E quem combate a ciclofobia?


Livro de reclamações preenchido
Ontem, um dia comum do Senhor de 2012, decidi ir ao LIDL às compras. Confesso que me apraz bastante esta empresa multinacional alemã de distribuição alimentar, pela qualidade dos seus produtos, pela simpatia dos seus funcionários, e por um preço extremamente acessível dos seus produtos de qualidade. De referir ainda que o LIDL tem apenas os produtos alimentares essenciais a uma vida saudável, ao contrário de outras cadeias que impelem o cliente ao consumo intensivo e abusivo de futilidades e de produtos que não precisamos. Neste sentido quero referir que considero o LIDL (apesar de ser uma empresa não nacional) uma empresa de excelência.

No entanto há algo que me revoltou intensamente. Chego eu ao LIDL de Cabo Ruivo, e deparo-me com um parque de estacionamento para cerca de 150 automóveis, com uma área aproximada de 1 hectare (quadrado de 100 metros por 100 metros). E quando chego eu na minha bicicleta, como cliente assíduo do LIDL, deparo-me com um parque de estacionamento gigantesco, ocupado aproximadamente só em 20%, onde nem sequer se reservou um único espaço diminuto de 10 m^2 para o estacionamento de bicicletas. Bastaria ter prescindido de dois lugares de automóveis, num universo de 150, para dar lugar ao estacionamento de bicicletas. E disse-me a funcionária que eu não era o único a ter esse problema e que os outros ciclistas tinham que improvisar e inventar sítios para prenderem as suas bicicletas, como postes de anúncios publicitários, ferros de suporte ao sistema que recolhe os carrinhos de compra, etc.

Rogo a todas entidades: acabemos com a ciclofobia! Se todas as minorias são e devem ser respeitadas – eu tenho consciência que pelo facto de não ter carro e me deslocar somente de bicicleta, e por vezes de transportes públicos sou uma minoria – porque razão as pequenas peculiaridades que facilitam a vida aos ciclistas não são projetadas? Estamos a falar de coisas tão simples e tão baratas que fazem toda a diferença, como sendo um simples ferro preso a uma parede para se prender uma bicicleta. Por exemplo, congratulo o centro comercial Vasco da Gama por ter contemplado um parque para bicicletas à entrada do centro, e que por norma está quase sempre ocupado.

Se diversas entidades são obrigadas a colocar elevadores extremamente dispendiosos em escadas para pessoas de cadeira de rodas (acho muito bem) para lhes facilitar os acessos e o quotidiano; se todas as estações de metro têm de ter elevadores para facilitar o acesso às pessoas com mobilidade reduzida e a invisuais (acho muito bem); se todos os elevadores já vêm com os botões com caracteres em Braile para facilitar a vida aos invisuais (acho muito bem); se diversos telejornais da televisão, assim como outros eventos televisivos, já dispõem da informação em linguagem gestual (acho muito bem) para facilitar a vida às pessoas com problemas auditivos; se as pessoas do mesmo sexo já podem contrair matrimónio; se as contribuições pecuniárias para minorias religiosas já podem ser deduzidas no IRS; por que é que a única minoria ostracizada continua a ser a classe dos ciclistas?

Descontente com o panorama que vislumbrava no parque de estacionamento do LIDL, pedi o livro de reclamações, ficando assim esperançado que de futuro, prescindam no seu enorme parque de estacionamento com um hectare para 150 carros, de uns míseros dois lugares de estacionamento para os ciclistas poderem estacionar as suas bicicletas.

E por que é que o LIDL, uma multinacional alemã de distribuição alimentar, cujo país da sede respeita a bicicleta e onde é um meio de transporte comum e bastante usado, quando chega a Portugal não dedica uns míseros 10 metros quadrados para um baratíssimo parque para bicicletas? Devido a este facto, pedi o livro de reclamações, cuja cópia anexo. Faço um repto a todos os ciclistas que façam o mesmo, obviamente com bom senso e moderação, pois o livro de reclamações ainda poderá ser um meio útil para pressionar as grandes cadeias e as grandes empresas a respeitar os ciclistas.

2 comentários:

  1. Assim é que se fala......

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  2. Acho que tem razão no que escreveu. Também ando de bicicleta e vou fazer o mesmo no livro de reclamações do LIDL.

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