Astrologia como ciência exata: astronomia, psicologia infantil e evolutiva




Antes de mais, faço uma apresentação académica da pessoa que escreve este texto. Tive uma componente académica fortemente influenciada pelas ciências ditas exatas, pois sou licenciado em engenharia, tendo tido diversas cadeiras de matemática, cálculo, análise e física; e sou explicador de matemática ao nível universitário. O que quero relevar é que sou um indivíduo fortemente influenciado academicamente por uma componente cientifica forte e presente, ao nível da matemática e da física, como tal tentarei apresentar um paradigma muito mais científico da Astrologia, que combine astronomia, união aliás que era natural na antiguidade; com psicologia social e evolutiva, e que confira à Astrologia uma componente científica válida. Explicarei também porque é que a Astrologia é ridicularizada e ostracizada no meio académico.

A Astrologia (do grego astron, "astros", "estrelas", "corpos celestes", e logos, "palavra", "estudo") é definida nos compêndios como a pseudociência segundo a qual as posições relativas dos corpos celestes podem, hipoteticamente, prover informação sobre a personalidade, as relações humanas, e outros assuntos mundanos. Refere ainda que a comunidade científica considera que a Astrologia é uma pseudociência ou superstição, uma vez que, até hoje, nenhum astrólogo apresentou evidências oficiais acerca da eficácia de seus métodos.

No entanto também refere que os registros mais antigos sugerem que a Astrologia surgiu no terceiro milénio antes de Cristo. Ela teve um importante papel na formação das culturas, e a sua influência é encontrada na Astronomia antiga, nos Vedas, na Bíblia, e em várias disciplinas através da história. De facto, até à Era Moderna, Astrologia e Astronomia eram indistinguíveis. A Astronomia começou a divergir gradualmente da Astrologia desde o tempo de Ptolemeu, e essa separação culminou no século XVIII com a remoção oficial da Astrologia do meio universitário.

Apresentarei de seguida alguns conceitos que darão à Astrologia, estou esperançado dados os meus parcos conhecimentos ao nível da astronomia ou astrofísica, alguma credibilidade, e explicarei porque é que a mesma é descredibilizada.

O cosmos e os movimentos cíclicos

O cosmos, por natureza, obedece a movimentos cíclicos. Tudo na Natureza e no Universo tem uma componente cíclica ou periódica muito marcada, essencialmente devido às órbitas dos planetas em torno de astros e de outros planetas e aos movimentos de rotação dos próprios planetas e de outros corpos celestes. Estes movimentos orbitais a que o planeta Terra e a Lua também obedecem, influenciaram marcadamente a vida como a conhecemos, desde o nascer do dia, até ao anoitecer, as estações do ano com as suas diversas vertentes na fauna e na flora, as marés que tanto influenciam a vida marinha e também terreste, as fases da Lua, e também os ciclos de vida de muitas espécies vegetais e também animais.

Os movimentos cíclicos estão na base da inércia natural do cosmos. Apesar de presentemente os cientistas crerem que o Universo teve um início, que aconteceu há cerca de 14 mil milhões de anos, com a denominada Grande Explosão, também conhecida por Big Bang; desde muito cedo que a inércia do Universo assenta em movimentos periódicos, desde a rotação das galáxias em torno de um eixo onde se situam os súper massivos buracos negros, à rotação de corpos celestes em torno de outros num movimento periódico. Aliás, na mecânica clássica, muitas vezes decompõem-se os movimentos dos corpos, ou dito de uma forma mais formal, a velocidade, nas suas duas componentes, a componente de translação e a componente de rotação, sendo que a de rotação por natureza obedece a um período, e a de translação pode ou não obedecer a outro período distinto. No caso dos planetas, ambas as componentes têm essencialmente um fator periódico, tendo a componente de translação um traçado essencialmente elíptico. Embora os cientistas creiam que o Universo esteja ainda em expansão, com a matéria a afastar-se entre si, os corpos celestes não deixam de obedecer a certas interatividades, que obedecem a certos períodos. Por exemplo, a rotação da Via Láctea sobre o seu eixo tem um período de 15 a 50 milhões de anos, existindo também períodos cíclicos em outras galáxias distantes, e também no movimento de corpos celestes irmãos que giram entre si em torno de um centro de massa comum.

O Universo está então em expansão, desde a Grande Explosão, ou seja, desde o desencadeamento inicial, a singularidade cosmológica inicial, o “nada” filosófico, abstrato e absoluto; e desde então, desde há cerca de 14 mil milhões de anos que o Universo se aumenta num movimento expansionista, fazendo com que os seus corpos detenham uma componente da sua velocidade que é centrífuga e aparentemente sem qualquer vertente periódica, limitando-se as galáxias a afastarem-se do centro do Universo. No entanto há teorias cosmológicas que preveem que após um período de expansão virá um período de detração do Universo até um Colapso Final, denominado por Big Crunch, e até há ainda teorias que preveem que após essa detração final, o Universo renascerá com uma nova Grande Explosão, sendo que até neste fenómeno cosmológico a grande escala poderá existir periodicidade. Estas teorias baseiam-se nos modelos cíclicos do Universo que o tornariam num Universo oscilatório, criando o denominado Big Bounce (Colapso e Explosão de seguida). Mesmo se nos cingirmos à questão do expansionismo do Universo e da componente centrífuga da velocidade dos corpos celestes, limitando-se os mesmos a afastarem-se do seu centro de massa, estes, talvez devido a uma inércia rotacional inicial, não deixam de ter movimentos rotacionais e de translação elíptica em torno de outros corpos celestes, criando a multitude de periodicidades que também inclui o nosso sistema solar, o planeta Terra e a Lua.

Na matemática, há uma função que define de uma forma pura e abstrata este género de movimentos periódicas, estas são a função seno e a função cosseno. Estas duas funções têm uma interatividade recíproca extremamente interessante, pois a função seno é na realidade apenas a função cosseno deslocada pi/2 no eixo das abcissas. De referir ainda que cosseno e seno podem obter-se reciprocamente através da derivada de um ou de outro. Estas duas funções representam de forma intelectualmente abstrata toda a periodicidade dos fenómenos astronómicos. Aliás, uma combinação deste género de funções forma as denominadas séries de Fourier que são usadas para entender um vasto número de fenómenos físicos periódicos. Pode-se fazer referência também à função matemática rotacional que pode ser aferida na física a título de exemplo para os campos magnéticos dos astros, e que resulta num vetor que nos dá a propensão infinitesimal num dado ponto para a rotação de um corpo sujeito a um campo; é deveras crível no meu entender que os campos presentes na singularidade cosmológica inicial da Grande Explosão, tivessem um vetor rotacional bem definido, o que explica o facto de muitas teorizas cosmológicas presentes considerarem o universo como quase geometricamente plano.

Os movimentos periódicos estão então bem presentes no Universo, e consequentemente no planeta Terra e na Lua em seu movimento translacional e rotacional. É assim muito plausível que a vida na Terra, que se crê ter surgido há cerca de 3,5 mil milhões de anos, mil milhões de anos após a criação do próprio planeta Terra, tenha desde o início sido fortemente influenciada por estes movimentos periódicos a que o planeta Terra estava sujeito, sendo a manifestação mais evidente o dia e a noite, que surgem devido ao movimento rotacional da Terra em torno do seu eixo de rotação, e do movimento de translação em torno do Sol, fonte de luz e calor.

A hipótese mais aceite para o sistema formado pela Terra e pela Lua, é a hipótese do Grande Impacto que um objeto exterior teria realizado na Terra, impacto esse que teria desviado o movimento da Terra, e em que esta com a sua gravidade teria atraído o objeto para que este girasse em torno dela, num movimento sistémico que hoje conhecemos. Esse impacto teria alterado a direção do eixo de rotação da Terra, e teriam surgido assim as estações do ano. De relevar que o eixo de rotação da Terra encontra-se hoje inclinado cerca de 23º, em relação ao seu plano de translação, o que origina as tão conhecidas estações do ano, como hoje as conhecemos, com a sua periodicidade anual.

Ora quando surgiram os primeiros antepassados do Homem, que se separaram evolutivamente dos primatas há cerca de 7 milhões anos, já estes fenómenos periódicos estavam bem presentes e bem definidos no planeta Terra. Aliás, a própria vida no planeta Terra surgiu já após estes fatores periódicos que estavam presentes no nosso planeta. Qualquer biólogo, zoólogo ou entendido nas ciências naturais, sabe que os fenómenos como as estações do ano, a fase do dia ou da noite, a fase da Lua, ou as marés causadas por esta, têm influências bastante significativas em vários fenómenos naturais. Podemos perguntar-nos então, por que razão deveria o ser humano, tendo sido parte integrante destes sistemas naturais durante milhões de anos, não ser influenciado por estes movimentos periódicos, como as estações do ano, o dia ou a noite? Os céticos acham que não. Teorizam o ser humano como um ente completamente desenraizado do seu sistema natural e desprovido de evolução primordial e natural, descredibilizando qualquer teoria astrológica.

Uma coisa demos certa por agora: os fenómenos periódicos estão bem presentes no Universo e na Terra, e o Homem presenciou fortemente esses movimentos durante milhões de anos durante a sua evolução enquanto espécie.

O Homem em simbiose com a Natureza

Quando os primeiros antepassados do Homem se separaram evolutivamente dos primatas comuns há cerca de 7 milhões de anos, já todos estes fenómenos naturais periódicos inerentes ao planeta Terra haviam surgido. Naturalmente, o Homo Sapiens que somos hoje, desde a sua evolução primária, desde há cerca de 200 mil anos, presenciou diariamente o nascer do Sol, o pôr-do-sol, e a cada ano presenciava as estações do ano, os solstícios e os equinócios, sendo que diversas civilizações ancestrais mais recentes marcavam estas efemérides com antas e menires que se encontram por diversos continentes.

Nos diversos estágios de desenvolvimento do que hoje entendemos como Homem, desde o antepassado mais antigo como o Australopitecos até ao Homem que hoje conhecemos, o Homo Sapiens; todos estes indivíduos presenciaram por diversos milhões de anos, os fenómenos periódicos, como as fases da Lua, as estações do ano, e até os fenómenos diários como o nascer e o pôr-do-sol. A questão que se poderá colocar é: será que estes fenómenos naturais com periodicidades diferentes afetaram o comportamento humano? Os céticos dizem que não, pois eu creio fortemente que sim. Qualquer naturalista sabe que as marés influenciam diversas espécies marinhas, que as fases da Lua influenciam diversos insetos na sua reprodução, que as estações do ano influenciam fortemente toda a flora e a fauna, que a própria fase do dia, influencia o comportamento animal e vegetal; porque estaria o Homem ausente então de toda esta simbiose? O Homem durante milhões de anos presenciou todos estes fenómenos e conviveu com eles adaptando-se. Enquanto ainda nómada, aproveitava a primavera por exemplo para colher os frutos que desabrochavam e para caçar, no Inverno recolhia-se e levava uma vida de maior carências, viva e desfrutava mais do meio que o envolvia no verão pois os dias eram maiores, do que no inverno; e a cada período de 28 dias aproveitava a lua cheia, única fonte natural de luz durante a noite, para talvez desfrutar da noite.

E será que estes fenómenos periódicos que o Homem presenciou durante milhões de anos nos afetam nos dias de hoje? Existirá alguma reminiscência comportamental na espécie humana? Ou seja, será que houve um registo comportamental ou empírico na nossa espécie, que afete a forma como hoje pensamos e agimos, ou será que hoje somos meros entes que não guardamos quaisquer resquícios dos fenómenos comportamentais dos nossos antepassados? Creio verdadeiramente que o primeiro caso é o verdadeiro e há vários estudos que o comprovam de diversos antropólogos, estudiosos da psicologia evolutiva, outros cientistas e até tratados filosóficos.

Comecemos por um exemplo que eu acho paradigmático destes fenómenos comportamentais dos nossos antepassados que hoje nos afetam instintivamente. Diversos psicólogos e cientistas sempre se questionaram porque é que atraía aos homens, mulheres com ancas largas com a devida proporção, e seios volumosos, também com a devida proporção. Ou seja, a questão que se colocava era saber se existiria alguma referência universal da beleza feminina independentemente da época, cultura ou etnia. E a conclusão foi fascinante. Os antropólogos concluíram que independentemente da época ou cultura, atraía aos homens, mulheres cujas proporções entre cintura e anca obedecessem à proporção de dois terços, que está tão amplamente difundida na moda com a questão do noventa, sessenta, noventa. Descobriu-se também que no renascimento e até na idade média, as mulheres ditas atraentes eram todas mais obesas que as da atualidade, mas nesse ideal de beleza estava patente a proporção de dois terços entre a anca e a cintura. Fez-se também um estudo às proporções das mulheres no concurso de Miss Universo dos anos vinte, e concluiu-se que todas pesavam em média bem mais quilogramas que as da atualidade, mas todas obedeciam em média à proporção de dois terços entre anca e cintura. E concluíram que este fenómeno era transversal a todas as culturas e todos os povos. Haviam assim descortinado uma espécie de proporção bela universal feminina. E posteriormente questionaram-se o porquê desta proporção específica. E a conclusão foi ainda mais brilhante: mulheres que têm a proporção de dois terços entre a cintura e a anca são mais férteis que as demais. E estes fenómenos e características de fertilidade estão bem patentes na atratividade sexual feminina, desde os seios protuberantes, os lábios voluptuosos, o rabo destacado; pois as mulheres que detêm estas características são estatisticamente mais férteis que as demais, devido a questões hormonais. Então, o homem primordial, na natureza, na selva e na savana primitivas, dava fortes preferências às mulheres férteis, sendo estas as mais prediletas pois poderiam dar continuidade genética e sanguínea ao macho que procurava parceira.

Aliás, estes fenómenos de fecundidade e de comportamento individual apreendido através da espécie ocorrem em toda a fauna e toda a flora. As flores apresentam pétalas belas e atraentes para os insetos, para que estes as procurem e espalhem as suas sementes, em troca de néctar açucarado que oferecem a estes. Mas se estas, na generalidade, não oferecessem o dito néctar e mantivessem somente a aparência, os insetos nunca as procurariam. Cada indivíduo de uma espécie de inseto fá-lo, porque sabe instintivamente através da evolução, que as flores providenciam nutrientes vitais para a sua sobrevivência, mantendo-se uma simbiose interessantíssima entre a flora e a fauna. Já Schopenhauer, filósofo alemão reconhecido, referia diversos aspetos aos quais me refiro na sua “Metafísica do Amor”.

O ser humano é na realidade um indivíduo que combina uma capacidade de abstração, uma capacidade racional que nos providencia aspetos como a linguagem ou o pensamento. Cada indivíduo é moldado pela cultura do local de onde provém, pelos costumes, pela educação familiar, social ou mesmo do estado; mas não deixa também fortemente de ser um registo genético e mesmo comportamental de milhões de anos de evolução da nossa espécie.

Por exemplo a questão do medo, é particularmente interessante neste paradigma. Enquanto, que por exemplo, há alguns tipos de medo que surgem através da aprendizagem, como quando uma criança cai num poço e se esforça violentamente para de lá sair, sofrendo devido ao frio da água e à aflição; esta criança originará um adulto que guarda um medo instintivo aos poços ou aos locais fechados; há no entanto outros géneros de medos que são comuns nas espécies, e que surgiram através da evolução, marcando o aspeto da reminiscência que foi referido. Do ponto de vista da psicologia evolutiva, medos diferentes podem na realidade ser diferentes adaptações que nos foram úteis no nosso passado evolutivo. Diferentes medos podem ter sido desenvolvidos durante períodos de tempo diferentes. Alguns medos, como medo de alturas, parece ser comum a todos os mamíferos e desenvolveu-se durante o período Mesozoico. Outros medos, como o medo de serpentes, pode ser comum a todos os símios e desenvolveu-se durante o período Cenozoico. Ainda outros medos, como o medo de ratos e insetos, parece ser único para os seres humanos e desenvolvido durante o Paleolítico e Neolítico, períodos de tempo em que os ratos e insetos se tornaram portadores de doenças infeciosas importantes e prejudiciais para as culturas e alimentos armazenados. O medo é um mecanismo de aprendizagem, mas também evolutivo de sobrevivência da espécie, e do indivíduo particularmente.

Os problemas de sobrevivência, portanto, originaram na evolução do ser humano adaptações físicas e psicológicas, em que os principais problemas que os nossos antepassados ​​enfrentavam estavam relacionados com a seleção e aquisição de alimentos, seleção de território e abrigo físico, e evitar também predadores e outras ameaças ambientais. Aliás, a influência evolutiva da nossa espécie está ainda tão vincada na forma como hoje pensamos e agimos, individualmente ou em sociedade, que tal está bem plasmado em qualquer manual ou tratado de psicologia evolutiva. Há mesmo cientistas nesta matéria que referem que na realidade a mente é resultado da seleção natural e seleção sexual.

Este tópico serviu apenas para demonstrar que os fenómenos comportamentais de indivíduos de uma certa espécie repetidos ao longo de vários milhões de anos, devido a certas questões, como ambientais, sexuais ou de ameaças predatórias, afetam o comportamento instintivo individual de cada indivíduo de uma dada espécie, e particularmente o Homem moderno. O que quero referir, e creio que tal é na generalidade aceite por todos os cientistas, é que as espécies também “aprendem”, e os fenómenos que os nossos antepassados presenciaram durante milhões de anos, influenciam-nos na forma como hoje pensamos e agimos, individual e coletivamente.

É compreensível então, que os diversos fenómenos periódicos que o Homem presenciou durante milhões de anos na Natureza e no meio que o envolvia, afetem a forma como hoje pensa cada indivíduo da espécie humana.

A infância do ser humano molda a sua personalidade de adulto

Uma das fases mais importantes na vida de um ser humano, e tal é geralmente consensual entre os investigadores e cientistas, é a fase da infância com os seus diferentes estágios de desenvolvimento. Uma das correntes do desenvolvimento psicológico do ser humano que é aceite é a Teoria Cognitiva de Jean Piaget.

Através do estudo no campo da educação Piaget focou-se em termos como acomodação e assimilação, termos cunhados por si. A assimilação é descrita como o processo em que as crianças percebem e se adaptam às novas informações que recebem. É o processo de recolha de informações do seu ambiente envolvente e de novas informações e encaixando-as em esquemas cognitivos pré-existentes. A assimilação ocorre quando os seres humanos são confrontados com novas ou desconhecidas informações, e se remetem a informações anteriormente apreendidas, com o intuito de estas fazerem sentido. Acomodação, ao contrário de assimilação é o processo de recolha de informações do ambiente envolvente, e alterando os próprios esquemas pré-existentes, com o intuito de enquadrar a nova informação.

O desenvolvimento cognitivo de Piaget

Através de uma série de estágios, Piaget explicou as formas pelas quais as características da criança são construídas, e que conduzem a certos tipos específicos de pensamento; esta categorização é denominada por Desenvolvimento Cognitivo. Para Piaget, a assimilação é a integração de elementos externos nas estruturas de vidas ou ambientes ou aqueles que o ser humano pode ter através da experiência. É através da assimilação que a acomodação é derivada. A acomodação é imperativa pois é através desta que os seres humanos interpretarão novos conceitos ou esquemas. A assimilação é diferente de acomodação pela forma como se relaciona com o organismo interior em relação ao ambiente. Piaget acreditava que o cérebro humano está programado através da evolução para manter o equilíbrio, e para forçar um processo que mantivesse o equilíbrio onde este não existia. O equilíbrio é o que Piaget acredita que em última instância, influencia as estruturas devido aos processos internos e externos através da assimilação e da acomodação.

Segundo a teoria de Jean Piaget de desenvolvimento, existem quatro estágios de desenvolvimento cognitivo. O primeiro estágio é o estágio sensório-motor, que começa no nascimento e se estende até a criança ter cerca de dois anos de idade. Durante esta fase as crianças adquirirem o conhecimento através das suas ações, facto que lhes permite lidar e manipular diretamente objetos em seu redor. Também ganham conhecimento prático sobre os efeitos das suas ações, como agarrar ou empurrar objetos. Um marco importante nesta fase é "permanência do objeto", que ocorre no final do estágio, onde a criança se apercebe que só pelo facto de não poder ver um objeto, tal não significa que não exista. O segundo estágio é a chamada fase pré-operatória e aparece entre o nascimento e os dois anos de idade. Nesta fase as crianças começam a desenvolver as suas capacidades de raciocínio e conseguem usar palavras, símbolos e imagens para representar o mundo. A terceira etapa começa com cerca de sete anos de idade e denomina-se por fase operatória-concreta. Esta é a fase onde a criança começa a conceber raciocínios lógicos, mas apenas ligados a atividades concretas e tarefas, o que significa que pode tecer relações lógicas e pensar em uma determinada sequência. Quando a criança entra na adolescência, a partir dos 12 anos, entra na fase final, a chamada fase operatória-formal. Nesta, a criança começa a raciocinar abstratamente, entendendo a título de exemplo alguns conceitos de aritmética ou álgebra. A representação agora permite a abstração total. A criança não se limita mais à representação imediata nem somente às relações previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis logicamente buscando soluções a partir de hipóteses e não apenas pela observação da realidade. Em outras palavras, as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento e tornam-se aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de problemas.

Em todas estas fases, compreende-se perfeitamente a importância dos fatores exógamos, ou seja exteriores, para definirem o desenvolvimento da criança. A criança age em relação ao mundo exterior, enquadrando-se nos termos da assimilação e acomodação de Piaget. O mundo empírico da criança é fulcral para tecer o seu desenvolvimento intelectual e comportamental. Outra teoria da psicologia do desenvolvimento é a de Freud, sendo uma teoria muito mais sexuada, não deixa de ser interessante pois vinca claramente o quão importante é a infância, para moldar os comportamentos do adulto.

O desenvolvimento psicossexual de Freud

No desenvolvimento psicossexual de Freud, as diversas fases do desenvolvimento da criança, a fase oral, anal, fálica, latente e genital, são de extrema importância para definir o comportamento do adulto em relação a si mesmo e em relação à sociedade, pois a forma como a criança lida com o seu corpo e com o meio que a rodeia influenciarão de forma muito premente, os seus comportamentos em adultos.

A primeira fase do desenvolvimento psicossexual é a fase oral, abrangendo a fase desde o nascimento até a idade de dois anos, em que a boca da criança é o foco da satisfação libidinal derivado do prazer de se alimentar no peito da mãe, e da exploração oral do meio ambiente que a envolve, isto é, a tendência para colocar objetos na boca. A líbido domina, porque nem o ego nem o superego estão ainda totalmente desenvolvidos, e uma vez que o bebé não tem ainda personalidade, cada ação está baseada no princípio da procura do prazer. O desmame é a experiência fundamental na fase oral do bebé no desenvolvimento psicossexual, o seu primeiro sentimento de perda devido ao facto de perder a intimidade física da amamentação no peito da mãe. Contudo, o desmame aumenta na criança a autoconsciência que ela não controla o meio ambiente, e assim aprende a obter uma gratificação ou prazer adiados, o que leva à formação das capacidades para a independência (consciência dos limites do eu) e confiança (os comportamentos que levam a gratificação). No entanto, uma fase oral frustrada, ou seja, muito pouca gratificação ou satisfação do desejo, pode levar a uma fixação da fase oral, caracterizada por formar um adulto com características como passividade, ingenuidade, imaturidade, otimismo irrealista, que se manifesta em uma personalidade manipuladora devido à malformação do ego. No caso de satisfação em excesso, a criança não sabe que não controla o ambiente, e que a gratificação não é sempre imediata, formando assim uma personalidade imatura e muitas vezes irreverente. No caso de a satisfação ter sido reduzida na fase oral, a criança pode tornar-se um adulto passivo ao saber que a satisfação não é iminente, apesar de ter produzido o comportamento que poderia conduzir à satisfação, degenerando em personalidades mais cautelosas, retraídas e passivas.

Acompanhando a maturidade fisiológica para controlar os esfíncteres (2-3 anos de idade), a atenção da criança dirige-se da zona oral para a zona anal. Essa mudança proporciona outros meios de gratificação libidinal, o erotismo anal, bem como de expressão da agressividade emergente, o sadismo anal. A musculatura é a fonte do sadismo e a membrana da mucosa anal, a fonte da pulsão erótica de natureza anal. A pulsão sádica, cujo objetivo contraditório é destruir o objeto e também, ao dominá-lo, preservá-lo, coincide com a atividade; enquanto que a pulsão erótica-anal relaciona-se com a passividade. A interação entre esses dois componentes instintivos é a seguinte: ao alvo bipolar do sadismo corresponde o funcionamento bifásico de expulsão e retenção do esfíncter anal e seu respetivo controlo. Desse modo, as polaridades entre erotismo e sadismo, expulsão e retenção são expressas em conflitos relacionados à ambivalência, com passividade e atividade, dominação, separação e individuação. Excesso de ordem, parcimónia e obstinação são traços característicos do caráter anal. Ambivalência, desmazelo, teimosia e tendências masoquistas representam conflitos oriundos desse período. Vários aspetos da neurose obsessivo-compulsiva sugerem fixação anal. Nesse estágio, os significados simbólicos de dar e recusar, atribuídos à atividade de defecação, são condensados por Freud numa equação que correlaciona fezes com presente ou mesmo dinheiro.

Freud define a fase fálica, entre os 3 e 5 anos de idade, subsequente às fases oral e anal, como sendo organizações pré-genitais. Essa fase corresponde à unificação das pulsões parciais sob a primazia dos órgãos genitais, sendo uma organização da sexualidade muito próxima àquela do adulto (fase genital). Freud compara as fases fálica e genital referindo que a fase fálica, onde se encontra um objeto sexual e uma certa convergência das tendências sexuais sobre esse objeto, mas que se diferencia num ponto essencial da organização definitiva por ocasião da maturidade sexual, com efeito, nesta fase apenas se conhece uma única espécie de órgão genital, o órgão masculino. Assim, Freud postula que meninos e meninas, na fase fálica, estão preocupados com as polaridades fálico e castrado e acredita que as crianças não têm nenhum conhecimento da vagina nesse período. A descoberta das diferenças anatómicas entre os sexos (presença ou ausência de pénis) motiva a inveja do pénis nas meninas e a ansiedade de castração nos meninos, pois o complexo de castração centraliza-se na fantasia de que o pénis da menina foi cortado. A principal zona erógena das meninas localiza-se no clitóris que, segundo Freud, é homólogo à glande, a zona genital masculina.

Uma competição psicossexual não resolvida em relação ao progenitor do sexo oposto pode produzir uma fixação da fase fálica levando uma menina a se tornar uma mulher que se esforça continuamente para dominar os homens, ou seja a inveja do pénis, ou uma mulher extraordinariamente sedutora (autoestima muito alta) ou uma mulher extraordinariamente submissa (baixa autoestima). Num rapaz, uma fixação da fase fálica poderá levá-lo a tornar-se agressivo, um homem demasiado ambicioso, vaidoso.

Freud refere ainda mais duas fases, que não abordarei em detalhe, a fase da Latência e a fase Genital. O que é importante asseverar por enquanto, é que independentemente da teoria cognitiva ou psicossexual de desenvolvimento do ser humano, independentemente da escola ou de qualquer corrente, um denominador comum bem vincado a todos os cientistas que estudam estes fenómenos psicológicos e comportamentais, é que a fase inicial do desenvolvimento ser humano, ou seja, enquanto criança ou bebé, é de extrema importância para definir a personalidade do adulto que se virá a formar.

A astrologia, ciência que combina astronomia e psicologia infantil e evolutiva

É aqui que entra a astrologia como ciência exata, ostracizada pelo mundo académico, ligado aos movimentos secretos, e ostracizada apenas devido ao seu forte poder no controlo e no conhecimento das psicologias individuais e coletivas. A Santa Igreja perseguiu os astrólogos, pois sabia do poder que tinham. A ciência moderna simplesmente ridiculariza-a e os astrónomos ignoram-na. E fazem bem, pois o campo científico da astronomia não é o dos estudos dos planetas enquanto tal, as suas massas, os seus campos magnéticos ou as suas órbitas, a astrologia baseia os seus princípios na psicologia e nas estações do ano.

Alguém que nasça no verão, caranguejo por exemplo, terá uma infância, mais precisamente os 6 meses após o seu nascimento, em que verá constantemente os dias a ficarem mais curtos. Esse progresso infantil, em que os dias ficam cada vez mais curtos, vai moldar na sua personalidade uma vertente passiva. O facto de a cada dia apanhar menos horas de luz do que no dia anterior, revelará que a cada dia apanhará dias com mais horas de escuro, e essa progressividade afetará a fase psicológica inicial do bebé, que por sua vez afetará a personalidade do adulto que se formará.

Já por seu lado, o carneiro, alguém que nasceu no início da primavera, verá os dias a crescer após o nascimento. Enquanto bebé ao presenciar o crescimento sucessivo dos dias, será alguém que terá uma personalidade ativa, será alguém mais racional, mais direto e menos passional. A astrologia baseia assim parte dos seus grandes fundamentos na psicologia infantil e nas horas de luz ao longo dos primeiros meses de vida do bebé.

O facto de vários milhões de anos de evolução terem moldado o lado psicológico do ser humano, faz com que o ser humano associe de forma indelével a primavera e o verão à vivência e à alegria, e o outono e o inverno à melancolia e ao recolhimento. Tal fenómeno é mais vincado, à medida que nos afastamos do equador. Na primavera o tempo torna-se mais ameno, mais agradável, propício para apreciar a natureza. No verão os dias são mais quentes e dependendo da zona, muito mais propícios à folia e à alegria. No outono é quando o processo se retrai e no inverno obtém-se o pico do recolhimento, quando as pessoas tendem a aproximar-se, a tornar-se mais próximas umas das outras visto que o ambiente exterior é inóspito e pouco convidativo. Os povos antigos tinham duas grandes efemérides para estes dois picos, no início do verão celebravam o solstício de verão, dia 21 de junho no hemisfério norte e o dia maior do ano. No pico do inverno temos a antítese ou seja, o dia 21 de dezembro no solstício de inverno. A igreja Católica apoderou-se de muitas destas efemérides para as datas cristãs. O Natal celebra-se praticamente no solstício de inverno. Todavia, estou em crer que a Igreja não era a única instituição que dominava estes assuntos. Presumo, e acredito sinceramente que outras ordens, como a Maçonaria também os dominassem. Magos, bruxas e outros indivíduos que supostamente dominassem estes assuntos eram considerados hereges e por norma condenados pela justiça cristã. É devido a esta perseguição, estou em crer, que a génese da Maçonaria se baseia no secretismo.

Milhares de anos de evolução incutiram então no Homem, pulsões inconscientes a cada estação do ano, e isto é algo que está de certa forma pré-programado no subconsciente humano. Quando uma criança após o nascimento se aproxima então do inverno com os dias a ficarem cada vez pequenos, esta criança será um adulto com uma personalidade passiva. Se todavia a criança nascer na primavera, verá os dias continuamente a ficarem cada vez maiores, esta criança será um adulto com uma personalidade ativa.

Descurar estes factos "astrológicos", é descurar factos científicos.

2 comentários:

  1. É realmente tisite ver um acadêmico com esse tipo de pensamento.

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    1. João Pimentel Ferreira31 de julho de 2017 às 09:32

      Quer debater Ciência ou quer comentar ad hominem o autor da mensagem?

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