Da diferença e da igualdade de sexo


O ser humano é um animal político

Tenho refletido muito sobre a questão da denominada igualdade de género e claramente trata-se, posta a questão nesses termos, de uma questão meramente político-ideológica e com uma abordagem muito pouco científica, mormente quando falamos do ramo da Biologia e da Psicologia Evolutiva. É natural e compreensível que os indivíduos inseridos numa sociedade tendam a promover a paz social e a igualdade, e por conseguinte, a plasmar princípios ideológicos na doutrina política. Assim, é natural que pessoas com mediatização tendam a aproximar o discurso público a um discurso politicamente ponderado, visto que tais manifestações públicas são auscultadas por muita gente, particularmente tanto homens como mulheres. O "politicamente correto" não deve ser encarado de forma pejorativa, pois trata-se muitas vezes de expressar as ideias de forma um pouco mais diplomática. Mas negar as diferenças biológicas ou psicocognitivas, em média e em termos estatísticos, entre homens e mulheres, é simplesmente negar as evidências científicas a bem do status quo político-ideológico.

Os homens, em média, são mais altos que as mulheres

Distribuição normal da altura de homens e mulheres.
Fontes: [1] [2] Departamento Americano de Saúde.
Para que possamos entender esta abordagem estatística adoto aqui uma variável que, julgo, não provoca qualquer celeuma político-ideológico. Os homens são, em média, mais altos que as mulheres. Mas a expressão "em média" precisa de ser tida em consideração, para que não façamos generalizações universais e para que não caiamos no ruído ideológico. O facto de o homem ser, em média, mais alto que a mulher, não impede, tal como é visível no gráfico, que haja muitas mulheres mais altas que muitos homens. Aliás, tal como pode ser visto no gráfico, pode-se dizer grosso modo, que há cerca de 1/3 de mulheres que são mais altas que 1/3 de homens. Falamos das mulheres que têm mais de 1,70 metros de altura, sendo que há cerca de 1/3 de homens que tem menos de 1,70 metros de altura, tal como se pode ver a partir do ponto de interseção das duas linhas. Esta métrica ideologicamente neutra serve de base para toda a abordagem seguinte, ou seja, a palavra média deve ser tida em conta, em relação ao seu significado biológico e científico, sem nunca menosprezar que as médias não são generalizações universais, são indicadores meramente estatísticos.

O homem médio e a mulher média são bastante diferentes

Os homens e as mulheres, em média, são diferentes, psicológica e morfologicamente. As diferenças são tantas e tão evidentes, que a lista de diferenças é enorme. E não se resumem naturalmente apenas à genitália. Em Biologia, as diferenças entre sexos que não estão relacionadas com as características sexuais primárias, sendo estas últimas as meramente reprodutivas, são denominadas de características sexuais secundárias; sendo que as diferenças nas características sexuais secundárias são denominadas de dimorfismo sexual. Ora no Homo Sapiens existe naturalmente também dimorfismo sexual. Os homens, em média, têm mais altura, musculatura e capacidade de raciocínio abstrato e analítico; e as mulheres, em média, têm mais capacidades sociais e maior tolerância à dor, devido ao parto. As referidas diferenças devem-se a motivos unicamente antropoevolutivos. O homem saía para caçar, tinha pois por conseguinte de procurar caminhos e não se poderia perder no labirinto da floresta, tendo apenas sobrevivido aqueles que conseguiram a capacidade abstrata para encontrar o caminho correto. A mulher ficava no local da tribo, junto dos outros em comunidade, e também em momentos de crise, o que lhe permitiu ser uma ótima gestora de conflitos e de interações sociais. A função primária do homem era caçar e combater para proteger a prole, daí a força, agilidade e musculatura; já a função primária da mulher era procriar e cuidar da prole, daí ser mais baixa, para baixar o centro de massa aquando da gestação do feto. Devido ao facto da mulher gerar uma criança durante nove meses, e precisar do homem para a proteção da criança, fez com que a mulher, em média, nas relações amorosas, se tornasse mais dependente do homem. Devido ao facto do homem poder conceber um número elevado de mulheres num curto espaço de tempo, se força, agressividade e musculatura tivesse para tal, para vencer os outros machos rivais, fez com que o homem fosse, em média, menos apegado a relações amorosas. 

Certos estudos relacionais ditam portanto que, em média, as mulheres procuram homens que lhes confiram segurança e estabilidade; assim como os homens procuram mais aspetos físicos da mulher. Ou seja, enquanto os homens tendem a ser mais carnais na relação amorosa, as mulheres tendem a ser mais sentimentais. Tal diferença remete-nos mais uma vez para motivos antropológicos. O homem, tal como qualquer mamífero macho, considerando que os mamíferos são poligâmicos, poderia conceber com um número elevado de mulheres enquanto que a mulher, sendo concebida por um homem, precisaria sempre da sua guarida, pois na floresta ou na savana, jamais sobreviveria sozinha com uma cria, considerando ademais que outros homens jamais aceitariam cuidar de um filho que não fosse seu, considerando a evolução por seleção sexual. Assim, a única proteção que a mulher encontrou foi o apego ao homem, através do ardil e não da força, para que este pudesse ficar consigo protegendo-a. Assim também se explica, que em média, as mulheres aceitem com maior complacência o adultério em comparação com os homens. Assim como se explica que certas culturas punam de forma totalmente desproporcionada o adultério, em função do sexo do adúltero. No Paleolítico, a poliginia era a norma e não a exceção. Assim, também se explica, que os maiores consumidores de pornografia sejam homens, e que os maiores consumidores de música, dita romântica, sejam mulheres. Não é pois de estranhar também que estudos estatísticos sobre divórcios ditem que as mulheres, em média, dão como motivo principal para o divórcio, o facto do marido não cuidar financeiramente da família, ou seja, a clássica proteção que outrora era feita com os músculos e recursos alimentares, nas sociedades contemporâneas é feita com o sucesso profissional e com o capital; sendo que os homens dão como razão principal para o divórcio, o facto de não sentirem mais atração pelas suas mulheres, ou seja, tendo já concebido uma fêmea, o macho sente o desejo primário de procurar outra fêmea para conceber. 

Não falar destas diferenças estatísticas em nome do politicamente correto é, de facto, faltar à verdade científica. Até porque estes dados e estudos fazem-se desde o princípio do século XX, principalmente por antropólogos ao serviço de empresas de publicidade. Sempre me estranhou o facto, de as grandes empresas de publicidade terem nos seus quadros antropólogos qualificados. Mas a resposta após muita leitura, é bem evidente. O caso da indústria automóvel é paradigmático. Enquanto o carro desportivo tem obrigatoriamente de ser desenhado para o homem, relevando sinais como virilidade, o carro feminino deve ser mais pequeno e compacto, relevando a mulher autónoma e atraente que pode escolher o seu homem, pela via da seleção sexual no ato da aceitação ou recusa. Darwin apresentou-nos a seleção natural, em que os mais aptos eram selecionados em função do meio envolvente, mas pouco depois desenvolveu também o conceito da seleção sexual, conceito aplicável obviamente apenas aos seres sexuados, havendo seleção ativa, pela via da procura que o macho faz por fêmeas, e a seleção passiva, pela via da recusa ou aceitação que a fêmea faz de machos que a procuram. Darwin inicialmente não conseguia compreender porque motivo a enorme plumagem do pavão macho havia sido selecionada, considerando que tal plumagem representava uma característica demasiadamente desvantajosa, pois além de exigir ao indivíduo mais tempo no seu tratamento e limpeza, é-lhe mais difícil fugir de predadores. Darwin posteriormente denomina tal traço fenotípico nos machos de ornamento, em contraste com o armamento que é comum por exemplo nos antílopes ou nas renas macho, e apercebe-se que os ornamentos foram selecionados porque "convenciam" as fêmeas de que os machos com esses traços eram os parceiros ideais para si. A felicidade que o sistema capitalista oferenda ao indivíduo pela via da publicidade, remete-nos por conseguinte sempre para a psicologia evolutiva e para a seleção sexual. A fêmea feliz, a que usa determinado produto ou serviço, é a mulher atraente e voluptuosa, e por conseguinte é aquela que atrai muitos homens; sendo que o macho feliz, é aquele atraente e musculado que pode escolher várias fêmeas para conceber, porque tem os ornamentos e armamentos com que as fêmeas se identificam.

Profissional e estatisticamente, constata-se também, que em média, há mais enfermeiras, educadoras de infância e amas mulheres, e há mais polícias, militares, taxistas e matemáticos homens. Estando a mulher mais tempo junto da tribo, e sendo a mulher que no Paleolítico cuidava sozinha das crias, é natural que evolutiva e profissionalmente tenha alcançado maior aptidão para o cuidado ao próximo, daí a caridade e o cuidado serem características femininas, havendo muitas mais enfermeiras, educadoras de infância ou hospedeiras mulheres, do que homens. Já a diferença entre o número de matemáticos e matemáticas é tão clara e evidente, que tal diferença não se pode dever apenas a motivos culturais ou heteropatriarcais. A diferença, de facto, deve-se unicamente a motivos biológicos e evolutivos. A matemática envolve uma enorme capacidade de raciocínio abstrato e espacial, para que diversos encadeamentos lógicos possam fazer sentido num determinado hiperespaço racional. Pela mesma razão, a diferença no número de taxistas homens e mulheres é ela também colossal, que não pode apenas ser explicada pela via da cultura. Como anteriormente explanado, na tribo, durante o Paleolítico, era o homem quem caçava, e para caçar, precisaria de sair da zona ou do local da tribo. Há mesmo estudos antropológicos que referem que a própria inteligência e coordenação surgiu com a necessidade de caça, pois é necessário efetuar predições e cálculos instintivos para estabelecer possíveis movimentos futuros da presa. É certo que vários animais não racionais caçam, mas o Homem foi o único animal a caçar outros animais com porte bem superior ao seu. E da mesma forma que os roedores, apesar de serem não racionais, têm uma enorme capacidade para encontrar caminhos em labirintos, pois sempre viveram em galerias subterrâneas labirínticas, também no caso dos seres humanos, a seleção natural escolheu os homens que caçavam de forma mais eficiente, e aqueles que melhor conheciam os trilhos e os meandros da zona. Por isso, no caso de mapas e por conseguinte de taxistas, apesar de muitos taxistas terem um nível académico muito baixo é impressionante a capacidade que têm para otimizar percursos ou para conhecer as diversas vias de uma determinada urbe. E a grande maioria são homens. E é também essa capacidade espacial que permite ao homem, em média, ser mais douto na matemática e na física, ciências que exigem uma enorme capacidade abstrata e espacial.

Somos todos iguais, pois somos todos seres humanos

Mas acima de tudo somos todos seres humanos. E nesse ponto somos iguais. Felizmente que a sociedade evoluiu bastante desde o Paleolítico e um dos marcos fundamentais das sociedades ocidentais após o Iluminismo, que nos trouxe o Humanismo, foi exatamente o princípio da igualdade. Resume-se então tudo à velha máxima de todos diferentes, todos iguais. Por conseguinte devemos ser todos tratados pelo estado da mesma forma, e, logo, considero que quaisquer diferenças apresentadas pelo estado ou alguma instituição em função do sexo, são desapropriadas. Por questões de justiça e de humanismo. Por questões de justiça, pois como vimos pelo gráfico que apresentava a distribuição estatística das alturas em função do sexo, a média é uma métrica muito torpe, visto que há muitas mulheres muito mais dotadas que muitos homens em vários domínios. Há muitas mulheres mais racionais, mais altas, mais fortes e com maior capacidade de raciocínio espacial, que muitos homens. A média é apenas uma métrica e todas as diferenças acima plasmadas, são sempre consideradas em média, sem qualquer generalização universal. Por questões de humanismo, pois somos todos seres humanos e o estado e as instituições devem tratar todos por igual à luz dos princípios constitucionais da igualdade. 

A Natureza e o capitalismo já incutem as suas diferenças, por isso os negros, em média, têm salários mais baixos que os brancos, assim como as mulheres, em média, têm salários mais baixos que os homens, pois as mulheres têm, em média, menor propensão biológica para liderar (no mundo dos primatas, não há fêmeas alfa). Todavia, não precisamos por conseguinte, de, na senda do Humanismo, acentuar tais diferenças a priori, porque elas existirão, em médiaa posteriori. O Estado deve, assim, tratar todos os seres humanos de forma totalmente igualitária, e jamais deve fazer quaisquer discriminações em função do sexo. Mas também jamais devemos, em função da ideologia, negar a Ciência.

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