De Sócrates, o Luso ao Ateniense


Muitos anos antes do nascimento de Cristo nasceu um homem em Atenas, que dava pelo nome de Sócrates. Muito pouco deixou escrito e o que sabemos dele, advém do seu maior discípulo, Platão. Todavia sabemos que Sócrates havia combatido ferozmente aqueles que eram denominados como sofistas. Para quem não sabe, um sofista era alguém dotado de largo conhecimento (do grego sophia, conhecimento) mas que usava esse conhecimento não na procura do bem Maior, a Verdade, mas apenas na satisfação pessoal dos seus interesses. Para percebermos claramente o que é um sofista podemos dar o caso simples dos advogados. Um advogado não defende uma causa porque realmente nela acredite, porque a considere nobre, verdadeira ou mesmo de acordo com a lei, o advogado usa sim, o seu vasto conhecimento das leis, para assim obter o resultado que espera que lhe trará dividendos e reputação. O advogado é assim indubitavelmente por exigências profissionais, um sofista.

Penso eu, que os sofistas representam dos maiores males do mundo, principalmente em países do sul onde o sangue é mais quente e as pessoas se deixam levar mais facilmente pelas falácias em termos de lógica e retórica. Os sofistas são exímios oradores e ardilosos, são conhecedores da retórica e da lógica, mas usam-na para violarem o bem Maior dos Filósofos: a Verdade. Não é de estranhar assim que o Parlamento esteja repleto de sofistas, em todos os espectros parlamentares, desde a esquerda à direita. O objetivo do sofista, que nunca leu Kant ou Platão, é unicamente elaborar uma série de argumentos aparentemente válidos, para ludibriar o ouvinte, para que este satisfaça os seus próprios interesses pessoais e de conforto.

Sócrates o Ateniense, criticou no seu tempo de forma severa os sofistas, assim como Cristo na sua era criticava os Fariseus. Chamava-lhes de interesseiros e hipócritas que mais não faziam que ludibriar os jovens com uma retórica ardilosa e um léxico rico, para desta forma estes lhes manterem o bem-estar e o status quo. Ora Sócrates foi tão assertivo no combate aos sofistas, que foi condenado à morte. A razão explanada por parte dos seus carrascos era que estaria a corromper os jovens. Sócrates todavia apenas referia que lhes queria apelar para procurarem a Verdade. Este homem que andava muitas vezes descalço, apenas com uma túnica branca, era assertivo na oração, austero nas posses e frugal nos costumes e hábitos alimentares. Ficou para a história universal como um exemplo de probidade e de defesa inalienável de valores e princípios, tendo sofrido a pena capital por tal perseverança. Platão deixou-nos o seu enorme legado, através das suas diversas obras.

Mais de 2000 anos depois nasce na Lusitânia um seu homónimo. Quis o destino – em Democracia o destino eleitoral chama-se vontade popular - que viesse a ser Primeiro-Ministro de Portugal. A Filosofia diz-nos de forma clara todavia, que Sócrates, José, viria a ser o maior sofista que a Democracia portuguesa alguma vez criaria, diria mesmo que uma das maiores antíteses a Sócrates o Ateniense. Podemos criticar muitos governos por tomarem ou não certas medidas, de cumprirem ou não certas promessas eleitorais, mas o que mais destrói uma Democracia não são os mentirosos, pois esses são facilmente desvendados, são os sofistas. Passos Coelho é mentiroso, Sócrates é um sofista. Ser sofista é muito mais grave, do ponto de vista económico ou social, do que mentiroso.

Passos Coelho é mentiroso porque aquilo que prometeu antes de eleições foi exatamente o oposto daquilo que implementou, e ele sabia-o perfeitamente que assim seria necessário considerando o comportamento psicossocial dos eleitores portugueses, mas após ganhar as eleições, Passos Coelho, quer concordemos ou não com as políticas, prosseguiu uma política mais ou menos coerente ao longo da legislatura. A sua retórica é clara, sem erros de lógica ou apresentando sofismas. Para atestá-lo apresenta sempre aos eleitores números e dados que não o desmentem e a sua lógica argumentativa é sólida e coerente do ponto de vista filosófico, quer concordemos com os objetivos ou não. Todavia, se fizermos o comparativo entre antes e depois de eleições, resta-nos apenas um adjetivo como epíteto: mentiroso.

A gravidade da situação é que as mentiras, numa sociedade informada são facilmente desvendadas, mas os sofismas são muito mais difíceis de detetar e de destruir, e para tal precisamos de cidadãos livres, de uma opinião pública informada, de uma comunicação social livre e intelectualmente nobre e desinteressada, e não temos nem uns nem outros, pelo menos com a notoriedade suficiente. Sócrates, o Luso, foi então o maior sofista que a Democracia portuguesa concebeu. Dizia claramente que queria tornar o país mais rico, mas fê-lo unicamente à custa de dívida, àquilo a que o povo não sente de forma imediata, ou seja usou a técnica preferida de um sofista, não mentindo distorcer a verdade. A dívida pública no seu mandato cresceu a ritmos, comparando com o crescimento dos anos anteriores, nunca antes visto, cerca de 460 euros por segundo. Tirou um curso superior, não porque quisesse exercer a profissão, mas porque teria maior visibilidade e reputação. Com o país em bancarrota, aumentou os funcionários públicos em quase 3% porque estávamos à porta de eleições. Mas como já explanei os sofistas são ardilosos, usam uma retórica elaborada e com alguma lógica para obterem dividendos.

Sócrates usou o argumento da defesa do país interior, para promover Parecerias Público Privadas altamente ruinosas para os contribuintes. Quando as empresas públicas de transporte precisavam de financiamento, e para disfarçar o défice público, o seu governo dá ordens às empresas para se endividarem de forma ruinosa. A título de exemplo, se perguntássemos a Sócrates se não acha que uma autoestrada, 10 vezes mais cara que uma estrada convencional, para Bragança é um investimento desmesurado, dadas as condições do país, Sócrates por certo responderia com este argumento sofista.

"Eu acho, sinceramente que a função do Estado é servir as pessoas e eu governo para as pessoas, eu considero também que os bragantinos são portugueses com todos os direitos inerentes a esse estatuto e não podem ser considerados cidadãos de segunda, como tal porque não têm também direito a ter uma autoestrada, se esta lhes permite mobilidade numa zona do país tão remota? Acho que temos todos de ser solidários, e não podemos ter uma visão unicamente economicista, de não pensar nas gentes que também fazem parte de Portugal e que há séculos que se deparam com o isolamento."

Este é o típico argumento de Sócrates, o Luso, um sofisma. Analisemos o argumento do ponto de vista retórico e lógico. Em primeiro lugar percebemos que o argumento é floreado, usando um léxico rico, não porque esteja a conceber arte, mas porque quer adornar uma ideia, que por si só é fraca. Em segundo lugar aborda sentimentos nobres e emotivos, como o patriotismo e a caridade, para hipnotizar o auditório, perdendo este parte da sua capacidade analítica. E em terceiro lugar incorre num erro lógico, que é para se satisfazer uma necessidade dúbia (autoestrada, não mobilidade) de um grupo restrito de pessoas, imputa-se no bem comum um custo insuportável. Este tipo de argumento sofista é rebatido do ponto de vista lógico desta forma, através do recurso ao absurdo.

"Sendo o sr. Joaquim, um senhor de idade pai de família que vive numa aldeia no meio do baixo Alentejo, precisa de tratamento médico diário para um problema muscular na sua perna, tratamento esse que só existe numa clínica em Paris. Todavia o sr. Joaquim tem uma aversão comprovada ao transporte aéreo e por motivos administrativos está impedido de entrar em Espanha e França por rodovia. Devemos então fazer uma linha férrea de alta velocidade da sua aldeia até Paris, para que possamos dar o conforto ao sr. Joaquim que ele precisa. O sr. Joaquim é um nobre cidadão português de primeira, que trabalhou toda a sua vida, tendo feito os seus devidos descontos e tem os seus direitos constitucionalmente consagrados, não podendo ser discriminado no acesso à saúde por medidas unicamente economicistas e tecnocratas."

Apesar do argumento ser absurdo do ponto de vista lógico, segue a mesma estrutura que o argumento anterior. Os seguidores de Sócrates tornaram-se assim há muito, não socráticos, mas socretinos. Um socretino é por defeito ou um sofista da corte do PS que gira em torno dos interesses instalados em redor do Orçamento de Estado, ou um incauto que se deixa facilmente ludibriar por um sofisma. Reparem que a Verdade dói, assim o sofisma é sempre mais fácil de absorver, pois adapta-se muito melhor ao interesse que está instalado. Na psicologia dá-se a este estado psíquico o nome de estado de negação. Um povo que vive em negação com a Verdade e que apenas procura Circo e vota em sofistas, pouco mais pode esperar que tão-somente a miséria e a desgraça. 

Espero assim pela Mensagem de Pessoa, por um Sebastião que cumpra Portugal!

1 comentário:

  1. ELE há nomes.
    E alcunhas.

    Pex: o róseo sarrafaçana-mor, cuja governança nos atascou (também).

    Há ainda o sátrapa, merdas-pai, filaucioso e putativo senador destes reinos.
    Á sua sombra vem medrando o merdas-filho, cuja burrice proverbial se resume à contínua muleta de expressão. "não sejamos maniqueístas".

    E tantos outros, saibam quantos esta lerem... ;-)

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