Conversa com uma famacêutica!


Em pleno surto de gripe no inverno,
não há antigripais genéricos!!!
Chego à farmácia, com princípios de gripe, e digo à menina:
- Quero um antigripal genérico!
A menina responde:
- Lamento, mas não existem antigripais genéricos.
Eu returco:
- Como não há? Estamos no inverno, e deve haver dezenas de milhares de casos de gripe! Que fórmula química é essa milagrosa que têm os antigripais, para que não haja genéricos, se antigripais há no mercado há dezenas de anos!
- Pois mas eles têm patente para o produto.
- Sim, mas uma patente vigora apenas durante vinte anos.
- Mas eles estão sempre a fazer melhoramentos na fórmula química, e depois pedem mais patentes.
- Ok, então dê-me um antigripal com uma fórmula antiga, cuja patente já tenha caducado.
- Não temos, nem há à venda no mercado!
- O quê?! Estamos no inverno com surtos de gripe, e as farmácias não têm antigripais genéricos? Então dê-me o mais barato!
- O mais barato é este, custa 4,90€ e é o antigrippinne
Olho para a carteira e tenho apenas uma nota de 5€, que estava dedicada ao almoço, paciência!
- Levo. E então qual é a fórmula química milagrosa que este tem?
Olho para a composição química.
- Mas isto é paracetamol, uma molécula que já se conhece há mais de 50 anos!!!
- Sim, mas tem ainda cafeína!
- Claro, aquilo cuja dose custa 50 cêntimos ali na tasca, e que já é conhecido desde a antiguidade!
- Sim, mais ainda tem maleato de mepiramina.
Diz a menina com os olhos sorridentes.
- Humm...compreendo, então deve ser uma molécula muito complexa e inovadora, desenvolvida especialmente para este medicamento, é isso?
- Não é bem assim!
- Como não?
- Há já vários genéricos que têm essa molécula como princípio ativo!
- Significa então que essa molécula já é de domínio público, e que já foi desenvolvida há muitos anos?
- Correto!
- E qual é então a razão de haver patente para o antigrippine, e de me ver obrigado a dar todo o dinheiro que tenho no bolso, tendo apenas de troco 10 cêntimos?
- Está na proporção e em alguns detalhes.
- Deixe-me ver a bula.
Abro a caixa do medicamento, depois de ter ficado sem a nota que trazia no bolso, tiro a bula e leio:
- Antigrippine 250 mg + 30 mg + 20 mg Comprimido. Paracetamol + Cafeína+ Maleato de mepiramina. Ou seja feitas as contas temos 300mg, dos quais 83% são uma substância já conhecida desde há mais de 50 anos, 10% é uma substância conhecida desde a antiguidade e 6% é um princípio ativo usado em vários genéricos, ou seja, que já faz parte do domínio público! É isso?
- É isso mesmo, mas o segredo está na proporção....
- Ah... ok, já percebi, o Estado, através dos impostos, ou seja TODOS NÓS, pagamos por ano três mil milhões de euros em comparticipação para medicamentos no SNS, para pagarmos a "proporção". E não há nenhum benemérito que em prol do interesse público, se dedique a investigar "proporções" e a concedê-las ao domínio público? E não há nenhuma empresa de genéricos que se dedique a investigar "proporções"?
- Pois sabe, elas não fazem propriamente caridade e olhe que a troika tem baixado muito a despesa do Estado com medicamentos.
- Abençoados Jürgen Kröger, Rasmus Rüffer e Poul Thomsen, são os meus três reis magos!
Saí da farmácia, tomei os famigerados comprimidos, e passado algum tempo melhorei dos sintomas da gripe. E lá se foram cinco eróis, para sustentar farmacêuticas.

Qualquer dia estão-nos a obrigar a pagar a "proporção" da frize limão!

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