Vida de POeTA

É o Poeta o arauto da verdade
Aquele que busca o império do saber
Quando escreve não há segredos que guarde
E descodifica-os ao mundo quem quiser

Vive num estado de mendicidade
Um pedinte do Amor sem o ser
Quando escreve não há Demo que o entrave
Tem o léxico de Deus para se entreter

Vaga pelos sonhos da Veracidade
É um mago, um filósofo dos sentidos
Domina os ministérios da saudade

O Neófito dos segredos mais antigos
Das letras, criará uma irmandade
E guarda o Graal, legado por tempos idos

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Escreve o código doutrinal das emoções
Que rege o coração do ser humano
Escreve sobre paixão e tentações
Interpreta-as o mago, lê o profano

Escreve a magia sacral das ilusões
que irradia a frágil alma do mundano
E não há quem escreva sobre as suas sensações
pois o que escreve atenta o déspota e o tirano

É o árabe, o sufista e o Profeta
O Neófito, a República e o Mação
A Verdade é a sua magna meta

Nela crê, com em Deus faz um cristão
É esta a doce seiva do Poeta
A trindade, o Buda, a Meca do Islão.

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O Poeta é um doce sonho adormecido
Um sonâmbulo, que acorda, para a magia
E um desamor torna-o num animal ferido
Sendo esta a chama, que lhe dá fogo à vida.

É um literato, um mundano, homem vivido
Oscila entre o tédio e a alegria
Fera feroz, um mero gatinho querido
É o divo, que professa a nostalgia

Escreve sobre o sangue primordial
É um filósofo da dita razão pura
Empirista ou noctívago racional

Que na noite atenta a ditadura
E se vê a volúpia feminina divinal
Dita-a nos quadris, essa carne tenra que fura.

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O Poeta é um vadio que não quer
ser mais uma besta vã que procria
O Poeta é Atena, é uma Mulher
que dá à luz o tédio e a alegria

Criem-lhe antas quem depois vier
É um cadáver adiado que irradia
a eterna chama do caracter
que prolonga a noite, e encurta o dia.

O Poeta é uma anta por provir
que das letras concebe um mundo novo
Faz-vos chorar, aclama a noite, e faz-vos rir

É quem concede, o livre arbítrio ao povo
Creio em Deus, e no Cristo que há-de vir
E é por estes nobres ideários que me movo!

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