O poder do Leão: garra, nobreza, medo e respeito!


200 mil anos a conviver com leões na savana africana,
incutiram-nos o medo e o "respeito" por esta fera

Abomino o frenesim pelo futebol, e detesto o bacoco que é a associação popular e cultural que se faz, entre os animais, nas suas representações cultural, antropológica, psicológica e iconográfica e um qualquer clube de futebol pelo país fora, normalmente dominados por mercenários, gladiadores das épocas modernas, cujo único objetivo profissional é dar espetáculo, sem qualquer atrativo para o intelecto.

Assim, através do pensamento, decido dedicar-me à análise da iconografia do Leão, ponderando sobre as influências psicológicas e antropológicas que têm no subconsciente do ser humano. O Leão é um animal conotado com a garra, com a força, com a nobreza e com o vigor, é uma fera, à qual no nosso subconsciente associamos respeito e louvor, medo primitivo. O homem deu os primeiros passos evolutivos há cerca de 200 mil anos na savana africana, sobejamente conhecida por já nessa altura ser ocupada por leões. Os antepassados do ser humano, por certo, conviveram sempre com o leão, mantendo obviamente uma distância que lhes protegia e permitia segurança, mas devem ter presenciado vários ataques mortais e letais, causando medo e horror. A esse medo e horror inconsciente associamos racionalmente o conceito de respeito.

A ação do Homo Sapiens deve ter sido muito semelhante, por exemplo, à de outros animais, presas, que ainda hoje coabitam com os leões, como as gazelas, as zebras, ou outros herbívoros da savana africana. Repare-se que não é unicamente pelo facto de o leão ser um animal grande, forte e perigoso. Um tanque de guerra é grande, potente e bem mais letal que um leão, todavia é uma invenção recente do ser humano.  Repare-se que o homo sapiens começou a sua evolução em África há 200 mil anos, já o Panthera Leo, nome científico para o leão comum, teve a sua evolução também em África há cerca de 800 mil anos. O homem e os seus antepassados hominídeos compartilharam sempre, ao longo da sua evolução em África e antes de o Homo Sapiens migrar para a Europa, o seu habitat com o leão.

O que sucede é que estudos referem que o medo tem essencialmente dois fatores: a aprendizagem individual e a evolução da espécie. O nosso medo instintivo aos ratos e a certos insetos é uma proteção da espécie contra animais que durante milhares de anos foram transmissores de doenças mortais. O medo a alturas, que é partilhado com todos os mamíferos, é um medo instintivo que nos protege de locais perigosos, essencialmente de cotas elevadas. Todavia, o medo também tem uma componente de aprendizagem individual. Quando uma criança cai num poço, ou tem um trauma com um acidente rodoviário, considerando que carros são uma invenção recente, ganha medos a esse tipo de situações ou faz associações traumáticas com esse género de objetos.

Prova-se assim, e está demonstrado por diversos estudos académicos, que o medo também tem uma componente evolutiva, que a psicologia evolutiva estuda. É aqui que o leão entra no paradigma da análise. Durante milhares de anos, o homem presenciou o leão a caçar e a matar grandes animais, assistiu a manifestações de força, garra e domínio praticados pelo leão. Assistiu por certos a outros homens primitivos, seus pares, a serem devorados pelo leão. Tudo isto, através da psicologia evolutiva, incutiu no nosso subconsciente instintivo um medo, respeito e louvor pelo leão, animal feroz e com garra. Considerando ainda que o leão domina a savana africana, entre todos os outros animais, também associámos o conceito de nobreza.

Não é por acaso que em frente aos parlamentos luso e espanhol se encontram leões, sinal de respeito pela casa maior da Democracia. Na rotunda da Boavista na cidade do Porto é um leão, que destrona a águia napoleónica. Ao lado do Marquês de Pombal, na rotunda com o mesmo nome em Lisboa, encontra-se um leão, sinal de domínio, nobreza e respeito. Não é de estranhar então, que as cabeleiras enormes que os magistrados usavam à época do Marquês de Pombal, se assemelhassem a uma juba, para que o inconsciente coletivo lhes venerasse e lhes concedesse respeito e louvor.

Assistir um clube de futebol apoderar-se deste legado iconográfico, genético e instintivo de milhões de anos, e associá-lo à cor verde, uma cor tranquilizante, cor da natureza, das folhas das árvores, é algo que deixa o Filósofo e o Cientista a bradarem aos deuses da Acrópole.

3 comentários:

  1. Análise muito interessante! Parabéns!

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  2. Faça lá essa sua rebuscada análise - com tantas considerações como inconsistências- para a águia e para o dragão, Benfica e Porto, respectivamente. Já veremos como se deixa inquinar por um sentimento que busca validação por tendencioso e falacioso, como o fez neste seu exercício mental onde conseguiu colocar a nu o seu profundo complexo de inferioridade. Está lançado o desafio! Cumprimentos.

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