A Liberdade e o liberalismo económico


Como podem ver no topo deste blogue, há muito que defini para mim mesmo onde se encontra uma das catedrais magnas do Filósofo: a Liberdade. Sigo a doutrina de Voltaire e para mim a Liberdade não está na moeda, ou na vã hipotética chance de um dia poder vir a ter os carros do Ronaldo (que por sinal não quero pois só me desloco de bicicleta), mas na Liberdade da escrita e do pensamento. No pensamento e na sua grafia está a Verdadeira Liberdade!

Incorrem num erro filosófico crasso aqueles que associam de forma direta liberalismo económico e Liberdade! Associar liberalismo económico e Liberdade, está na mesma relação entre libertinagem e Liberdade. Há que tentar compreender o conceito de Liberdade na sua vertente histórico-política. Para um budista ou para um monge, Liberdade é quando nos libertamos da clausura dos instintos, da lascívia, do desejo, do ódio, da raiva, do medo e atingimos a ascese máxima do ser superior. Para um mação, a Liberdade é quando atravessamos a passagem entre ser profano para neófito no processo de iniciação. Para um humanista ocidental foi quando nos libertámos dos esclavagistas. Para Marx, a clausura estava na imposição do Capital como única referência deificada sobre a qual o mundo económico oscila e que apenas serve para manter a burguesia no poder. Libertar o Homem do Capital para assim torná-lo verdadeiramente Livre. Para Mandela, Liberdade era poder ir a qualquer lugar que estava destinado apenas aos brancos, mas hoje um pobre na África do Sul, em teoria muito remota poderá frequentar qualquer lugar, mas é como se não pudesse, pois nunca terá dinheiro para entrar naqueles locais que lhe estavam antes interditos. O Apartheid já não é o da cor da pele, é o da carteira! Não é isto também um Apartheid? O Apartheid social?

Há quem ache que a Liberdade está na liberdade de movimento, mas países que se preconizam liberais como o Reino Unido, colocam fortes entraves à liberdade de movimento mesmo de cidadãos europeus, como no caso recente com os búlgaros e os romenos. Em Berlim antes da queda do muro, a zona ocidental da cidade não passava de um pequeno reduto de poucos quilómetros quadrados, rodeados de muros de betão. Todavia, apesar de terem milhares de quilómetros para percorrer até ao extremo leste da Rússia, os cidadãos de Berlim oriental saltavam para dentro desse pequeno reduto à procura daquilo que chamavam liberdade. Para os ateus a clausura está em Deus. Houve todavia um Filósofo na antiguidade que disse que só se sentiu Livre quando esteve preso pois ao ficar encarcerado, recebendo muito menos estímulos do exterior, pode verdadeiramente libertar o pensamento sobre pré-conceitos antes estabelecidos. Para Platão a Liberdade atingia-se quando o homem saía da caverna do pensamento, num processo que considerava doloroso. Para Voltaire, que sigo com minúcia, a Liberdade estava essencialmente no raciocínio e na Liberdade de expressão.

Os liberais capitalistas dir-me-ão que sou livre para com o meu dinheiro poder comprar o que quiser. Mas se auferir o ordenado mínimo estou matematicamente impossibilitado de comprar um Porsche, logo esse bem é-me vedado à partida. Num estado socialista esse bem é vedado, não por imposição social, mas por imposição administrativa e legal, o que torna a restrição mais passível de protesto, mas com resultados práticos iguais. Dou um outro exemplo bem mais coloquial em como o que por vezes se considera liberdade poderá não o ser. Se o caro leitor (se for uma leitora imagine o processo inverso) tiver uma colega de trabalho que além de ser casada, for gira e voluptuosa, será que estaria a ser verdadeiramente livre se a seduzisse para uma noite de prazer? Ao fazê-lo estaria a desrespeitar a sua mulher e o marido da sua colega. O que se faz então em economia perante estas situações é internalizar os custos externos das nossas ações. Neste caso se seduzisse a sua colega de trabalho, poderia por exemplo receber um número de chicotadas, em função da dor provocada ao marido da sua colega e à sua mulher. Em economia o processo é semelhante; deve imputar-se no preço final o custo externo das aquisições dos agentes económicos. Ora no mundo capitalista global nada disto acontece, porque as empresas mais não fazem que externalizar custos. Para que umas calças tenham um preço mais barato, milhares de pessoas trabalham como escravas no Bangladeche. O custo externo da sua condição de escravidão, não está imputado no preço que o consumidor final paga pelo produto. Assim o liberalismo capitalista viola também uma das premissas mais basilares da verdadeira Liberdade, ou seja, o respeito pela liberdade dos outros.

O liberalismo associado ao capitalismo é assim, do ponto de vista pragmático, não um caminho para a Liberdade do Homem, mas para a verdadeira clausura. Não precisamos aqui de estabelecer a pirâmide das necessidades da Maslow para percebermos que o homem moderno trabalha quase 1/3 da sua vida para saciar as suas necessidades que estão em segundo lugar no topo da pirâmide, como a auto-estima, a confiança ou a conquista. O homem moderno, por exemplo, trabalha vários meses por ano para pagar o seu carro, não para saciar a sua necessidade de mobilidade, mas para saciar muitas vezes a sua necessidade de confiança ou de conquista, sendo o carro em muitos casos uma questão de estatuto e de imagem pessoal perante a sociedade. Mas durante esses meses de trabalho o homem moderno destrói as necessidades mais prioritárias na hierarquia piramidal de Maslow, como a convivência com a família ou a sua saúde, destruindo também as necessidades que estão mais acima da pirâmide, como a própria estima ou a criatividade. Estatísticas dizem que a grande maioria dos trabalhadores ocidentais não gosta do trabalho que tem e apenas o faz por causa do dinheiro.

Onde entra então a liberdade no mundo capitalista moderno? O cálculo é simples, é-se escravo e mártir do trabalho 1/3 do tempo, para no outro 1/3 sentirmo-nos livres! O outro 1/3 é para dormir. Ou seja trabalha-se como um escravo, feito mártir nessas 8 horas por dia, numa coisa que por norma se detesta (vejam estatísticas de quantas pessoas gostam do que fazem) para nas horas livres poder-se adquirir os bens que vão saciar as necessidades do topo da pirâmide. Mas se a verdadeira Liberdade está no pensamento, o homem moderno poderia trabalhar menos horas por dia, libertar-se da escravatura dos bens frívolos que verdadeiramente não precisa em nenhuma das necessidades, e com o tempo extra ser mais Livre e ser mais Feliz.

Por isso, é completamente falso que o liberalismo económico preconize a Liberdade!

37 comentários:

  1. Devemos vedar o luxo a alguns, porque a maioria não pode a eles aceder? Qual a razão para fazer isso? Se fazem hóteis de 5 estrelas, onde não consigo dormir, devo ficar ofendido por isso? Sentir-me marginalizado?
    Está a defender que o "Apartheid social" só pode ser eliminado se todos ganharem rigorosamente o mesmo e se não houver flutuação de preços ( ou não haver preço algum). Mas se todos somos diferentes em talentos e capacidades, porque teremos de ser iguais em rendimentos?
    O trabalho escravo, no Bangladesh, é feito na agricultura de subsistência e na luta diária para ter algo para comer, beber, vestir. Os ocidentais gostam muito de achar que o nível e modo de vida que têm é o normal no resto do mundo, ou que está ao seu alcance ao virar da esquina. Mas não é.
    Quando se fala no trabalho assalariado em países extremamente pobres, devia lembrar-se que milhares de crianças se prostituem enquanto outras milhares procuram alimento nas lixeiras; que as mulheres são completamente dependentes e forçadas a casar ( quando não são mutiladas); que não existe água canalizada nem rede eléctrica; que o analfabetismo é a norma por não haver capacidade de investir na educação dos filhos ( o que leva o pobre a ter vários filhos na esperança de que alguns consigam sustentá-lo na velhice); que se morre de doenças que têm cura.
    Foi o trabalho que diz ser de "escravo" que tirou da miséria milhões de asiáticos nas últimas décadas, já para não falar dos Europeus e suas colónias. É essa "escravatura" que permitiu a existência da classe média. Ao mesmo tempo, é a ausência desse trabalho "escravo" que mantém milhões de africanos na miséria total, o que possibilita e torna quase norma a luta pelo poder de grupos armados.
    Por outro lado esquece-se, ou ignora, que se hoje a agricultura representa 5% da actividade económica nos países avançados, num passado não muito distante representava 80%. Tal significa que o progresso técnico tem tornado a agricultura mais produtiva do que alguma vez foi.
    Se acha que a agricultura da enxada, do boi e do arado permite a alguém trabalhar menos horas então desculpe mas sei que está enganado.
    Mas se existe progresso técnico é porque há pessoas que inventaram ferramentas capazes de aumentar a produção. Mas a invenção, por si só, nada faz. Tão importante como ela é a sua fabricação e comercialização. Para isso são precisas pessoas. "Escravos" que trocam o mundo agrícola pelo industrial, para ganhar mais. A indústria tornou possível a redução da jornada de trabalho, não só em horas mas também em dias por ano. Nunca tivemos tanto tempo disponível como agora. Temos fins de semana, feriados, férias, horário de trabalho. Um luxo que o antigo mundo agrícola nunca teve, nem os actuais países pobres têm.
    Suponha que se trabalhava menos, e que não se produziam coisas frívolas. O que se produzia então? Quem tomava essa decisão? A quantos pares de sapatos teria eu direito? De que côr? O que seria frívolo, e o que não seria? E o que faziam as pessoas que seriam libertadas dessa produção "desnecessária"? Voltavam à lavoura? À enxada?
    Diz que o homem moderno trabalha 6 meses/ano para pagar o carro. Acrescento eu que fala do homem moderno português. Mas e o homem moderno vietnamita? Ao fim de 6 meses, consegue comprar o quê?
    Conhece grupo com menos auto-estima que o dos desempregados? Quando a grande parte das pessoas do 1º mundo trabalham não na lavoura, nem em fábricas mas em serviços, a criatividade está condenada? Não serão os serviços muito mais exigentes em criatividade?
    Se grande parte dos ocidentais diz não gostar do que faz, então o mais certo é não terem ideia do que era viver 100 anos atrás ( para não ir muito longe).

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro Gonçalo, respondendo por partes.

      Porque não pergunta a um negro da África do Sul que viveu o Apartheid, "se fazem hóteis para brancos, onde não consiguia dormir, deveria ficar ofendido por isso? Sentir-se-ia marginalizado" considerando a sua condição de não branco?

      É uma pergunta retórica, que não tem resposta direta e que serve apenas para que reflita no denominado Apartheid social. O Apartheid social é atenuado (nunca será totalmente eliminado), com melhor distribuição de rendimentos e taxação elevada (muito elevada mesmo) de luxos.

      O que lhe direi poderá chocá-lo, mas os homens mais brilhantes, talentosos, capazes e marcantes da história universal, não consta que tivessem nem património, nem sequer muitos rendimentos: Cristo, Gandhi, Moamé, Newton, Sócrates, Platão, Pessoa, Shakespeare, Kant, Voltaire, Beethoven, etc. Obviamente que precisaram de ter sustento para desenvolver os seus trabalhos e as suas obras, mas nunca se deram ao luxo de ter luxos... e nem precisavam e nem queriam.

      Eu trabalho com patentes, e sei muito bem o que é o desenvolvimento tecnológico e valorizo-o bastante. Sim, a tecnologia ajudou o Homem a libertar-se para tarefas mais intelectuais e menos físicas, mas volto a reiterar que hoje o mundo ocidental consome bens de forma completamente desenfreada e insustentável, externalizando custos para os outros do terceiro mundo. Portugal é dos poucos países do mundo por exemplo onde há mais telemóveis que pessoas. E aquele rácio que leu do carro é comum a todo o ocidente, não apenas a Portugal.

      Metade das mortes de doenças respiratórias no mundo estão na China, e a China representa "apenas" 20% da população mundial. E esses 200 mil que morrem todos os anos na China de doenças respiratórias deve-se à poluição do ar, da indústria e dos automóveis, para que a nova classe média chinesa pudesse ter carro, e para que o Gonçalo pudesse ter um telemóvel acessível! Dantes o chinês comum trabalhava um mês no campo, para comprar o seu meio de transporte, a famosa bicicleta chinesa. Hoje trabalha 5 meses por ano na fábrica para pagar o seu carro, cuja massificação está a destruir completamente as cidades chinesas e onde em alguns dias nem se pode sair à rua e respirar.

      Desenvolvimento tecnológico sim, mas desenvolvimento sustentável, pois Terra há só Uma!

      E se precisarmos de regressar em parte aos minifúndios não vejo mal nenhum nisso. Grande parte das doenças cancerígenas do homem ocidental prendem-se com a má nutrição, muita carne, pouco fruta e poucos legumes e muito sedentarismo. A produção agrícola é muito mais barata e mais alimentícia que a produção pecuária, por isso "ajustemos". Se perante restrições orçamentais Portugal precisa de se ajustar, o que acho muito bem e concordo, à riqueza que produz e aos recursos que tem; também o mundo ocidental precisa de medidas de ajustamento ambiental e social e mais austeridade nos gastos. Menos consumo, menos dinheiro que se gasta, mais tempo livre para o prazer e para ser Feliz.

      Em relaçáo à Ásia. Se cada chinês voltar à bicicleta, por certo terão progresso sustentável, saúde e educação acessíveis a todos, aquelas coisas que eram de borla e de qualidade lá nessas "ditaduras comunistas"

      Eliminar
    2. Que o IRS seja progressivo acho bem. Mas não me choca que o Ronaldo ganhe milhões e o Postiga não.
      Apresenta uma série de nomes interessantes. Mas, para cada um deles quantas pessoas "normais" há? Se os 1os conseguem viver da mente, por terem um elevado QI, certamente que quem não tenha tal QI não consiga ter prazer em pensar. Será injusto que procurem outro tipo de prazer, ou só o prazer intelectual é válido?
      Mais marcantes que esses nomes, na sociedade actual, são os nomes Madonna, Lady Gaga, Messi, LeBron James, Bill Gates. Curiosamente, todos eles com elevado património.
      No seu link, a responsabilidade maior da má qualidade do ar deve-se ao uso de carvão nas centrais eléctricas. Aparentemente o problema não é o automóvel.
      Entre um carro e uma bicicleta, venha o 1º. Ando mais depressa, seco, e posso morar mais longe do trabalho. E a bicicleta, numa zona montanhosa, dói. Por haver carros há estradas, e por haver estradas é possível que haja ambulâncias rápidas, transportes de mercadorias que facilitam as trocas comerciais. Será possível produzir cerveja para todo o país se elas forem de bicicleta??? Ou se abre uma fábrica de cerveja em cada cidade, ou haverá cidades sem cerveja (se não gosta de cerveja, pode ser leite ou carne). Se avaliou os custos do automóvel, se calhar não contou com os benefícios.
      Num mundo de velocidades quase instantâneas, voltar a pedalar seria um gigantesco passo atrás.
      É nos países ricos que se faz reciclagem, onde os carros têm de limitar as emissões de CO2 e onde há ministérios e cada vez mais leis para tentar proteger o ambiente. No entanto, em vez de seguir para a frente enfrentar e tentar resolver os problemas, prefere andar para trás.
      A agricultura é uma actividade bastante poluente. Devasta-se florestas para ter terras. Os pesticidas poluem. Na pobreza, a energia mais barata é a queima de madeira, duplamente poluente. Somos poluentes, não interessa como.
      Se as pessoas morrem das causas que aponta não é por ignorância. Também não é por acaso que cada vez mais se vai ao ginásio. Se o cancro fôr vencido - e já o é parcialmente - não tem de o recear. A peste negra também já foi temida.
      Menos consumo significaria atirar milhões para o desemprego, por esse mundo fora. Aquilo que gasta é aquilo que alguém recebe. Se não receber de ninguém terá muito tempo livre para pensar no que fará no dia seguinte para se alimentar.
      Se os chineses andavam todos de bicicleta e eram tão felizes e prósperos, porque acabaram com a "ditadura comunista"? Porque saíram milhões de chineses da pobreza desde então?
      Sendo o capital humano o mais importante, ao saírem mais de 100.000 portugueses qualificados do país, em que é que vamos ajustar? Se está preocupado com a riqueza que se produz, valia a pena pensar que:1- 15% de desempregados significam milhares de não produtivos. Melhor seria que produzissem, pois essa produção seria suficiente para aliviar o peso da dívida, mais do que os cortes. 2-Daqui a 10 anos, se os que saíram não voltarem, seremos o povo mais velho do mundo e sem capacidade produtiva alguma.
      Não estamos a ajustar à riqueza que produzimos porque a produção está bastante abaixo da sua capacidade.

      Eliminar
    3. Caro Gonçalo, perdão pela resposta tardia, decidi hoje responder-lhe pois vi esta notícia.

      Eu não sei se percebeu a gravidade da situação. A competetividade é profícua quando existem recursos ilimitados à disposição dos agentes económicos. Quando houve a ocupaçâo do Faroeste americano, a competitividade foi produtiva para a ocupação de terras, a construção de vias e a agricultura, pois haviam vários recursos à disposição de quem chegava ao local (arrasaram comunidades indígenas inteiras mas isso é outra história). Quando os recursos todavia são limitados, a cooperação entre todos é a única solução. Na estação espacial internacional não há competitividade, há cooperação.

      Em relação à poluição, mas uma vez o que refere é um embuste. A Europa do Norte é um caso pragmático em como se pode ser produtivo e respeitador do ambiente, lá está: bons sistemas de transportes públicos, muitas bicicletas, etc. Em relação à energia, um comboio por exemplo tem um consumo por pax-km 60 vezes inferior ao carro! Lá está, não é preciso ir queimar madeira, basta fazer escolhas eficientes.

      Eu estava desempregado. Emigrei para a Holanda e tenho agora um ótimo trabalho. Um dia voltarei e por certo gastarei as minhas poupanças em Portugal. Não vejo mal nenhum nisso.

      Em relação ao dilema carro vs bicicleta rogo-lhe por favor que veja esta curta apresentação, que é muito sucinta e claro ao que me refiro.

      Cumprimentos

      Eliminar
    4. Caro Gonçalo, perdão, a apresentaçâo a que me refiro é esta.

      cumprimentos

      Eliminar
    5. Na notícia nada se refere quanto às causas da poluição.
      Hoje em dia o maior recurso é o conhecimento, que aumenta todos os dias, e que não é limitado. Ao usar um browser não priva ninguém de o usar também, ao contrário de um copo de água. Não é por acaso que as empresas de software estão no topo.
      A Europa do norte é desenvolvida, por isso consegue "lutar" contra a poluição. As pessoas podem ter formação escolar que as alertam e sensibilizam para esse problema, na China não se está nessa posição.
      A queima de madeira é regra onde não há electricidade nem gás, nada tem a ver com escolhas eficientes. Vá lá ao Congo dizer para andarem de comboio ( e que não seja a carvão, já agora).
      Não vejo mal nenhum em emigrar, no entanto é como diz, só vem gastar poupanças em Portugal. Mas o seu rendimento é maior, certo? E os impostos que paga, são cá ou aí?
      O dilema carro-bicicleta não existe. Eu por exemplo todos os dias ando mais de 100km e de bicicleta é impensável. Mas se andasse só 3km, nem de bicicleta ia, mas sim a pé. Está a analisar a situação em que as pessoas vivem a poucos kms do local de trabalho, e em locais de elevado tráfego mas nem todos estão nessa situação.

      Eliminar
    6. Caro Gonçalo

      Cito um jornal de referência:
      A Organização Mundial de Saúde (OMS) apresentou hoje um relatório que inclui a poluição do ar no grupo dos grandes factores de risco do cancro, especialmente cancro do pulmão. A poluição passa assim a ser classificada na mesma categoria do fumo do tabaco, da radiação ultravioleta e do plutónio, vistos como alguns dos factores externos e ambientais que mais podem levar ao aparecimento desta doença.

      As principais fontes de poluição do ar, de acordo com a OMS, são os escapes dos automóveis, as estações de energia eléctrica, as emissões de gases provenientes da indústria e agricultura, assim como o aquecimento que se encontra nas casas das pessoas.


      Fonte:http://sol.sapo.pt/inicio/Internacional/Interior.aspx?content_id=88264

      O conhecimento não é limitado, mas a energia que o mundo consome é. Nunca percebi porque os liberais portugueses apregoam - e muito bem - a sustentabilidade da segurança social, do estado social, da despesa pública em geral, mas estranhamente nunca se pronunciam contra a insustentabilidade energética do país. O seu argumento é o mesmo de um pensionista que viu a sua pensão cortada. "Sem os 300€ que o estado me cortou na pensão, já não posso fazer o que fazia." Resposta: "Não há dinheiro".

      Resposta à sua pergunta: "Não há energia". Solução: arranje um novo trabalho perto de casa, vá morar para o centro da cidade numa casa mais pequena, ou seja, faça o devido "ajustamento". Se não fizer agora, vai-lhe custar muito mais no futuro quando a energia ficar muito mais cara, e vai encarecer. A Europa é 80% dependente de energia. Não esteja à espera depois que o Estado lhe subsidie os combustíveis, lhe providencie autoestradas a todo e qualquer preço (como já faz, veja as PPP), que o faça pagar um IUC ridiculamente baixo comparando com o resto da UE, etc., etc.

      Cumprimentos

      Eliminar
  2. A liberdade que o capitalismo promove é a chamada liberdade negativa - a pessoa é livre de restrições impostas ativa e exteriormente por alguém. É o "ninguém te impede de fazer X". Aqui incluem-se o direito à propriedade privada, à vida e integridade física, liberdade de expressão e de religião, ausência de barreiras entre países, a não imposição de modelos de vida arbitrários, etc.


    Eu entendo o que quer dizer quando fala no trabalho e consumo. A situação que descreve equipara-se um dilema de prisioneiro, em que todos estão presos num equilíbrio negativo. Ainda assim, não tem a certeza se esse equilíbrio é de facto negativo. Não pode dizer que a diferença entre deslocar-se num Audi A5, num Golf ou andar de autocarro reside somente em estatuto social.

    Depois, mesmo sendo negativo, não é possível resolver o problema a não ser mudando as atitudes ou (pelo menos) o comportamento de um vasto número de pessoas. Pelas atitudes (que se traduziriam, mais tarde, nos comportamentos) é difícil, visto que é complicado uma minoria ter voz para uma população tão grande.

    Pela via (somente) do comportamento, não vejo outra via senão recorrer ao poder do Estado (ex: proibindo o consumo). No entanto, tal é moralmente dúbio, por limitar a liberdade individual. Imagine-se o Estado a probir num stand da Volkswagem a venda de Audi's A5 em detrimento de Golf's. Com isto, e perante a incerteza acerca do equilíbrio negativo, não me parece minimamente justificável que o Estado intervenha.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro Nemo

      Obrigado pela resposta. Em tempos dei uma apresentação num colóquio do CDS-PP sobre como a massificação do automóvel estava a destruir as nossas cidades. Alguém da plateia muito indignado, perguntou-me "como pode o Estado restringir-me a mim, o direito à minha liberdade de ter carro?"

      E a resposta é liminarmente simples: "a sua liberdade acaba onde começa a dos outros. Da mesma forma que o Estado impede-lhe de morar em Alfama no centro de Lisboa e poder estacionar 3 camiões TIR à porta de casa; e mesmo que a limitação não fosse apenas física (porque os camiões não cabem nas ruas de Alfama) não faria sentido o Estado deixá-lo levar três camiões TIR para as ruas de Alfama.

      O que se faz então em economia é internalizar no preços das coisas, o custo externo das ações do agente económico. Segundo a UE cada km percorrido de carro em Portugal tem um custo externo à sociedade de 0,15€.

      Eu poria o capitalismo numa parábola mais simples. Imagine uma prisão sem muros, mas com várias torres de controlo muito sofisticadas, com iluminação muito potente durante a noite, e com armas de calibre elevado e com elevada precisão e alcance, onde estão sempre guardas altamente qualificados e treinados 24 horas por dia. Aos presos é-lhes dito "Vocês são livres para fugir", mas os presos sabem que dos últimos 5000 que tentaram fugir, só um é que sobreviveu (o mais rápido, o mais ágil, o mais sortudo), tendo sido todos os outros abatidos. Esta é a liberdade capitalista...

      Eliminar
    2. Ok, está a entrar pela via das externalidades para justificar a intervenção do Estado. Considero esse ponto defensável desde que nos limitemos à poluição, no qual a UE deve ter baseado esse custo de 0.15€. Esse valor deverá ser internalizado pela via do ISP.

      Não me pareceu, contudo, que estivesse a falar de poluição, mas do que referi no meu comentário anterior. Aqui, ao contrário da poluição, em que estão bem assentes os danos que causa, a análise é mais turva. É fundamentalmente por isso que não me parece que se justifique a intervenção.

      Não é por o capitalismo alegar promover a liberdade negativa que ela tem de existir na sua forma plena. Tal é utópico, porque o ser humano vive em sociedade. As ações de uma pessoa repercutem-se em todas as outras, positiva ou negativamente. Isto é, as externalidades são um fenómeno omnipresente.
      A cultura é o maior exemplo dos outros a afetarem a nossa vida e pode ser acompanhada por externalidades negativas elevadas, se uma pessoa não se adaptar. No entanto, isto nada a tem que ver com o sistema capitalista, incapaz de remar contra uma cultura. Muito pelo contrário, por definição (promovendo a liberdade negativa), ele acaba por a ampliar.
      Parece-me estar a misturar capitalismo com a cultura ocidental. Se houver uma relação entre os dois conceitos, é o segundo a implicar o primeiro.

      Eliminar
    3. De acordo com Thomas Hobbes, "um homem livre é aquele que nas coisas que ele é capaz de fazer, por sua força e inteligência, não se vê impedido na realização do que ele tem a vontade de fazer." Esta é a frase sagrada do princípio ideológico da liberdade negativa, que está subjacente à ideologia neoliberal.

      Quatro pontos sobre este princípio!

      1. Naturalmente mesmo dentro deste princípio tem que haver respeito pela liberdade do próximo. Por conseguinte Hobbes estabelece que seria sempre necessário uma autoridade forte para impedir que os instintos primários se sublevem, pondo em causa liberdades consagradas do próximo. Interessante observar-se que países com regimes mais liberais, como EUA, ou Reino Unido, têm forças policiais e judiciais muito mais autoritárias e penas mais severas, em comparação com países que seguem a doutrina social europeia.

      Ou seja Hobbes, como muitos outros, estabelecem que devem haver limites ao nosso imenso espaço de liberdade, e que esses limites normalmente estão relacionados aos nossos instintos, onde a autoridade é necessária. Uma sociedade liberal capitalista, onde a publicidade, os média e as fontes de entretenimento mais não fazem que difundir imagens e estímulos instintivos, promove assim o aumento da criminalidade e a necessária autoridade, diminuindo por conseguinte a liberdade.

      2. Embora liberdade esteja relacionado com livre-arbítrio e autonomia, muitas vezes não conseguimos ser livres sem a ajuda de terceiros. Quem não tem as suas necessidades fundamentais saciadas por exemplo não pode tentar auscultar a liberdade, exatamente porque os instintos se sublevam. Neste caso, precisamos de ajuda de terceiros, como a família, uma instituição ou o Estado.

      O que o capitalismo promove sim, é o individualismo máximo, aumentando assim a competição e por conseguinte eventualmente a produtividade. Mas com estes pressupostos estão associadas pobreza, ostracização social e intelectual e elevadas assimetrias na distribuição de ativos, assim como um Estado febril controlado pelas grandes corporações!

      3. Na frase de Hobbes está subjacente a liberdade operativa ("capaz de fazer"), não a especulativa (liberdade para pensar), essa sim muito mais forte, pois o pensamento guia a ação do Homem. Mas para nos dedicarmos ao pensamento (literatura, arte, investigação) precisamos, tal como o ócio grego, de que nos sejam facultadas as necessidades básicas por terceiros, ou seja, o Estado.

      4. Num sistema capitalista você pode ser muito bom e capaz naquilo que faz, mas em última instância é o mercado que dita se o que você faz serve para alguma coisa ou não. O que é popular, nem sempre é bom e útil e vice-versa. Numa sociedade capitalista moderna Beethoven nunca conseguiria fazer uma das obras primas da música mundial, porque hoje em dia ninguém valoriza a música clássica como se fazia na sociedade vienense do séc. XIX, nem nunca Camões teria escrito os Lusíadas porque para o povo é "chato e maçudo".

      Eliminar
    4. Está a defender que os instintos são maus para a vida em sociedade, mas isso não é verdade. A não ser que nos tornemos como as formigas ou abelhas, que apesar de serem sociais diferem de nós num aspecto fundamental: a reprodução. Todos os humanos, ao contrário das formigas, podem-se reproduzir. Nós somos a herança dessa reprodução. Descendemos de alguém que viveu e teve filhos milhares de anos atrás. Renegar os instintos é renegar essa herança.
      Mas, por outro lado, também somos a herança dos grupos de humanos cuja aliança lhes permitiu reproduzir. Os humanos solitários foram esmagados por grupos organizados e não deixaram descendência.
      Somos simultaneamente sociais e individuais. Santos e pecadores. Anjos e demónios.
      Se não o fossemos, como conseguiria Camões escrever, e sobre o quê? Já agora, não consta que Camões tenha escrito para o povo, na altura esmagadoramente analfabeto.

      Se o capitalismo promovesse o individualismo máximo, não teríamos inventado a "empresa". É entre empresas que a competição é feroz, não entre indíviduos. E é por ser feroz, que investem em marketing, sinal não da sua força mas da sua dependência das nossas escolhas. Nunca o estado regulou tanto a actividade económica como no presente. Ao mesmo tempo, as despesas dos estados têm aumentado. É sinal de um estado febril?

      O pensamento não guia a acção. O que guia a acção é a emoção. Sem ela não conseguimos decidir e portanto agir.
      A arte é bem mais antiga que o Estado. O ócio grego era possível por terem escravos ( Esparta tinha mais escravos do que espartanos).

      A música de Beethoven chegou aos nossos dias, e ainda se vende. Não acredito que seja ouvida por menos pessoas agora do que era no séc XIX. Mas o ponto aqui é o de termos de aceitar Beethoven como fixe. A única maneira seria o Estado ( ou a religião) nos "educarem" para tal. Uma imposição, portanto. Talvez ao mesmo tempo tivessem de proibir a música moderna?


      Eliminar
    5. Nunca me viu declinar a emoção como parte integrante da humanidade e do humanismo, aliás, a arte vem da emoção, não da razão! O que lhe tentei dizer é que a evolução do Homem não existe sem a razão, e quanto mais racionais formos nas ecolhas - movidos pela emoção - mais sucesso teremos em alcancá-las. É isso que se pede a um estadista! E sim, é o pensamento que guia a ação do Homem. Se ele surge da emoçâo ou da razão, é algo que está a montante.

      Deu-me a sensação, pela conversa, que é Cristão, então leia Êxodo 22:25 para ver o que referem os Evangelhos sobre os juros praticados pelos mercados! De resto a sua visão sobre os "solidários esmagados" encaixa perfeitamente no chamado Darwinismo social, plasmado no Príncepe de Maquievel e muito popular no tempo do nazismo. É a velha máxima que "dos fracos não reza a história", ideologia que representa a antítese do humanismo e do cristianismo.

      Engana-se, no capitalismo a competição é feroz entre empresas, e entre indivíduos da mesma empresa e até entre colegas que estão lado a lado na secretária. A competição está no sangue do sistema capitalista entre qualquer entidade, seja ela grupal ou individual. E porque no capitalismo ninguém joga a feijões, os perdedores são marginalizados e ostracizados socialmente (desemprego, pobreza, indigência, etc.)

      O ócio grego foi possível, não devido aos escravos, mas porque o Estado decidiu providenciar a certos cidadãos, esse ócio. Mas esses ociosos levavam uma vida frugal, pouco consumiam. Sócrates, por exemplo, era conhecido por andar descalço e apenas com uma túnica. Tem uma paralelo na história, com as ordens monásticas, que não precisaram de escravos, para se dedicar ao estudo dos Evangelhos, sendo muitas vezes autosuficientes, e noutros casos sendo suportados pela Igreja ou os crentes. (o Estado no sistema social europeu).

      Eu não quis impor Beethoven como fixe, apenas disse que é falso acreditar que é o mercado quem dita o que é bom e é mau. Afirmá-lo é dizer que os livros da Margarida Rebelo Pinto são "melhores" que os livros de Camões! Camões escreveu os Lusíadas, não porque "vendesse", mas porque teve tempo livre para o fazer, enquanto outros pagavam as suas necessidades básicas.

      Eliminar
  3. De facto não sou cristão. E nada me guio pelo que diz a bíblia ou qualquer outro compêndio religioso.

    O que quis dizer foi simplesmente que os que não se uniram em grupos, em tempos bem remotos, não sobreviveram. Foram chacinados. Não deixaram descendência. Já não há Australopitecos, nem homens de Neardenthal, o Homo Sapiens tomou o seu lugar. Aliás, o Sapiens é a espécie mais violenta que existiu até agora. E daí reside o seu sucesso. São factos, não é a minha visão.
    Quanto aos "fracos não reza a história", bem se pode aplicar à antiga URSS que não hesitou em permitir a morte de milhões de camponeses a "bem" do desenvolvimento industrial.

    A competição está no sangue do humano, não do capitalismo. O circo romano não tem nada a ver com capitalismo, e competia-se pela vida para divertimento. Os desportos também não.

    Os perdedores não são marginalizados. Felizmente um desempregado pode empregar-se noutra empresa, ou até auto empregar-se. Um empreendedor que fracasse uma vez, pode tentar uma 2ª ou 3ª vez. Nem todos têm sucesso à 1ª tentativa. Se existem subsídios de desemprego então não são marginalizados. Muito pelo contrário, são apoiados para que se possam reerguer e prosseguir.

    Os estados gregos viviam à custa dos escravos. Em Atenas chegaram a existir 18 escravos para cada ateniense. Claro que pouco consumiam, quem consumia na antiguidade?

    Claro que o mercado não determina o que é bom ou mau. São as pessoas que o determinam. Lá por o mercado gostar de reality shows não significa que eu os ache bons. Mas a maior parte das pessoas que vê televisão parece que gosta.
    Quem pagou a Camões as suas necessidades básicas?


    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro Gonçalo, perdão pela resposta tardia, tenho pensado no que aqui colocou.

      A competição faz parte do ser humano, faz parte da fauna e da flora e da Natureza em geral, e conheço bem a que se refere quando fala da antropologia. Mas o Homem, é o ser Maior no planeta, pois é o único que é dotado de razão e capacidade analítica. Foi essa nossa capacidade superior que nos fez portugueses chegar à Índia, fez o Homem chegar ao espaço, inventar o computador, os arranha-céus, os comboios, e toda uma série de tecnologias que hoje nos são úteis. A par com a tecnologia que provem dessa capacidade analítica, surgiu a Humanidade, só o Homem é Humano, e com esse Humanismo surge a solidariedade, a caridade, o respeito pelo próximo, a filantropia e o altruísmo. Perceba que a Caridade, a Política e a Ciência, são resultados diretos da evolução do Homem, do Homo Sapiens!

      Se o capitalismo é salutar em certas alturas, como já explanei, pois promove a competição produtiva, todavia só é frutífero, quando os recursos são ilimitados e estão à disposição dos agentes económicos. Já numa aldeia global, a cooperação é a única solução, não a competição. Num barco a afundar no meio do oceano com 10 passageiros, a competição não funciona, apenas a cooperação é frutífera e traz resultados positivos. O capitalismo é assim apenas uma selvajaria primária mas maquilhada e requintada, mascarado de promotor da liberdade. Em vez de competição dizemos competitividade; em vez de agiota/jogador, dizemos investidor; em vez de luxos, dizemos ativos!

      A competição está no sangue do humano assim como está o efeito simbiótico e sinergético. O homo sapiens é um animal social! E fê-lo porque primariamente se apercebeu, que o grupo é maior que a soma das partes. É pela mesma razão que os peixes andam em cardume, os lobos em alcateia e os pássaros em bando, porque o cooperativismo traz vantagens a todos! Porque se vive numa aldeia global, prova-se assim que o cooperativismo - chame-lhe socialismo, comunismo, terceira via, social democracia, social liberal, ou o que quiser - é a única solução viável para o planeta.

      Em Portugal metade dos desempregados não recebe qualquer apoio do Estado, e há centenas de milhar deles por aí. Há também milhares de sem-abrigo, caso não saiba. Em Portugal em média o gestor de topo ganha 19 vezes mais que o funcionário de base, na Alemanha, o rácio é 12. Nem na selva vemos rácios desta natureza! O macaco alfa não come 19 vezes mais bananas, que o macaco zeta!

      Camões escreveu os Lusíadas quando vagava pelo mundo. Teve um patrono/meçenas que lhe pagou as custas! Já lhe disse que na idade média as ordens monásticas não precisaram de escravos para se dedicar ao pensamento em pequenas comunidades autosuficientes! Mas para que tal fosse possível a frugalidade e a temperânça eram fundamentais. Não digo que tem de ser generalizado ao resto do mundo, digo apenas que é possível!

      Cumprimentos

      Eliminar
  4. Os animais são solidários. Uma abelha ou formiga dá a vida pela colónia. Também são altruístas. Muitos dão a sua comida a outros mais carenciados.
    Não é do humanismo que "surge a solidariedade, a caridade, o respeito pelo próximo, a filantropia e o altruísmo. ", mas das vantagens evolutivas que tais características deram. Foi o cérebro que cresceu ao longo do tempo, adaptando-se. A "razão" é muito mais recente que o Homem. Mas se a evolução favoreceu essas características, é porque elas são boas. Se calhar é por isso que há tantas organizações mundiais que lutam contra a fome, pobreza, exclusão social, direitos das mulheres, das crianças, dos idosos, contra a sida e o cancro. As organizações locais também abundam. Nunca houve tanta solidariedade.

    O capitalismo, uma selva? Bem, tenho de discordar. A actividade económica é hiper regulamentada! Se quer abrir uma fábrica, tem de cumprir uma grande e exigente quantidade de leis e normas. Se quer "explorar" alguém, tem de cumprir a extensa legislação laboral. É isso é uma selva?
    Podemos acreditar no cooperativismo, mas só até certo ponto. As pessoas são também egoístas e competem dentro da sociedade por sexo, estatuto, entre outras coisas. Ou ficam a descansar, enquanto a cooperação dos outros lhe trouxer benefícios.

    Sei bem dos sem abrigo, e também sei que a maioria é alcoólica, sendo uma minoria toxicodependente. E alguns são por opção.

    O macaco Alfa não come mais bananas. Mas come muito mais macacas! E é catado ( de parasitas) muito mais vezes. Não consta que o Zeta seja catado, e quanto a macacar não tem muitas hipóteses.
    Que as diferenças salariais estão algo extremadas, concordo. Mas a tendência é piorar. Desde que entramos na era do software, quem não tem "cérebro" e só tem músculo dificilmente não ficará para trás.

    As ordens monásticas tinham outras coisas: terras e uma forte influência política.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Os animais não são solidários, são instintivamente grupais. A solidariedade aparece com a Humanidade. A razão, permite-lhe perceber e entender o sofrimento do outro e acolhê-lo dentro de si, e desta forma optar por medidas que eliminem esse sofrimento do próximo. No mundo moderno esta vertente toma uma visão ainda mais racional e organizada, a que chamamos Estado social. Ser antagónico ao que digo é advogar por medidas de limpeza racial, ou por exemplo eliminação de deficientes, "defeito da natureza evolutiva"!

      A razão é mais recente que a origem dos Hominídeos, mas a razão está intrinsecamente ligada ao Homem e muito ao Homo Sapiens (Sapiens vem de "saber/sabendo")!

      Nunca eliminaremos a competição, isso é impossível. Basta haver numa aldeia muito mais mulheres que homens que haverá competição, e não espero que o estado venha regular as relações amorosas. O que digo é à escala global, quando os recursos são claramente limitados, a cooperação é a única solução. Quando falamos de recursos como água ou energia, é impossível imaginar cada um olhando apenas por si, não internalizando no preço dos produtos os elevados custos ambientais por exemplo.

      Aí está, os sem-abrigo são um caso paradigmático! Na Holanda onde habito não os há. O alcoolismo trata-se, a toxicodependência cura-se! Haja vontade e caridade/solidariedade!

      Mas por isso é que somos Humanos, porque não somos iguais aos macacos. Mas Faria de Oliveira, CEO da galp, tem um salário que é 300 vezes superior ao comum dos trabalhadores "na sua selva e do seu clã"

      Não precisa de muitas terras para plantar uma horta e fazer uma comunidade sustentável. Muito menos precisa de influência política!

      cumprimentos

      Eliminar
    2. A grandíssima maioria dos animais são instintivamente solitários. No mundo dos insectos, apenas as formigas, térmitas, abelhas e vespas vivem em sociedade. Nos répteis, nada feito. Somente nas aves e mamíferos encontramos grupos. Se "“solidariedade” é derivada do termo “obligatio in solidum”, que no direito romano expressava, primitivamente, a obrigação comunitária, ou seja, as responsabilidades que o indivíduo tinha em relação a uma coletividade à qual pertencia", então não será solidária a formiga guerreira que morre pela colónia?

      O sofrimento é entendido sem recurso à razão. Os neurocientistas falam de neurónios espelho, que nos fazem sentir o que outro sente. Daí a expressão "até a mim me doeu".

      Ser antagónico ao que diz não advoga nada o que a seguir refere. Posso discordar da importância da razão na solidariedade, sem que advogue a limpeza racial.
      O facto de sermos sociais é causa e consequência do altruísmo.

      A cooperação existe dentro de um grupo. Muito mais difícil é 2 grupos cooperarem. Quanto maior o grupo, maior a dificuldade.
      Muitos dos custos ambientais estão internalizados. Existe legislação ambiental que obriga as empresas a custos que vão aumentar o preço. Existem impostos.

      A Holanda é muito mais rica, e tem uma história diferente. Tem um legado genético diferente. Talvez esse legado os faça mais altruístas, é possível. Talvez queira comparar Portugal com o Uganda. Ou será que no Uganda não há sem abrigo?

      300 xs é muito. E muito dificilmente faz sentido essa diferença.

      Para ter uma comunidade sustentável só preciso de ter água e comida, seja por via agrícola, seja por via da caça. Mas dificilmente seria uma comunidade "ociosa".





      Eliminar
    3. O leão, a formiga, a abelha, a gazela não sente pena por um indivíduo da sua espécie que passe fome ou que sofra, se este não pertencer ao seu clã ou à sua colónia, está sim programado pela evolução para defender o seu grupo! O caro Gonçalo se vir um chinês completamente desconhecido em sofrimento, sente-o dentro de si e faz algo para o ajudar. O Estado social é a racionalização maior do princípio de solidariedade. Eu com os meus impostos ajudo desconhecidos que nunca conhecerei!

      O entendimento do sofrimento do próximo, se este nada lhe disser e lhe for completamente distante, ou de outra espécie animal, não funciona sem a razão. Por exemplo, o Homem (alguns) é o único animal que sofre perante o sofrimento dos outros animais! Porque tem consciência.

      Mais uma vez no que concerne à cooperação vai beber os seus ideais às leis da selva, ou pelo menos a um estádio muito primitivo de civilização. Segundo o seu raciocínio não haviam conceitos de pólis (criada pelos gregos), nação ou país (idade média) ou Federações de estados e acordos internacionais (idade contemporânea)! Perceba que vivemos numa aldeia global! Se a globalização traz direitos e vantagens, deveria por obrigação trazer deveres a todos os estadistas!

      Leis e regulamentos não implica que haja internalização dos verdadeiros custos ambientais ou sociais. Um caso que estudei é o automóvel e os seus custos externos para o caso de Portugal. Outro caso que está em voga, é famoso gás de xisto, que permite ter energia mais barata, mas com elevadíssimos custos ambientais mensuráveis em dinheiro, mas que não são imputados aos consumidores dessa energia, em nome da competitividade!

      Eliminar
  5. Um bando forma um grupo. As guerras tribais são recorrentes.
    Uma polis forma um grupo. As guerras entre as polis gregas é conhecida.
    Uma nação forma um grupo. São bem conhecidas as guerras travadas entre nações.
    Os USA são uma federação de estados. Em menos de 100 anos tiveram uma guerra civil.
    Tal não significa que a cooperação não seja possível. Ela é desejável. Mas não pode ser tomada como garantida só porque temos consciência. A consciência é necessária, mas não suficiente ( pelo menos até o gene da "cooperação" ser dominante).
    Vivemos numa aldeia global (e há quem defenda que nos aproximamos de uma civilização planetária), mas em que os membros não estão em pé de igualdade. Isso dificulta a cooperação.
    No caso estudado, o desgaste de infra-estruturas aparece nas externalidades e no orçamento. Para além disso, parte da despesa das Estradas Portugal reverte para o estado sob a forma de IRC das empresas que prestam o serviço, do IRS dos trabalhadores dessas empresas e do IVA.
    E faltam aí mais receitas do estado. A venda de combustíveis é sujeita a IVA. As gasolineiras pagam IRC, e os seus trabalhadores pagam IRS.
    As estradas possibilitam que um agricultor no Baixo Alentejo venda porco preto aos minhotos. Tal venda resulta em receita do estado ( IVA, IRC e IRS) e em receita para o produtor do porco . E o minhoto come um porquinho preto que não consegue criar no Minho. À volta, o transportador pode trazer um bom vinho verde - mais receita.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A União Europeia é um nobre exemplo de como a cooperaçâo pode funcionar bem! Nunca a Europa durante a sua história teve um período tão longo de paz e prosperidade, como estando sob os auspícios da UE!

      Volto a referir. Você e o seu arqui-inimigo coperariam se vivessem os dois numa ilha deserta, pois apenas desta forma conseguiriam sobreviver. A Internacional comunista/socialista/comunitária/cooperativista (chame-lhe o que quiser) é assim a única solução para a aldeia global! E se vivemos na aldeia global, não gostamos de ver os aldeões da nossa aldeia sofrerem, nem passarem fome.

      O facto de parte da despesa das EP reverter para o estado, não me parece que altere muito as contas! Em qq caso esses trabalhadores estão estritamente alocados para o sistema rodoviário!

      O IVA não deve entrar nestas contas. O IVA é um imposto que serve para financiar o Estado em todas as atividades (educação, saúde, defesa, passeios para andar...) em que, por motivos de solidariedade social ou outros motivos práticos, não faz sentido o agente económico ser ressarcido por receitas diretas. Pode discutir-se se as estradas devem estar inseridas no bolo daquilo que o Estado deve pagar ou não, e até que ponto. Acho que faz sentido defender que, grosso modo, não deve, pela mesma razão que o Estado não oferece automóveis a pessoas com carências económicas. Caso contrário, ao financiar estradas estaria a subsidiar essencialmente as pessoas com dinheiro para ter um automóvel. Outro exemplo: todos concordamos que o vestuário é um bem essencial para os cidadãos, e no entanto o Estado não o subsidia. Então porque devem as estradas para utilizar o automóvel ser subsidiadas pelo Estado? É totalmente válido o argumento de que as estradas servem para outras coisas (algumas delas eventualmente subsidiáveis) que não o automóvel, mas também é verdade que se não fosse pelo automóvel particular não precisaríamos de metade das estradas que temos, e que outros tipos de utilização das estradas também pagam alguns impostos (à exceção talvez da bicicleta). Logo o IVA não pode ser considerado neste acerto de contas!

      Eliminar
  6. Por um lado diz que a UE traz prosperidade e paz como nunca. Por outro lado, que trabalha-se como um escravo.

    Está a colocar um cenário incompleto. O que tem essa ilha? Comida e água para 2 ou mais?
    E se não tiver qualquer comida? O mais certo era um ser comido pelo outro!

    A internacional é a solução para o quê, exactamente? Já agora, e como?

    Se a poluição é um custo para todos, o IVA que o Estado arrecada, fruto de uma actividade económica que é potenciada pelo automóvel é um benefício para todos. No exemplo que dei, da ligação entre o Alentejo e o Minho, tanto a produção do porco preto como a de vinho verde aumentam com o transporte. Por outro lado, o automóvel permite grande mobilidade às mercadorias( com certeza que ninguém levaria um porco preto numa bicicleta desde o Alentejo até ao Minho). A mobilidade que o automóvel dá permite mais comércio e isso leva a mais receita para o Estado que a usa em serviços públicos.

    ResponderEliminar
  7. O facto de a UE ter coisas a melhorar não significa que não seja boa no quadro internacional. As grandes reformas do pensamento filosófico e político surgiram na Europa: Filosofia grega, Direito Romano, Direito canónico, Renascimento, Iluminismo, Socialismo, Liberalismo, Humanismo. Significa que o Homem não para, e estes filósofos e pensadores europeus que reformaram o pensamento da humanidade fizeram-no porque tinham tempo para pensar!

    A ilha tem água e pequenos animais de caça. Enquanto você busca água potável, o seu arqui-inimigo caça. Como o ser humano não sobrevive sem água e comida, vós sois por força das circunstâncias obrigados a cooperar! Se matar o seu inimigo, como você não tem jeito nem tempo para caçar morre, vice-versa para o seu inimigo!

    A internacional é a globalização cooperativa! Não se foque muito na terminologia! Esta é a solução para a sobrevivência da raça humana, com qualidade e conforto! A globalização competitiva e capitalista levará à destruição do planeta e os causadores dessa destruição já sofrem as consequências: furacões e tempestades como nunca antes vistos!

    Quanto às externalidades positivas da utilização do automóvel, não há razão para as considerar. É que as externalidades decorrem sempre de uma determinada ação, face às alternativas a essa ação. Ora, se numa determinada ocasião eu decidir não fazer uma viagem de automóvel, e em vez disso fizer outra coisa qualquer (por exemplo, pegar no dinheiro que poupei na gasolina e ir às compras), não existe nenhuma razão à partida para se dizer que a ação de ir andar de automóvel tem mais benefícios para terceiros do que o que optei por fazer em alternativa. De referir ainda que o argumento da receita fiscal não pode servir para tudo! Um exemplo: se legalizar as drogas duras por certo que o Estado arrecadará muito IVA, mas não é por isso que o faz!

    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  8. A maior reforma veio da Judeia por um tal de Jesus. Outra grande reforma veio de um tal de Maomé.

    Só queria saber como era a ilha. Mas vai aí uma grande quantidade de suposições para obrigar à cooperação. Vamos supor mais uma coisa: eu tenho uma arma e OBRIGO o meu inimigo a caçar para mim.

    "Sobrevivência" ? A globalização "competitiva"? Destruição do planeta? Parece um vidente!
    Aceitemos que estamos a contribuir para o aquecimento global. Que isso seja causa do capitalismo competitivo ( automaticamente inocentando o socialismo e o comunismo) não é verdade.
    O homem polui, independentemente do modelo político de governação.
    Que isso leve à destruição do planeta vai um grande passo! O que pode acontecer é várias formas de vida desaparecerem, por não se adaptarem ao novo ambiente.

    A alternativa a produzir vinho no Minho para vender no Alentejo é não produzir vinho. No 1º caso temos produção, emprego e consumo, com o estado a arrecadar receita. No 2º nada temos. É diferente de dizer que em vez de vender o vinho no Alentejo o vou vender no Douro, uma vez que os consumos do Douro são, em larga medida, independentes dos do Alentejo.
    Optar entre 2 alternativas de utilização de $, em consumo, é uma coisa.
    Outra é se a alternativa for entre consumo e investimento. O investimento numa cura para o cancro será muito mais benéfico do que ir às compras.




    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Porque é que não pede ao governo para construir uma linha de TGV submarina para o Brasil? Mas daquelas tipo magnéticas que levitam como os japoneses têm e atingem 600km/h. Depois peça ao governo que subsidie os bilhetes e inclua-os no passe social. Só vantagens para a economia. Resmas de brasileiros a virem às compras em Portugal, maior receita fiscal e melhor para o turismo/emprego, e os nossos empresários podiam exportar os seus produtos mais facilmente. O seu amigo minhoto venderia vinho no Rio de Janeiro e ao que parece os brasileiros também apreciam muito porco preto alentejano! Era só vantagens económicas, com as respetivas receitas fiscais...

      Eliminar
    2. e só mais um ponto: nas ilhas desertas não há armas

      Eliminar
    3. O governo não fez um TGV, nem fará aos custos actuais. Mas tem uma transportadora aérea que liga Portugal ao Brasil.
      Curiosamente o estado Inglês e Francês até se ligaram por ferrovia. Não faço ideia se por lá existe um passe social para o efeito.
      O minhoto vende vinho ao Brasil. Para isso usa um cargueiro que sai de um porto construído pelo estado português e atraca num porto construído pelo estado brasileiro.
      Como se chega a essa ilha deserta? Após um naufrágio? Por magia? Devo aparecer todo nu? Não posso levar nada?



      Eliminar
    4. Eu acho que ficou claro pelo meu sarcasmo que não sou contra vias de comunicação pois prestam um serviço fundamental às populações e à economia. Agora precisamos de fazer contas e perguntar se precisávamos de ter o nível de rodovia que temos, considerando que por exemplo em 2010 1/4 das importações terem sido automóveis e combustíveis. A Noruega, que é o segundo país mais rico da Europa e o quarto mais rico do mundo (em termos de PIB per capita), tendo uma área muito mais vasta que Portugal, e tendo petróleo, tem infraestruturas rodoviárias rudimentares e muito escassas em comparação com Portugal. Peço-lhe que leia este artigo por favor, sobre as autoestradas da Noruega em comparação com Portugal.

      Apresentei-lhe um caso hipotético para reflexão. Um dos maiores exemplos da literatura filosófica sobre o tema da liberdade e da escravatura, está plasmado na República de Platão, sendo este a Alegoria da Caverna. Ninguém se lembrou de perguntar a Platão, como foram os homens parar à caverna.

      cumprimentos

      Eliminar
  9. Não se estava a falar na quantidade de estradas, se são a mais se a menos. O que se debatia era um estudo em que se apresentavam custos, sem contabilizar os benefícios.

    Talvez ninguém tenha perguntado porque Platão não impôs condições à sua caverna. Nela Platão não fala da relação Homem/Homem, mas da relação alma/corpo, ou se quisermos da relação divino/profano. Diz que o tudo é fruto do divino, agente causador de tudo o que existe, definidor de todas as ideias e que não somos mais que fracas e imperfeitas cópias.
    Mas se a escravatura é o Homem exercer direitos de propriedade sobre outro Homem, não vejo como a caverna fale disso.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E volto a reafirmar que isto não foi uma análise custo/benefício, foi apenas uma contabilidade direta entre automobilista/contribuinte e Estado/público. E neste caso NÃO se consideram as externalidades positivas do automóvel, pelas razões expostas. E não sou eu que acho, são os economistas e os especialistas em transportes!

      Eliminar
  10. Não se contam as positivas, mas contam-se as negativas? Ok.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não sou eu que define os métodos de avaliação das externalidades no setor dos transportes, mas se o caro Gonçalo tiver tempo, pode ler o meta-estudo que é base mais sólida na UE sobre este assunto!
      http://ec.europa.eu/transport/themes/sustainable/doc/2008_costs_handbook.pdf

      Eliminar
  11. O que está errado no mundo é que o dinheiro ganhou a capacidade de comprar tudo! Por isso vemos empresários (a raça que eu mais desprezo no mundo) terem tanto poder, sendo capazes de violar direitos fundamentais de outrem ou, ainda, intervirem no funcionamento estatal. São praticamente onipotentes! Seu poder é mensurado pelo seu patrimônio e para esses nunca haverá justiça efetiva.

    Defendo um mundo com mais oportunidades, algo inimaginável, pois diminuiria a margem de lucro desses malditos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro Thiago
      Não menospreze os empresários. Ao que parece há-os honestos e são eles que em grande parte promovem o dinamismo e o empreendedorismo, levando à inovação. O que precisamos é de empresários ambiental, social e economicamente responsáveis e conscientes, e isso por vezes é raro achar

      Eliminar
  12. Post interessante, comentarios mais interessantes ainda... Especialmente o de Nemo que aponta para a distincao entre liberdade positiva e negativa na relacao entre estado e individuos (que, ja agora, o constituem).
    Basicamente duas perguntas terao de ser feitas:
    - o que justifica a acao do estado que limite a liberdade natural dos individuos?
    - como deve o estado avaliar a prossecucao do interesse publico contra os interesses privados?
    Dou-lhe um exemplo pratico. Ao cobrar 28% de imposto sobre os proveitos da poupanca individual, o estado Portugues esta a considerar que eh legitimo retirar ao aforrador individual mais de 1/4 dos juros que ele contratou com o banco para prossecucao dos interesses publicos. No entanto, como isso eh muito mais do que cobram outros paises Europeus, nomeadamente o RU (onde eu tenho a sorte de viver) a tendencia natural sera que os aforradores aproveitem as liberdades proporcionadas pelo TUE para retirar o dinheiro de Portugal e deposita-lo noutros paises. Sendo assim, o estado que viola as liberdades individuais tambem nao consegue prover os bens publicos porque nao consegue cobrar impostos para isso.
    E isto responde ja as minhas perguntas feitas em cima. Quanto mais os estados violam as liberdades individuais para porssecucao do bem dito publico, menos conseguem prosseguir o tal bem publico...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E o que é que limita mais a liberdade dos indivíduos, a fome ou o Estado? O desemprego ou o Estado? A pobreza ou o Estado? 90% das despesas públicas são para despesas sociais. Será que um idoso sem qualquer rendimentos ou um indigente consegue usufruir da "liberdade" que o caro Levi preconiza?

      Não foi o RU quem criou as offshores para onde fogem os capitais, para fugir à taxação?

      Eliminar