Repto ao mundo civilizado


O projeto europeu é um marco inigualável no velho continente. A história económica há muito que nos dita que comércio livre e livre circulação de pessoas sempre foram excelentes motores para o crescimento e prosperidade. As teorias antropoevolutivas mais recentes até referem que um dos motivos pelos quais o Homo Sapiens suplantou o Neandertal foi exatamente porque o primeiro, ao contrário do segundo, fazia trocas comerciais entre tribos diferentes partilhando tecnologia e recursos. E enquanto houver prosperidade haverá Paz, algo que apenas a UE conseguiu na Europa por mais de 70 anos desde o colapso do Império Romano do Ocidente. Quem tiver preconceitos contra a economia, pode ler a Paz Perpétua de Immanuel Kant, que está lá um repto a uma proto-UE implícita. Podem ler também Einstein, e o seu "Manifesto ao Mundo Civilizado" aquando da Primeira Grande Guerra, quando instou os povos da Europa para que criassem uma "Liga de Europeus" para que esta possa "fundir o continente num todo orgânico". E se é plenamente verdade que não há unidade orgânica sem solidariedade, também jamais houve solidariedade sem responsabilidade.

Défice público de alguns países da UE


Apresenta-se no gráfico seguinte, que é do Eurostat, os défices públicos da Alemanha, Irlanda, Grécia, Itália, Holanda e Portugal entre 2008 e 2019. É fácil de observar que durante e após a crise das dívidas soberanas houve países que tiveram as contas públicas mais equilibradas que outros. Em qualquer caso denota-se que a Itália teve sempre o seu défice minimamente controlado, todavia não aproveitou o período de crescimento económico para baixá-lo, tal como outros países fizeram, vede o caso da Irlanda (a azul) que baixou o seu défice consideravelmente desde que foi alvo de um resgate. Uma trajetória positiva semelhante aconteceu com Portugal, todavia, a países com uma dívida muito elevada, exigir-se-ia um esforço adicionar de redução de défice para que a dívida pudesse ter tomado valores mais aceitáveis, ou seja, na casa dos 60% do PIB tal como estava plasmado no tratado orçamental assinado por todos os estados-membros democraticamente eleitos.  


Medidas contra-cíclicas, clama a esquerda amnésica


Dívida Pública em % do PIB de alguns países do Euro. Fonte: Eurostat

O jornal Público refere que o norte da Europa está a gastar mais do que o sul na resposta à crise, mesmo já considerando despesa calculada em percentagem do PIB. A esquerda tem clamado, tal como aconteceu em 2011, por medidas contra-cíclicas, para desta forma estimular a economia e o consumo, e assim atenuar os efeitos negativos da crise. E fá-lo bem, pena todavia que a mesma esquerda padeça de uma amnésia e uma incoerência políticas de bradar aos céus. Recordemos que a Holanda tem uma dívida pública de 50% do PIB, a Alemanha tem 60% do PIB e a Finlândia 59% do PIB. Por outro lado, mais a sul, a Itália tem uma dívida pública de 134% do PIB, Portugal tem 120%, a Grécia tem 181% e Espanha 97% do PIB. Percebe-se facilmente porque motivo uns têm mais "margem para gastar" do que outros. Quando a economia expandia e a receita fiscal crescia substancialmente a cada ano, uns baixavam a dívida (a Holanda baixou a sua dívida pública de 70% do PIB em 2015 para 52% em 2018), outros mais a sul, locomovidos pela demagogia e populismo eleitoralista, "revertiam e redistribuíam". Porque motivo a esquerda apenas se lembra de aplicar medidas contra-cíclicas quando a crise aperta, e jamais se lembra de aplicar exatamente o mesmo princípio quando a economia cresce?

O Euro acentua as desigualdades entre emprego público e privado


Por vezes, como liberal que sou, também gostaria que não estivéssemos no Euro. As pessoas de esquerda ignorantes em economia e dependentes do estado, como alguns pensionistas e funcionários públicos, ignoram que é pelo facto de termos uma moeda forte, que lhes garante que não perdem poder de compra em tempos de crise. Todavia tal tem elevadas consequências para o setor privado, onde muitas pessoas passam a receber zero mensalmente com o aparecimento de crises económicas. O Euro acentua assim as desigualdades entre emprego público e privado. Pudéssemos nós desvalorizar a moeda com soberania monetária, e os dependentes do estado perderiam imenso poder de compra sem muito protesto social e sem imputar à economia privada um esforço considerável, melhorando assim a igualdade entre emprego público e privado e distribuindo o esforço de forma mais equilibrada entre os diversos setores da sociedade. Não esqueçamos que a soberania monetária é um excelente estabilizador automático para amortecer os impactos externos de uma crise, pois permite ao estado ajudar a economia com a impressão de moeda sem colocar em causa o equilíbrio das contas externas, pois com a consequente desvalorização cambial as exportações ficariam mais baratas e as importações mais caras. Com a impressão de moeda e consequente aumento da liquidez monetária, o governo poderia ajudar de forma muito mais robusta a economia, as empresas e os trabalhadores do setor privado que se encontram desempregados ou sem horário de trabalho. Claro que tal acarretaria desvalorização cambial, inflação e perda de poder compra real para as pessoas que têm rendimentos fixos e periodicamente garantidos, principalmente em relação aos produtos importados, sendo que estes compõem a grande maioria de produtos que os portugueses consomem (medicamentos, produtos eléctricos ou electrónicos, combustíveis, produtos agrícolas, veículos, etc.). Com a desvalorização cambial haveria mais equilíbrio e igualdade no esforço pedido à sociedade, pois os dependentes do estado perderiam poder de compra sem protestarem, e a economia privada teria apoios muito mais robustos. Este é mais um daqueles paradoxos sobre o qual qualquer pessoa de esquerda eurofóbica deveria reflectir.

E na função pública, não há lay-off em tempos de pandemia?


Quero deixar bem vincado que nestes tempos de pandemia valorizo muito, não o SNS em particular pois não passa de uma sigla, mas os médicos, os enferimeiros e todo o pessoal que tem auxiliado os enfermos a superar esta crise de saúde pública. Quem resolve os problemas são as pessoas, não as instituições per se, pois as segundas em última análise são compostas pelas primeiras. Contudo, e aí vem a adversativa, com a tele-escola precisamos mesmo de 150 mil professores? Não bastaria um por cada disciplina e ano lectivo, o melhor de todos, e depois para dúvidas usar-se-ia fóruns ou aulas de dúvidas, aliás como já acontece nas universidades com aulas teóricas e práticas? E os funcionários do estado que fazem atendimento ao público quando presentemente as repartições estão fechadas? E os auxiliares de educação, o que fazem com as escolas fechadas, auxiliam o professor no acesso à Internet? E os funcionários das cantinas escolares que não estão adjudicadas a empresas externas, estão a fazer comida para fora? E os funcionários da ASAE com os restaurantes fechados, inspecionam a higiene e segurança na casa dos portugueses? E os funcionários dos tribunais, auxiliam julgamentos por vídeo-conferência? E os funcionários do INEM quando houve um decréscimo acentuado no número de chamadas e ocorrências? E o parlamento com 1/3 dos deputados? Não há um único funcionário público em layoff, nem sequer apenas um. Quando perguntados os serviços o que estão a fazer nesta época de pandemia, dizem-nos imediatamente que "estão a fazer uma série de coisas úteis", tipo responder requerimentos por email em teletrabalho. Não seria da mais elementar racionalidade orçamental em época de pandemia, poupar recursos em áreas supérfluas do estado e alocá-los para os hospitais? Tivesse a Padaria Portuguesa o Orçamento de Estado a suportá-la, e os seus funcionários estariam todos na cozinha a fazer pão para fora ou a responder a dúvidas e requerimentos por email.

As euro-obrigações representariam uma enorme transferência de fundos do norte para o sul


A nossa esquerda política está para o dinheiro dos outros tal como as ninfomaníacas no cio estão para o sexo: insaciáveis. Ricardo Paes Mamede, um dos académicos sapientes que representa a esquerda em Portugal, referiu-se aos coronbonds como algo "simbólico". O académico é economista, mas a sua eurfobia patológica coloca o ideário à frente da matemática. Já nem me refiro sequer aos eurofóbicos "das humanidades" como Pacheco Pereira ou Daniel Oliveira, que falam do Euro ou da partilha das responsabilidades com uma ligeireza e um simplismo intelectuais que nem sequer merecem contemplação. Mas vamos às contas? É que o estado social, tão adorado pelos "humanistas", tal como sempre referiu Medina Carreira, não sobrevive sem o vil metal, até porque os médicos e professores, consta, jamais aceitarão receber o respetivo salário em sal.

Os eurobonds representariam uma transferência adicional de milhares de milhões de euros do norte para o sul, considerando o diferencial resultante nas taxas de juro. Os do sul passariam a pagar menos e os do norte passariam a pagar mais pelos juros, pois aplicar-se-á provavelmente uma média ponderada, considerando, por exemplo, que o PIB da Alemanha é 16 vezes superior ao de Portugal, e por conseguinte a influência da Alemanha em baixar as nossas taxas de juro é mutíssimo superior à nossa influência em aumentar as suas taxas de juro. Mas de quanto dinheiro falamos? Qual seria a folga adicional? É difícil de contabilizar, mas podemos imaginar o caso mais simples de um diferencial de 1% nas taxas de juro. Recordo que bastaria 1% de diferença nas taxas de juro, considerando a nossa dívida pública de 250mm€, para representarem cerca de 2,5 mil milhões a mais nas nossas contas públicas por ano. São 250 euros a mais por ano para cada português. Dá para construir dois grandes hospitais centrais por ano. Dá para aumentar 50€ em todas as pensões. É muito dinheiro! É desta grandeza de valores que estamos a falar quando se fala de eurobonds!

Atenção contudo que esta poupança nos juros não seria imediata, pois presume-se que tal só se aplicaria a nova dívida e não à dívida já contraída. Todavia seria este o nível de poupança a muito longo prazo. No seguinte gráfico que é do Eurostat vemos, respetivamente, as taxas de juro de Portugal e da Alemanha a longo prazo, ao longo de 2019, e reparamos que o diferencial é cerca de 1%. Não nos esqueçamos que a influência que a Alemanha teria em baixar as nossas taxas de juro seria muito superior àquela que teríamos em aumentar as suas, considerando que o seu PIB é 16 vezes superior ao nosso.

Taxas de juro a longo prazo, a verde Alemanha, a azul Portugal
Fonte: Eurostat

Além disso, a entrada no Euro já representou de certa forma uma mutualização da dívida, e para tal basta olharmos para as taxas de juro dos diferentes países antes e depois da entrada na moeda única, tal como é visível no gráfico seguinte. Aliás, foi esse abaixamento das taxas de juro que permitu que políticos despesistas e demagogos como Sócrates pudessem ter aumentado a nossa dívida pública para patamares nunca antes vistos, os tais patamares estratosféricos da dívida que a referida esquerda acusa o Euro de ser o vil responsável. Com os eurobonds o risco de despesismo seria novamente um problema, pois facilitaríamos novamente o crédito barato que nos faria certamente aumentar novamente as dívidas pública e privada.


É muito fácil pedir solidariedade aos holandeses na partilha de responsabilidades de uma dívida, quando a maioria dos portugueses jamais estaria disponível para ser fiador do seu melhor amigo.

The Greta Virus is finally working


The Greta Virus is finally working: consumerism has plummeted, pollution and Greenhouse Gases have significantly dropped, traffic casualties decreased dramatically and nature has risen in places often crowded by people. According to the same World Health Organisation that declared this virus a pandemic, more than 1 million people die yearly due to air pollution and more 1.3 million die due to traffic casualties. No, I am a full atheist and hence I don't believe either in the mumbo-jumbo which refers that the virus is a curse set upon Mankind for misbehaviour against the nature. Viruses exist already since the primordial of life wherein our fish-like ancestors had no opportunity to buy diesel SUV's. Nonetheless facts are facts. As long as the food production and food supply chain are not severely affected, the final net balance will be positive for Mankind, paradoxically! As Socrates used to say, the populace is a wild beast, and hence just general panic is able to hinder the thirst and the psychosexual desire for the next buy.