Filósofos, e os que se fazem passar por homens do pensamento intrigam-se sempre com banalidades atrozes.

Se os houvessem não haveria matrimónio infértil entre homossexuais!
Se os houvessem não seria autorizado a uma mulher matar o seu próprio filho!

E foi porque à mulher de César bastou parecer, não sendo preciso ser, que César acabou assassinado pelos seus patrícios!

Até tu Brutus!

Daliana vai à fonte


Daliana vai à fonte
Vai esbelta e seduzível
Que seja virgem, ainda é crível!
Não há galã que a monte

Vai briosa no horizonte
Beleza indescritível
Dama casta e sensível
Um lobo vil vê-a defronte

Uiva de tamanha ventura
Fica a dama estarrecida
Demonstra o lobo uma doçura

Não teme a dama pela vida
Revela o lobo uma lisura
Foi Daliana convencida!




Aónio Eliphis

Inundação lexicográfica amorosa


Inundam-me os verbetes
do léxico lusitano
Filólogo puritano
Das palavras, um banquete

Do ‘S’, a serpente

O ‘M’ de mundano
O ‘P’ de profano
Agarro o transcendente

Nádia, como te amo

Sou um homem passional
Sou terno, sou tirano

Índole desigual

Contigo sou unígamo
Casal sacramental.



Poetisas escaldantes


Escaldantes mulheres que vejo
Bons peitos e boas nádegas
Penetrações culminadas
em ímpetos sobejos

Nos lábios dou os beijos
Nas coxas, palmadas
Entre as pernas iluminadas
O templo dos desejos

Fui Bocage, já não sou
Sou Pessoa no Martinho
Florbela caminhou

na minha alma de menino
O mundo comigo mudou
Aspirjo o poético hino






Aónio Eliphis

Louva-a-deus


No mundo dos plebeus
sou um eco transcendente
sou um laico, sou um crente
sou o Rei dos Fariseus

Sou aquele que ama Deus

Tenho-O constantemente
na minha alma, na minha mente
E até os amo, aos ateus.

Mas só Ele é o meu Amo

Só a Ele eu obedeço
Com Ele eu proclamo

a Palavra do apreço

e derroto o tirano
e assim, engrandeço!





Aónio Eliphis

Ode a Lisboa maçã


Trilhai os passos da loucura
Ó Lisboa, bem amada
tão garrida e delicada
tão cheia de lisura

És um hino à Formosura
E em Chelas ensanguentada
Em Alfama afamada
No Terreiro enclausurada
Vejo-te no Fado a ternura

No Tejo vejo a canoa
do Martinho da Arcada
Leio os versos de Pessoa

numa rima opiada
Ergue-te literata Lisboa
És Poetisa Iniciada

Das Letras, és deputada
Sou Eu quem te afeiçoa
A ti e à Madragoa
Lisboa imaculada
sob a manta enublada
do terror de quem te atordoa

na Rotunda és a Leoa
do vilão és a viloa
de Portugal és a República! És a Varoa
Pois sou eu singrada Lisboa
E não me permitais escrever à-toa
Que no teu dorso, na tua proa
Magnanimamente te coroa

Ó Lisboa bem amada
Da Joana afamada
De Bocage e de Pessoa
De Camões que se fez para Goa
Da Florbela enamorada

Apresentai-te imaculada
Para que de mim sejais
lexicalmente desflorada

Ó Lisboa!
Gaja boa!
Bem afamada
E bem amada!

Onde te estabelecem tratados
Atlânticos e Europeus
que não serão respeitados
nem por patrícios, nem por plebeus

Perdoai-me a ofensa Lisboa
escaldante e voluptuosa
dama de honor mais formosa
aceitai a minha coroa

Pois seu eu quem te enobrece
Pois seu eu quem te abençoa

Sou eu quem te afeiçoa
Sou eu quem te atordoa
Sou eu quem te doa
A magnânima coroa

Ó varina boa!
Lisboa!
 




Aónio Eliphis

Falo de Santo António


Desprezo as considerações tecnocráticas que me impedem a escrita erudita e metafísica. Renego os homens que me impedem a grafia nos papiros divinos cibernéticos, e quando grafo estes sinais digitais que oscilam entre zero e um, e quando codifico estas memórias com sinais eléctricos ao pressionar uma simples tecla nestes teclados alfanuméricos, estou a obedecer às bulas sacramentais que o próprio Santo António se referia quando dialogava com as criaturas aquáticas do lago onde meditava.

Não falo sobre o falo do Santo, mas poderia eventualmente falar da sua mão erguida que erecta nos céus me faria apetecer falar na mesma. Mas falo de Santo António. O homem, o beato, o santo, o douto homem que falava aos peixes, que pregava as suas doutrinas aos seres que o ouviam. Mas porque estes eram irracionais e não o entendiam, porque lhes dirigia a palavra o beato? Mas Deus, nas alturas, o Bondoso e o Verdadeiro Altruísta e Filantropo concedeu racionalidade aos seres anfíbios e estes, boquiabertos, estavam com a cabeça de fora de água, fora dos seus habitats naturais que os impedia de conseguir sequer respirar, pois as suas guelras apuradas por milénios de evolução adaptaram-se a retirar o oxigénio da água, estes seres com meio corpo fora de água não esperavam sequiosos o pão que o transeunte atira à água do lago, esperavam a Palavra, pois a Palavra é o pão divino que alimenta as almas dos infiéis e dos descrentes.

– Nem só de pão vive o Homem!
– É verdade! Nem só da Palavra vive o Homem!

Vive dos falos viris da Natureza,
Vive da brandura e da pureza
Vive dos momentos de altivez
Vive da cruz e do sacro três

Vive da carne e da beleza
Vive da técnica e da destreza
Vive para quem o fez
Vive do Mundo português

Vive da manha e da ardileza
Vive no calor da Frieza
Vive o dia a dia de cada vez
à espera do fim do mês

Porque como dizia o douto Ricardo, protelamos constantemente o mais importante pois consideramos não prioritário.

Pois a Palavra doravante terá de ser como o pão para o homem, como o pão para os peixes a quem o santo prega, como a palavra beatificada que os seres anfíbios acolhem. A Palavra é prioritária, a Palavra é bendita, é sacralizada, é sacra. Falo de Santo António. Sim, não falo do seu falo direito, falo da sua sacra missão, de como o Padre António Vieira, o seu homónimo falara dele, de Lisboa e de Pádua, de como a sua erecta e fálica estátua se encontra no cruzamento da avenida de Roma, capital do ecuménico império, e da avenida da Igreja, à qual no subconsciente associamos o símbolo do V invertido com a cristã cruz.

Santo António é um Homem douto, humilde, em que no mundo do pecado, da luxúria, da gula, da inveja, da ardileza e da sede sequiosa por poder e capital no fim do mês, os homens não o ouviam, e apenas os peixes recebiam o pão da palavra divina que o beato santificado propalava. Os peixes assimilavam o que o santo divulgava e ouviam-no atentamente.

Pois então se o meu blogue não tem os cibernautas que desejara desde há anos, perdoai-me Senhor pela minha sede vangloriosa por fama fútil, mas então que os poucos que me auscultam, sejam os nobres anfíbios, quais homens da Atlântida, os Escolhidos a quem a divina Divindade decidiu iluminar e abençoar.

Ouvi-me e escutai benditos peixes: Sois abençoados!
Quem assim seja!




Frade Filipe Pimentel

Despaired Founder


Grab my throat
Stretch my bones
Evoke empires
Reject desires

Call the myth

Seek into the deep
Truth, reject the peep

Be a German

Be Hermano
Be Germano
Be my mano
Be a man

Evoke fraternity

Destroy masonry purposes
Annihilate its desires
Destroy the evil empires

How can they spend 44 billion dollars to develop a spirit called B2, just with even numbers and even words, just female letters and digits, to evilly and murderously cause destruction and death?


How many lives would I save with 44 billion dollars?
How many lives would I withdraw from starvation and illness?
How come their presidents receive Nobel prizes for peace?
Which paradox Mankind has created?

I shall destroy evilness

I shall reject the American principles

They conquer to contest

They destroy their conquest
They demolish just to test
They sharpen human flesh
They shall not embrace
Or track the lines of a goddess’ face

The empire we shall ignore

We shall pray every day
We shall embrace God’s path
We shall be wise, we shall say
the words which will enlace the divine faith

The empire which created aids

The empire which spread tobacco
The empire which doesn’t aid
Humanity, Human kind or Human race

The empire which has the rifle

which doesn’t follow the world’s pace
The empire which has the bullet
Where you can’t see the leader’s face

Let’s enlace Love

Let’s evoke freedom
The house where men are free
Where blood is blue
Where lovers are true
Poets and companions,
inmates and brothers.

God is our Lord,

God is our Father

I shall write over the sacred lines of the founders to reject what they have written, because on the contemporary times, they’ve became the most despotic and tyrannical Empire.


I shall set my people free!


What have they done to Africa?

How many weapons have they spread?
How many cigars have they produced?
How many dollars have they used to vanish other people lives?

Shall I cite?

The divine scripts!?
The sacred hits!
The ancestral myths!
Shall I fight?

I will! With Poems and Words and Acts!

And I will dilapidate the Empire, when he reacts!





Philip Maiden, the Portuguese Poet 

Oratória premonitória


Evoquem deuses e lendas
reptos, profetas e mitos
os cânones dos infinitos
as magnas sacras agendas

Criai no Império as fendas

que causem nos incrédulos, os gritos
Salvai da agonia, os aflitos
nas sangrentas e eternas contendas

Destronai o seu Grão-Mestre

Trespassai-o com o Punhal
Erradicai esta peste

Erguei o hino sacral

E o império que temeste
ruirá na batalha final


Profecia de Filipe Lopes Pimentel

O uivo ululante da Liberdade…


Os homens que inspiram o grito
de libertação dos povos do infinito
Premonitório, sou um perito
que reaviva as lendas do mito

Onde os povos se libertam da clausura

Onde observo a formosa formosura
da minha doce Nádia, que lisura
O império do mal perpetra a tortura

Evoquemos a libertação

Esse desejo premente
Ergamos a destra mão

Gritemos ardentemente

Aclamai a Lusa nação
Benzei o incauto descrente




Escrito por
Filipe Oliveira Lopes 
à hora de almoço no dia do Senhor de 16/09/2010

Sou uma hiena no cio


Trespassai-me com falos viris,
com paus e agulhas escaldantes,
atravessai-me com lâminas que jorrem
o sangue esbranquiçado

Trespassai-me de lado a lado

pois sou uma hiena no cio
que me encho de desejo e brio
percorrei todos, o meu corpo sensual

que venha um pelotão possuir-me

tomar-me e sodomizar-me
pois sou uma hiena no cio
que me encho de desejo e brio

pegai no meu alvo e fervilhante dorso

agarrai-me nos quadris
cavalgai sobre esta sela de epiderme que ferve
que deseja ser roçada
e penetrada

Vinde legiões e legionárias

Vinde bárbaras, visigodas e mouras
Vinde eslavas e sauditas
Vinde otomanas e nazistas
Vinde possuir esta lésbica homofóbica

Quero ser possuída, quero ser tomada

quero ser trespassada e estuprada
violada e desflorada
degolada e inundada em hemoglobina
esbranquiçada

pois sou uma hiena no cio

que me encho de desejo e brio
quero o coito que afasta o frio

Sou o leopardo que a sodomiza

O macho viril que a brutaliza
que tomo por trás a hiena no cio
que se encheu de desejo e brio




Sou uma hiena macho no cio...

Que o nosso Amor nunca feneça...


Nos tempos imemoráveis presentes
onde as moças se mostram desnudas
amo os seios, e as pernas nuas.
Amamo-nos nos desejos prementes

Rimo-nos, olhamo-nos contentes

sob a luz destas erógenas luas
nestas coxas, que são minhas e tuas
observamo-nos sorridentes

Escrevo os escritos do pudor

A mão esquerda, colhe a cabeça
A direita escreve com fervor

o que anseio que a minha amada peça

Amo-te tanto Nádia, meu Amor
e que o nosso amor, nunca feneça…






João Pimentel Ferreira

Uma Bica à Baixa, d'Alfama ao Castelo


Trabalho no Instituto Nacional de Marcas e Patentes desde há alguns meses, junto ao Campo das Cebolas na Baixa de Lisboa, e fico perplexo com tamanha diversidade cultural que abunda nesta zona da cidade. As restantes zonas das metrópoles são tão pitorescas. O pitoresco não está nos centros urbanos, o pitoresco, aquilo que se banalizou nos costumes e nos hábitos tradicionais dos povos modernos está algures nos subúrbios das grandes metrópoles.

Se um turista quiser saber o quotidiano do português moderno, terá forçosamente que percorrer os trilhos que o levam até à ancestral vila árabe de Massamá. Morar em Massamá é o sonho para qualquer casal recém-casado, é uma vila nos subúrbios de Lisboa onde se sente a atmosfera da portugalidade, onde não abundam os indigentes, onde as estruturas imobiliárias se tangem mutuamente podendo o velhaco observar a vizinha esbelta, voluptuosa e jovem na janela da frente depois do fresco e reconfortante duche, onde o caos automóvel é constante para o estacionamento e cuja jornada até Lisboa no quotidiano acelerado é uma autêntica cruzada à terra beatificada lisbonesa. Meus caros, a portugalidade autóctone, o vernáculo luso, são por certo no século vinte massamenses. 

Na baixa pombalina, que deve o adjectivo ao sanguinário mação Sebastião José, que tem uma estátua erecta numa das rotundas mais emblemáticas da cidade, a baixa é caracterizada por aquilo que denominam os anglo-saxões das Américas na sua franca língua, de panela de mistura citadina e urbana. Por aqui, onde eu laboro, circundam indigentes, arrumadores, pedintes, executivos, chineses, homens que vendem cautelas, ciganos que vendem cavalo, coca e óculos de sol, turistas russos endinheirados, franceses que se deliciam com as sardinhas assadas, ingleses que se embebedam por bares e cafés, algo típico e patológico dos povos germânicos, espanholas que vociferam bem alto para comunicarem; afinal o mais ancestral modo de comunicação colectivo, mesmo antes do fumo do fogo, foi inventado por espanhóis, o grito, ou não querendo ser tão severo com os nossos irmãos castelhanos, a comunicação grupal em voz alta; ainda somos contemplados pelos másculos e viris, com protuberâncias abdominais, trabalhadores da construção civil, e ainda os chungosos desdentados e os ébrios da cevada que falam de futebol pelas bodegas e tascas da cidade.

Os indigentes fumam das beatas que vão apanhando pelo chão, muitos têm graves problemas patológicos de afeição ao suco de Baco, e bebem-no do mais humilde e modesto, aquele vinho que provem dos pacotes paralelepipédicos de plástico e que é menos dispendioso que o agrupamento das duas moléculas de hidrogénio com uma de oxigénio, vulgo água. Os indigentes sofrem de enfermidades psíquicas, não se lavam e deambulam pelas ruas do centro da cidade, dormindo sob os arcos e nos passeios.

Dou dois euros diários ao arrumador para me colocar o bilhete no automóvel. Um de manhã, outro à tarde, nos turnos dos fiscais camarários do estacionamento automóvel. O seu proveito é proveitoso passo o pleonasmo, por dia lucra um euro e meio só comigo, visto que cada bilhete por quinze minutos custa vinte e cinco cêntimos. Tal como a savana e a selva africanas os territórios estão estabelecidos. Cada arrumador têm a sua zona de acção, e em vez de urinar para estabelecer território, aproxima-se cuidadosamente e deve manter-se de pé firme, ao sol e à chuva no local para mostrar aos outros que aquela zona será sua. Por vezes há graves contendas, rixas violentas entre arrumadores por questões de manutenção de território. Um antropólogo ou sociólogo encontraria nestes locais um verdadeiro caso para estudo. Começam a haver problemas territoriais, tal como nas intifadas e santas guerras entre hebreus e árabes, pois a terra é pouca para tanta gente. Tantos arrumadores para tão poucos automóveis. Ainda vão ajudando a estacionar as camionetas e os autocarros turísticos com os russos aristocratas, os franceses, alemães, espanhóis e japoneses.

Os japoneses são extremamente interessantes, e já não guardam o espírito tribal ou rural de guerreiros e samurais. Agora trazem a sua espada tecnológica, os seus falos negros fotográficos, as suas erectas e firmes objectivas que vêem tudo e que querem captar tudo, que querem entrar em tudo e disseminar em tudo; mas não, aquelas objectivas fálicas não passam de vaginas tecnológicas receptoras pois guardam todo o sémen pictórico e digital na matriz de transístores que têm no seu interior. Recebem todas as imagens para onde apontam; aquelas objectivas nipónicas são autênticos buracos negros pictóricos, pois captam e assimilam tudo os que lhes está ao alcance visual e gravítico.

Os franceses deliciam-se com as sardinhas assadas, enquanto Amália canta “Lisboa não sejas Francesa”. Não o entendem, até porque o povo lisbonês é acolhedor e todos o sabem. Caminham e ficam perplexos com os azulejos, com a arquitectura do centro da cidade.

Os nórdicos e as nórdicas voluptuosas e escaldantes, grossas e atraentes, desabituadas a este calor mediterrânico, caminham praticamente desnudas deliciando a população masculina autóctone. Nunca vi tanta perna alva, de traços nórdicos, e rosada pelo sol de Verão. Vou até à rua Augusta e é a azáfama do turismo. Sento-me numa esplanada e requeiro um café, aprecio os turistas a deliciarem-se com a gastronomia portuguesa, barata e deliciosa. Pago pelo café o dobro do preço convencionado em Massamá. Saio e sento-me noutro famosíssimo local lisbonês, Martinho d’Arcada, o estabelecimento comercial pessoano. O rapaz aproxima-se e pergunta-me “para almoçar?”, respondendo eu, “para café!”. Lá me arranja uma mesa, tomo o café, vejo o correio electrónico pelo celular, pago o dobro do convencionado pelo café, e vou trabalhar. O Martinho d’Arcada ficou mais para os turistas do que para os lusitanos, os portugueses já não manjam no Martinho d’Arcada, pois este é caro e só os turistas estão dispostos a dispensar mais algumas coroas para se deliciarem por aquele café pessoano.

E quem divaga rectamente, com indumentárias de proveniências maçónicas e anglo-saxónicas, quem caminha por entre os indigentes e os turistas, são os executivos engravatados dos ministérios e dos departamentos governamentais que vão havendo por aqui. Eles andam aprumados, falam de forma austera e fleumática, indiferentes ao mundo que os rodeia. Apenas a finança e os orçamentos, a tecnocracia e a lei. Vejo-os no meu quotidiano pelos cafés e pelos restaurantes quando comem os bitoques grelhados de vaca com água e falam sobre lei e numerários altos.

Os bancos abundam, assim como abundam os bancários, e também em menor número os banqueiros. À sexta-feira é a correria e a azáfama nas papelarias para ver se sacam cem milhões de coroas europeias no prémio europeu da lotaria. É a santa casa que nos providencia com estas remunerações. É assim o equilíbrio lusitano da caridade e da ganância, da filantropia e do semitismo, da solidariedade e da avidez, e no meio está a santa casa da misericórdia, ou seja, quem gere este prémio milionário é a santa casa, cuja sacra missão é ajudar os pobres. Parece-me que estamos num paradoxo ideológico, ou talvez num sacralizado equilíbrio, canalizando a ganância de uns para auxiliar os outros que nem sequer têm condições para apostar numa única combinação do jogo.
Mas os engravatados jogam, pois sabem que se ganharem ficarão milionários que é o seu sonho desde que terminaram aqueles cursos superiores medíocres e sem sentido.

O taxista, o condutor taxativo, protesta e elabora oralmente diversas expressões que não ouso transcrever por pundonor. Os taxistas são autênticos animais selvagens na estrada, sem escrúpulos ou piedade, são guerreiros do asfalto, mercenários do alcatrão, se fosse regente retiraria a buzina dos volantes de todos os táxis, pois os seus condutores usam-na despropositadamente em noventa e cinco por cento das vezes. Já para não falar que taxistas e camionistas têm o denominador comum de se deliciarem com frequência em lupanares e principalmente com as chamadas profissionais da libido pelas zonas catalogadas da cidade. Todos os taxistas têm os seus contactos no mundo do eros. Aliás, os táxis em Lisboa providenciam se o seu cliente desejar, autênticas rotas do prazer. Outros considerariam-no um degredo, mas tal daria um tratado ou um quem sabe um postulado.

Cautela com a cautela, o cauteleiro vocifera constantemente o número treze e o sessenta e nove! Vai fumando o seu cigarro e vociferando os números da sorte, o velhote deveria estar a usufruir dos rendimentos do estado pois revela uma idade avançada, mas vai deambulando pelas ruas vendendo cautelas.

O cigano, não gama nem assalta, mas induz à perdição, quando nos alicia com produtos de origem duvidosa, com ouro falso, com óculos de sol foleiros e com droga, e dou-vos um conselho caros leitores, nem sequer dirijam a palavra a um, pois estes têm uma capacidade oratório colante caracteristicamente de lapa, que não desgrudam enquanto não saciarmos os seus ímpetos comerciais. No outro dia uma cigana leu a sina através da mão a uma amiga minha eslovena na praia. Disse-lhe que ia ter filhos e que iria ser muito feliz. Dois euros para prever o futuro. Porque é que as ciganas não apostam na lotaria e tiram as comunidades da miséria?

Os chineses pacatos, quase indiferentes, extremamente serenos, não alteram de tom de voz ou de atitude perante o cliente. Estão ali para servir, não para serem simpáticos, nem para se expressarem muito, honestos, vendem material que até considero que tem uma elevado rácio entre a qualidade e o preço, o público abraça esta onda proveniente do oriente. Compro-lhes uns óculos de sol que ainda tenho por quatro euros, quando nas ópticas lusitanas custam pelos menos uns quarenta, dez vezes mais, e creio serem de qualidade similares. Na nova China tecnológica trabalha-se sem cessar, sem descansos ou piedade, e o espírito colectivo abraça estes ritos laborais e sacrificiais. Se assim não fosse não se havia construído a grande muralha por vastos desertos e montanhas.

O paquistanês enveredou pelo mercado das telecomunicações móveis. Tem um pequeno bazar que nos liga ao mundo através da inter-rede, vende cartões de telefone para os brasileiros telefonarem para o país natal, vende acessórios de telemóveis, também se aliou às grande operadoras de telecomunicações. Este povo indo-europeu que abraçou o Islão dedicou-se também na Lusitânia a vender rosas nos bairros de ebriedade, onde o amor fecundo é o último princípio que reina; ofereci em tempos uma destas rosas a uma esbelta polaca que conheci, e confesso que me revia na verdadeira fecundidade, mas à minha adorada eterna eslavo-lusitana de nome Nádia, ofereci um autêntico buquê de rosas como sinal consagrante do nosso verdadeiro amor. Este povo indo-europeu que abraçou o Islão, na zona perigosa entre a Índia e o Paquistão, já me providenciou por poucas coroas sensações interessantes de tranquilidade junto de esbeltas e formosas sereias europeias.

No outro dia almocei no Italiano, devo dizer-vos caros leitores que nem é muito caracteristicamente Italiano, mas o que mais me entusiasma é o facto de ser um casal itálico a gerir o estabelecimento, servindo umas pastas e umas pizas deliciosas, a preços muito acessíveis.

Converso em francês fluente com duas francesas na esplanada do restaurante, indicando-lhes os locais mais aprazíveis na cidade, sem referir claro está a famosa música de Amália “Lisboa não sejas Francesa”.

Almoço diariamente no Facho, embora nas últimas eleições tivesse enveredado por pôr o voto nos comunistas lusitanos, homens de esquerda que erguem a mão direita, doutrinados pelo país que ocupa toda a direita no atlas do mundo. Os comunistas gritam altamente que jamais serão derrotados. Uma salada de atum com legumes é o que ingiro no Facho. Não tenho tochas nem fasces, e sou partidário do verdadeiro humanitarismo.
É assim o Castelo, a Baixa, e Alfama a quem peço uma Bica. O centro da cidade é um autêntico lamaçal étnico e cultural, onde prevalecem todos os extractos sociais, onde reinam todos os sectores do comércio, e onde não prevalece a portugalidade que os turistas procuram. A verdadeira portugalidade contemporânea está em Massamá, no Cacém, em Frielas, em Queluz, em Unhos, no Catujal ou na Apelação. A verdadeira tradição lusitana do século vinte está nos Olivais, em Chelas e no Parque das Nações. O que os estrangeiros encontram no centro lisbonês é uma mescla étnica e cultural, abrangente a todas as classes, desde o alto magistrado até ao indigente que mendiga, indubitavelmente única, singular e sem paralelismo noutros locais do país.

O alemão, mesmo antes de grafar no teclado latino esta entrada no meu diário filosófico, tirou extasiado, uma fotografia ao prédio todo em azulejos, que por similaridade semântica do substantivo, eram azuis. Onde é que em Portugal a construção civil moderna emprega azulejos para revestir os seus prédios? 

O local onde é laboro é uma panela de mistura onde se funde e se liquefaz uma heterogeneidade genética e social inigualável.

Abracemos o Fado, o Tejo, Lisboa e toda esta mescla cultural.

Abracemos a capital do império dos Lusíadas.


O Satã


Que considerações teço eu sobre a pessoa em causa. Sei que o Grão-mestre da ordem em causa é severo, sanguinário e impiedoso. É um homem velho, vil, irascível e execrável, que quer preservar um império que se sustenta em preceitos desumanos, terroristas e maquiavélicos. A tortura é omnipresente, quem afronta o velho grão-mestre da ordem americana é severamente aniquilado, sendo que os outros sentem o temor e vivem terrificados. O terror é constante e de uma magnitude que lhes moldou a consciência, que os faz pensar em conformidade com os desígnios do império do mal, o império do grande satã, do diabo que castra os homens livres. Os homens livres erguer-se-ão contra o despotismo atroz perpetrado pelo grão-velho e mestre americano.

Derrotemos o Diabo, derrotemos o grande Satã com água benta, e com a força bendita e divina derrotaremos o império americano!