Poema a Merkozy


Ser Português é ser perdulário
e os Gregos andam tão definhados
Na Irlanda, suporta-se o calvário
dos agiotas, do capital e dos mercados

Que é o culpado? O gastador ou o usurário?
No sul da Europa estão todos malfadados
pois o gasto está-lhes no imaginário
E para trabalhar? Só se forem requisitados

E se em tempos fomos para lá do Bojador
Endividamo-nos hoje para dois submarinos
Sendo o défice mais um dissabor

Num país só bom para o golfe e para os mais finos
Levante-te Europa! E ecléticos em teu Louvor
Ergue-te Portugal! Cantam as vozes, ouvem-se os sinos!



Merkozy! Desde quando sois Europeu?
Sois trabalhador regrado, é certo
mas para esta Deusa atingir o Apogeu
vós apenas divagais por rumo incerto

O Latino é Julieta, o Germano é Romeu
e nesta União nunca o par esteve tão perto
alumiados pelas doze estrelas do céu
ouvindo Valsa e Fado, num Amor desperto

Mas agora Merkozy, que fazeis vós?
Definhais este projeto tão nobre
E eu grito para que ouçais a minha voz

Pois provenho de um país ainda pobre
Gastos, custos, temos todos nós
Mantei as nações, que a União ainda cobre!



A Europa é um Império por desvendar
Tem o culto do mação e o verso do Poeta
Tem a pena da Grécia e uma cristandade por revelar
E em cada lei é Roma, Oslo, Luanda e até Meca

Da Grécia veio o Filósofo que a fez triunfar
Das arábias veio o mago e o profeta
As agências de notação, andam-Na a definhar
A ira dos mercados, apontam-lhe a seta

Pois é o petrodólar, que quer reinar no mundo
E o Euro, até andava a fazer moça
Pois o tio Sam do seu recanto soturno

não tolera quem de si faça troça
e as agências de notação, em delírio profundo
Chamam-Lhe lixo, qual corja que lhe dá uma coça



Merkozy, não sois de todo Europeísta!
Não amais a pátria Europa com o coração
Sois apenas um fantoche pseudorreformista
dos agiotas, do capital e do mação

Rogo-vos, não sejais elitista!
E aos biltres das agências de notação
Aniquilai-os! É mero lixo propagandista
do tio Sam, mascarado de “opinião”

Porque este vento do Leste, não escolhe raça
abraça todos os credos e todas as línguas
O tio Sam, para esta Deusa é uma ameaça

E tu Merkozy, não A enobreces, só a mínguas
E os Eurobonds! Que se faça!
Ergue-te Europa, com as tuas doutrinas!



Pois o Euro é a moeda ecuménica
E a Europa alberga todos os povos
que a revêm como uma pátria edénica
para muçulmanos e cristãos-novos.

A mente desta Deusa é Helénica
E as agências são os corvos
que perturbam a ideia irénica
consagrada nos textos Lusófonos

Merkozy! Erradicai esta peste da Europa
chamada “agências de notação”
Formai sem armamento a magna tropa

E através da Palavra e da Oração
crescei minha dócil cachopa!
Cantai os hinos! Erguei a mão!

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