Carta pública à CARRIS


Exmo. Srs. da Carris

Vivemos num país de proxenetas instituídos, que sob a égide de serviço público, mamam do erário público sem qualquer pundonor, o que lhes aprouver.

Lembro-me a título de exemplo de várias fundações de índole duvidosa, da RTP1 - que nada acrescenta à concorrência e só passa lixo televisivo e futebol, funcionando com os meus impostos, autoridades da concorrência e reguladoras extremamente passivas que sugam milhões por ano, deputados que vivem à custa do pagode com luxos opíparos, e por aqui continuaria sem fim. Não é todavia o caso da Carris.

Num país, onde o ato de falar mal e criticar é reinante, cumpre-me congratular a Carris pelo ótimo serviço que presta (e não, apesar do tom poético com que escrevo não estou a satirizar nem a ironizar). Sou vosso cliente e quero congratulá-los pelo excelente serviço que a Carris me presta. Não tenho carro e desloco-me amiúde de transportes públicos e de bicicleta, e naturalmente a Carris enquadra-se neste paradigma; ora então:

Os semideuses do tio Sam


Memorial ao deus Jefferson
Ao que parece no país do tio Sam, onde prevalecem maioritariamente ateus e maçons, também existem uma espécie de semideuses de que ninguém pode parodiar. Ao que parece uns cidadãos americanos anónimos decidiram dançar (é isso mesmo que ouviram: dançar) em frente ao memorial do presidente Jefferson e por muito ridículo que pareça foram todos presos com uma violência deveras exagerada. A isto chama-se "Liberdade de Expressão": aquilo de que as elites idiotas de americanos se orgulham de propalar com as suas frívolas ideologias. É verdade meus caros: isto não passou na medíocre televisão portuguesa alinhada com as políticas liberais do tio Samuel.

Mas já passou na TV portuguesa com pompa e circunstância, o facto de três cantoras de rock russas (cujo nome da banda traduzido será algo como "O Motim das Conas"), terem sido presas por cantarem dentro da Catedral do Cristo Redentor de Moscovo, um dos locais mais sagrados para os Cristãos Ortodoxos Russos. O título do jornal Expresso por exemplo - claramente alinhado com o que se sabe, conhecendo-se os contactos obscuros de que Balsemão possui - assim ditava: "Russia a um passo do Estado Clerical". Isto é uma dualidade de critérios gritante, que coloca qualquer filósofo justo a bradar aos deuses do Olimpo. Putin, é severamente criticado pelos comentadores das televisões ocidentais, porque ao que parece, sem quaisquer provas de todo consumadas, terá atentado à "Liberdade de Expressão" de três cantoras de rock, que cantaram dentro de uma igreja sagrada cristã e um símbolo maior para os russos; um ato considerado blasfemo, em qualquer cultura, país ou religião! Que título teria tido o jornal Expresso se os Moonspell, por exemplo, tivessem dado um dos seus espetáculo mais agressivos e sonoros no Mosteiro dos Jerónimos? Não atuariam também as forças da Lei?

Mas uns tipos quaisquer, por dançarem (é isso mesmo que ouviram, por apenas dançarem) em frente a um memorial (um espaço aberto) foram presos, pois o lugar dedicado ao deus Jefferson, terceiro presidente dos EUA é "sagrado".

Veja aqui o vídeo CHOCANTE.

Laterais da Av. da Liberdade utilizáveis apenas por peões e velocípedes


Passeio Público
Av. da Liberdade e Restauradores no séc. XIX
Mesmo muito antes de os recentes projetos da av. da Liberdade terem sido colocados a discussão pública, um grupo de cidadãos, nos quais eu me incluo, enviou uma proposta em sede de Orçamento Participativo para 2012, muito mais ousada, do que aquela que foi implementada recentemente. Este grupo de cidadãos propunha simplesmente proibir o tráfego nas laterais a automóveis, excetuando acessos a garagens, e proibir também totalmente o estacionamento à superfície.

A proposta foi rejeitada pela Câmara Municipal da Lisboa (CML), e nem sequer pôde ir a votação pública, pois segundo a Câmara, o projeto para a avenida da Liberdade havia sido colocado a discussão pública. O que sucede, é que este grupo de cidadãos que fez esta proposta, não foi tido nem achado, nem ouvido em quaisquer tipo de considerações de projeto para as obras da Avenida.

Tendo sido recentemente inaugurado o projeto para a Avenida, foram os velocípedes colocados na faixa central, na via BUS junto à berma, perto das sarjetas e onde o piso é irregular, o que é menos seguro; este grupo de cidadãos havia proposta colocá-los nas faixas laterais onde existe maior acalmia de tráfego, e por conseguinte é mais seguro. Por outro lado, pedíamos simplesmente a proibição de estacionamento à superfície nas laterais, pois aquela zona já tem uma enorme oferta de estacionamento subterrâneo, e por lá passam dezenas de carreiras da CARRIS, sendo ainda servida pelo Metropolitano de Lisboa.

Uma velha fala sobre a taxação do tabaco


Estava eu a passear em Grózni e via a TVI em-linha (os caros cabrões que me leem deviam saber que em português diz-se em-linha; online é para os abichanados que dizem gay em vez de paneleiro) numa casa de um núcleo de russo-portugueses, e ouvi uma cabra velha com cara cadavérica e de drogada, por certo rameira nos seus tempos áureos, a criticar o governo tuga porque quer aumentar o imposto sobre o tabaco. (minuto 1:00)

Refere exatamente que existe “mais a proposta idiota da CIP, que pelos vistos foi muito bem recebida pelo governo, nomeadamente pelo ministro das finanças, de aumentar o imposto sobre o tabaco, quando os dados de execução orçamental (…) [revelam que as receitas] já estão a descer 10,8%. É uma coisa de doidos, isto, porque aumentam o imposto e desce a receita fiscal”

Pentateuco de Maria Madalena


Cumpramos as ordens e o estilo
Deleitemo-nos com arte amena
Esculpamos a Vénus de Milo
Copulemos, Madalena!

No Reino do Leste, navego no Nilo
A artéria viril da mulher serena
deste canal donde te sugo o mamilo
fecunda moça, que te vejo em Viena

Mozart, Beethoven, escutai-me
que Freud já me analisou
Vénus, Afrodite, abraçai-me

que o amor por aqui passou
Removei-me ó ninfas o açaime
que o Danúbio me inspirou

_____

Se o Danúbio é insípido, o Tejo é salgado
Mas o sal retira a clarividência
Quão difícil é o amor regrado:
a carne da consciência

O Danúbio é cinzento, o Tejo é claro!
Mas é nesta aurora da inteligência
quando se nega a penitência e o fado
que se forma a magnificência

É no escuro que se vê o Iluminado
Imune ao estímulo que deturpa
É quando nasce o homem consagrado

que à humanidade arranca a burca
Surgiu então a Luz no crucificado
concebeu uma prostituta

Portugal e as patentes para bicicletas


Patente portuguesa com inventor português PT101840
Os pedais da bicicleta, funcionam de forma elíptica,
e não de forma circular, como é comum.
Forma elíptica como na máquina elíptica dos ginásios.
Uma patente é um direito de propriedade intelectual, que preconiza a proteção jurídica de uma invenção para o seu titular, durante vinte anos. Entenda-se invenção, como solução técnica para um problema técnico. Com a patente, o titular do direito, é o único a poder produzir, armazenar, comercializar ou tirar proveito financeiro com a invenção em determinado território. Mas nem tudo é patenteável, por exemplo ninguém confere uma patente para uma simples roda, simplesmente porque já existe no estado da técnica. Os requisitos de patenteabilidade são então a novidade, a atividade inventiva e a aplicação industrial.

Uma patente é vista como um contrato entre um estado e o inventor, com o intuito da promoção tecnológica. O inventor concorda em divulgar a sua invenção completamente no documento de patente, por forma a que qualquer perito consiga reproduzir a sua invenção, e como forma de premiar o inventor, o estado confere-lhe vinte anos de monopólio. Desta forma, premiando a inovação e a criatividade técnica, promove-se o desenvolvimento tecnológico, pois os concorrentes e o público em geral, apesar de não poderem usar aquela tecnologia específica, podem com a informação da patente, melhorá-la e criar também a sua própria patente. Não é de todo coincidência o facto de os países tecnologicamente mais desenvolvidos como a Alemanha, a França, o Reino Unido, os EUA, a Coreia do Sul, a China ou o Japão, terem dos maiores índices de pedidos de patentes por habitante do planeta. [1] [2]

Porque sou favorável à austeridade


Pedro, apesar de seres um quanto ou tanto
capitalista neoliberal, estou contigo na austeridade
Tenho ponderado friamente muito sobre as medidas até então tomadas pelo presente governo e também sobre as mais recentes, anunciadas para o orçamento de estado de 2013. E não entro na lógica populista e demagoga do caminho fácil nem do ataque gratuito. Como referia João XXIII, “há uma grande diferença entre dizer mal e apontar o mal" e para apontar "o mal" é necessário ter conhecimento, objetividade, isenção e independência; qualidades que nenhum partido da oposição nem nenhum comentador político que opina na nossa praça têm. Para a esquerda demagoga corresponsável pelo estado em que estamos (falta de isenção e independência), caiu o Carmo e a Trindade e até se usam termos como saque e roubo (como se o Primeiro-Ministro ficasse com o dinheiro para os seus gastos pessoais) e para esta nova ala direita que se apregoa defensora dos pobres, estas medidas são injustas e não criarão emprego. Pois eu digo que as medidas são necessárias e são justas, dadas as condicionantes do país. Este é um repto de um cidadão livre que é funcionário público e que não pertence a qualquer estrutura partidária nem muito menos a qualquer grande banco, financeira ou qualquer agiota associado aos mercados que definham Portugal; escrevo-vos como cidadão livre.

Parece-me ser uma medida positiva, aparentemente, o aumento global das contribuições para a Segurança Social, passando de 34,75% para os 36% (à custa do trabalhador é certo). O facto de ter baixado a taxa para as empresas decorre de uma visão neoliberal, que pode ser positiva, pois dá alguma margem financeira às empresas que estão com problemas de tesouraria. Mas o aspeto que me parece mais interessante e positivo é a fraternidade evocada, ou seja, os que têm trabalho descontarão mais, ajudando aqueles que não têm trabalho e se encontram por exemplo a receber subsídio de desemprego ou alguma outra ajuda do estado. Também é verdade, que em muitos casos, foi um cheque de milhões que foi dado a muitas grandes empresas monopolistas, que por certo o distribuirá pelos seus acionistas, que colocarão esse dinheiro no estrangeiro.

FERVE e Precários Inflexíveis, uma antro de putos politiqueiros


Uma análise filosófica ao sindicalismo e ao capitalismo contemporâneos

A escravatura não é só trabalhar e ganhar mal,
é essencialmente trabalhar naquilo que se detesta,
só porque se têm contas para pagar
Se há pessoa que mais assertivamente é contra a precariedade e ilegalidade preconizada pelos falsos recibos verdes, sou eu. Tenho ajudado gratuitamente várias pessoas a endereçarem queixas à Autoridade para as Condições do Trabalho, contra as suas situações laborais precárias e ilegais. Indiferente a querelas político-partidárias tenho ajudado-as a resolver os seus problemas laborais, e muitas das referias pessoas, após queixa oficial à ACT, melhoram bastante a sua situação laboral. Se há facto que sempre me indignou, foi esta escravatura preconizada pelo sistema neoliberal, que trata o ser humano como peça da maquinaria cujo objetivo primordial é produzir lucro. O capitalismo e o neoliberalismo desumanizaram completamente a condição humana, e para estes sistemas políticos, o ser humano é somente uma peça, descartável e dispensável, e que pode ser explorado a bel-prazer.

Nas sociedades capitalistas, o objetivo primário de qualquer cidadão é angariar capital, e de qualquer empresa é ter lucro, enfim obter o tão aclamado dinheiro. É comum, por exemplo, os cidadãos destas sociedades considerarem que o que é barato ou gratuito não presta ou não tem valor e o que é caro é bom, tal é a força pulsante que o capital incute no subconsciente coletivo, normalmente através da publicidade. Vemos que este paradigma é completamente falso, por exemplo na área alimentar: a comida mais saudável, frutas e legumes, normalmente é a mais barata. Para o capitalista o ser humano é um escravo, uma parte dispensável da maquinaria cujo objetivo primário é o lucro. Nesta senda por dinheiro, entra a precariedade inaceitável, onde o trabalhador sob a capa de um profissional liberal labora sem quaisquer direitos ou garantias preconizadas pelo Código do Trabalho.