Barbosa vs. Pimentel, caso encerrado


Nunca pensei que aquele escrito satírico e de desabafo literário que redigi no primeiro dia de primavera de 2011, fazer-me-ia escrever tantos caracteres sobre o assunto. Em maio de 2013, mais de dois anos depois, o processo ficou finalmente encerrado, tendo apenas colocado hoje no meu blogue, por questões de tempo. Publico as 171 páginas do processo na íntegra para a auscultação de todos. Ficamos a saber que Carlos Barbosa prestou presencialmente depoimentos contra mim na Polícia de Segurança Pública, tendo referido explicitamente que eu o chamei "filho da puta" (página 49), o que é totalmente falso, chamei-o sim, FDP, que é um sigla que pode ter várias combinações, entre as quais "Fanático dos Popós". Ficamos também a saber (página 20-22) que alguns sócios do ACP ficaram extremamente irritados com o meu texto. Penso mesmo que foi apenas devido a isto que Barbosa atuou, pois ele estava bem ciente das consequências mediáticas, daí ter feito várias pressões extrajudiciais como explanarei, pois quis demonstrar aos sócios do ACP que sabia "pôr ordem na casa". Ficamos também a saber que Carlos Barbosa pediu uma indemnização cível de 5000€, tendo usado também vários funcionários do ACP como suas testemunhas abonatórias.

Uma análise detalhada ao caso extrajudicial

Muitos caracteres escrevi neste blogue sobre o caso Barbosa vs. Pimentel, ou seja, como o ACP e o seu presidente Carlos Barbosa, de uma forma cobarde, não querendo de todo debater as questões de fundo, me colocaram um processo crime por difamação e calúnia, por ter escrito este texto. Percebi com este caso que a pessoa em questão é extremamente poderosa e influente, e temo que até tenha influências nos meios judiciais. Passo a explanar a minha análise.

Carlos Barbosa é um lobo velho da política, alguém que não tem formação superior, mas que sabe muito bem mover-se nos meios políticos e sabe exatamente o que quer ouvir a vox populis. Colocou Sócrates em tribunal por gestão danosa quando este perdeu as eleições, não que este não merecesse, mas a altura em que o fez, foi escolhida de forma meticulosa, apenas para obter popularidade junto da populaça, numa altura em que os desígnios da troika estavam ao rubro junto da população portuguesa.

Carlos Barbosa fundou o Correio da Manhã, um jornal mais populista que popular, que sabe exatamente tocar nos assuntos mais primários que são tão caros à populaça, o mesmo jornal que ganha 5 milhões de euros por ano, com a prática de lenocínio. Carlos Barbosa esteve sempre envolvido de forma muito estranha ao futebol (uma área que não é publicamente conhecida pela sua transparência nos negócios), mais precisamente ao Sporting. Posteriormente tornou-se presidente do ACP, pois considerando que em Portugal há quase seis milhões de veículos, presumindo-se que existe em igual número automobilistas, os assuntos que abordam os interesses destes últimos dão vasta popularidade. Carlos Barbosa, sabe meticulosamente, que bradar aos céus em todos os meios de comunicação social protestando contra o aumento dos combustíveis, é algo que traz popularidade, traz fama, traz eventualmente votos.

Penso assim, que o objetivo de Carlos Barbosa, sempre foi apenas um só: concorrer pelo PSD a uma câmara municipal ou a outro qualquer cargo importante, pois Carlos Barbosa é uma raposa velha da política e sabe perfeitamente aquilo que o povo quer ouvir para daí obter dividendos.

A abordagem no meu local de trabalho

Todo este processo foi deveras estranho e Carlos Barbosa é tudo menos parvo. Sabia perfeitamente que o processo traria algumas atenções do espaço cibernético, e eventualmente dos média, como tal, teria que ser meticuloso e eficaz na intimidação que havia de fazer à minha pessoa. E começou bem. Estava eu num dia normal de trabalho, às quatro da tarde na sede do INPI onde trabalhava, e a segurança do edifício chamou-me porque estava um agente da polícia (agente Valter Caldeira, página 44) que queria falar comigo pessoalmente. Imaginem que um polícia chega à porta do vosso local de trabalho para falar convosco! A polícia tinha a minha morada nos registos, nunca ocultei o meu endereço postal, podia simplesmente ter-me enviado um ofício e compareceria como sempre o fiz perante os meus deveres cívicos. Mas mais estranho ainda, foi o facto de o dito agente da PSP, ter pedido explicitamente para falar com todos os meus superiores hierárquicos e não apenas comigo. E assim o fez. Expôs toda a situação aos meus superiores hierárquicos, e estes boquiabertos responderam o que naturalmente só podia ser respondido, ou seja, que não tinham nada a ver com aquilo pois não eram assuntos profissionais.

Imagine que chega um agente da PSP ao seu trabalho e pede para falar com o seu chefe, explicando o dito agente ao seu chefe que o caro leitor chamou "cabrão" ao vizinho, e que por conseguinte tem um processo contra si. Não tiro mais ilações, deixo as mesmas para convosco, mas lembrem-se que falamos de alguém que recebeu 1 milhão de euros de um seguro, por um assalto, cujos meandros são tudo menos claros.

A minha conta bancária

Por esta altura, e são apenas suposições pois não tenho provas, pois gosto de ter uma abordagem muito analítica dos problemas, os dados do meu cartão de crédito foram furtados por algum desconhecido (foi a primeira vez que tal aconteceu em vários anos) e fiquei sem cartão de crédito para fazer compras na Internet. Fiz um pedido à CGD, e o que vos direi agora parece anedótico mas é verdade, estive quase cinco meses à espera de um novo cartão, um simples cartão, sendo que o mesmo só veio à quarta tentativa. O meu correio era furtado, tendo eu de colocar um sistema na ranhura da entrada da caixa de correio, ou então a dita carta nunca chegava. Só depois de ter ido três vezes à agência da CGD na Rua do Ouro, de ter falado diretamente com o gerente da agência e de ter redigido uma carta à administração da CGD, onde de forma explícita dizia que a situação era tudo menos normal, tendo mencionado o caso judicial e pedindo-lhes para fazer uma investigação mais minuciosa, é que o tal cartão de crédito chegou. Responderam-me passado algum tempo que se tinha tratado de um simples erro. Um erro que se repetiu quatro vezes pela mesma altura, e que desde então nunca mais se repetiu.

Ameaças de morte

Também por esta altura recebia ameaças de morte, quer através do telemóvel, quer para o telefone de casa, como também de uma forma muito mais acentuado na caixa de comentários deste blogue (a maioria apaguei). Carlos Barbosa sabia perfeitamente que mais importante que o processo judicial, seria a pressão psicológica sobre a minha pessoa, e fê-lo sempre de forma bem vincada e discreta, pois ele move-se como fazem os mafiosos, como fazem as velhas raposas, como só Carlos Barbosa, um homem influente e com contactos sabe fazer.

E quando retirou então a dita queixa?

O processo decorria há mais de um ano, tendo eu chegado a ter algumas reuniões e encontros com o meu advogado oficioso, que mais não fez que tratar de algumas burocracias, pois quem fez a exposição principal ao juiz fui eu (páginas 128-134). Certo dia, inspirado pela caneta e por um livro de poesia satírica que um amigo me havia oferecido, prefaciado por Natália Correia, decidi escrever o Auto do Barbosa, um poema satírico e burlesco dedicado à peça em questão, inspirando-me em génios como Bocage. Fui mais longe, declamei-o, e coloquei no espaço cibernético. Para minha máxima estranheza, no dia seguinte, recebo um mail do meu advogado referindo que Carlos Barbosa quer retirar a queixa que tem contra mim. "Coincidências" diz a minha mulher!

Conclusão

Carlos Barbosa é uma raposa velha, inteligente e ambicioso, apercebeu-se perfeitamente que eu não o temia, e sabia também perfeitamente que se o processo fosse avante, por certo, podia trazer alguma atenção mediática quando chegasse à barra do tribunal, que por sinal já estava agendado, e essa atenção traria leitores ao dito artigo que deu origem ao processo, como também à dita declamação poética. Sendo Barbosa um homem experiente dos média que fundou o Correio da Manhã, sabe perfeitamente fazer a gestão criteriosa, de forma especulativa, deste tipo de fenómenos. Preferiu retirar a queixa, e assim, ao deixar de me provocar, ter o meu armistício. E consegui-o, pois nunca quis vexar Carlos Barbosa enquanto pessoa, pois nem o conheço nem nunca o vi pessoalmente, nada pessoal tenho contra Carlos Barbosa, quero deixar isso bem claro, quis apenas aniquilar Carlos Barbosa enquanto animal político, pelas razões que exponho no artigo.

1 comentário:

  1. Gostei muito de ler isto, muito mesmo. Mas como tu dizes "caso encerrado" e já não era sem tempo. Quando fores muito velhinho, vais recordar esta história da tua vida e até vais achar graça, não tenho dúvidas. Beijinhos

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