Do neoliberalismo e das bicicletas partilhadas


A propósito das bicicletas partilhadas levadas a cabo por uma empresa privada, que está impedida de operar por parte da autarquia de Lisboa, que também providencia um serviço "público" de bicicletas partilhadas, impera salientar que os porcos burocratas da edilidade de Lisboa estão a agir como uma matilha de comunistas raivosos, por verem que o seu fiasco de bicicletas partilhadas da EMEL, que nos custou a todos 20 milhões de euros, teria concorrência dos "estrangeiros capitalistas", num serviço mais barato para o utilizador esporádico e de borla para o contribuinte. Assim, a matilha vermelha que reina na Câmara Municipal de Lisboa agiu em conformidade, fazendo a necessária purga à iniciativa privada, com argumentos de bradar aos céus, pois as bicicletas estavam alegadamente "desreguladas". Não limpam o lixo das ruas, não multam os carros sobre os passeios, não desimpedem o espaço pedonal de todo o tipo de obstáculos, mas agem de forma expedita perante a bicicleta chinesa anárquica, porque estaciona algures junto a um poste da via pública. A mediocridade vermelha camarária não tem limites. Esta estória de mediocridade governativa, também releva a velha máxima, que para a corja de burocratas algures sentados numa secretária dos paços do concelho, mais vale haver massas fecais na via pública bem reguladas e autorizadas em conformidade pela administração, do que rosas, tulipas ou malmequeres anárquicos e neoliberais que brotam na via pública sem pedir a devida autorização à entidade correspondente. 

O espaço público em Lisboa, grosso modo, mete nojo tal a quantidade colossal de carros e respetiva poluição e ruído. Mas como estão “regulados”, nada a salientar por parte da edilidade avermelhada, cujo supremo interesse está em "regular e autorizar", para se fazerem sentir úteis no saque que fazem diariamente ao erário público. Já a bicicleta, que ocupa incomensuravelmente menos espaço, não polui, não faz ruído e não provoca um rombo na balança comercial, merece ser expurgada da república vermelha lisbonesa, porque o projeto "capitalista" ousou nascer sem requerer a devida autorização, a quem de direito, ao grande líder Medina. Esta pequena estória acentua, como verdadeiro ambientalista que sou, os meus mais temerosos receios. A esquerda é mais perigosa ao ambiente do que a direita. Não, a direita também não nutre qualquer apreço pelo ambiente, pois primeiro vem sempre o dinheiro, e só depois o planeta. Mas a esquerda é mais perigosa, porque o lobo mais perigoso, é o que se faz passar por ovelha. Outra perversidade, mais ímpia que a dos Bórgias, é a autarquia de Lisboa fazer cumulativamente o papel de regulador e de operador no mercado das bicicletas partilhadas. A autarquia opera o seu negócio através da EMEL, e cumulativamente impede um operador privado de operar. Fenómeno a relembrar os tempos áureos do estalinismo.

Ademais, ainda ninguém me explicou, porque raio há de o estado de fornecer bicicletas aos cidadãos? Então o tuga mediano tem dinheiro para comprar carros novos, e precisa porventura que o estado lhe alugue bicicletas, quando uma bicicleta custa 200 euros num qualquer supermercado? Na Holanda, o sonho molhado para qualquer ciclista, não há dessas benesses socialistas. Aliás, essas benesses socialistas não resolvem o problema de fundo porque ninguém vai passar a andar de bicicleta porque o estado lhe aluga uma, da mesma forma que o estado não aluga carros, e não é por isso que o país não está repleto deles. Os "xuxalistas", com a sua retórica "verde" de lançar dinheiro para tudo o que é problema, têm de facto destruído o ambiente e o planeta. O estado não tem restaurantes. O estado não tem lojas de roupa. Mas o estado precisa de alugar bicicletas? O que impede as pessoas de usarem a bicicleta é a insegurança e o excesso de lataria perigosa, poluidora, volumosa e ruidosa na via pública. O cidadão não precisa que o estado faça este tipo de incentivos idiotas e completamente desadequados. Assim, a EMEL, é a empresa mais insignificante e incompetente à face do planeta, porque providencia serviços de luxo aos cidadãos, num estado que nem sequer consegue proteger as pessoas de fogos. Porque raio não se foca o estado em tarefas essenciais, e nessas fá-las bem? Precisa o estado de fornecer estacionamento? Se o fornecesse, é para subsidiá-lo, porque o lusitano miserável da favela, no dia que se dirige à segurança social para requerer o Rendimento Social de Inserção, é o mesmo dia em que se dirige às instalações da EMEL, para pedir o dístico de residente para ocupar 12 metros quadrados de espaço público de borla 24 horas por dia, 365 dias por ano.

Com 29 milhões de euros que o foi o valor inicial de adjudicação, a 0,10€/km, temos 290 milhões de km. Divididos por 10 anos temos 29 milhões de km por ano. Considerando que cada ano tem 255 dias úteis, temos cerca de 110 mil km por dia útil. Considerando por hipótese que um ciclista, em média, pedala 5 km por dia (valor já mais alto que a média da UE), tínhamos dinheiro suficiente para pagar as viagens diárias de 22 mil ciclistas urbanos. Considerando que Lisboa tem uma população de meio milhão de habitantes, e que tem uma repartição modal alocada à bicicleta de 0,5% (Censos 2011) falamos de cerca de 2500 ciclistas por dia, de forma permanente, na cidade de Lisboa. Caso fossem 22 mil por dia, quase que multiplicava por 9, vindo a repartição modal da capital a ser 4,4% em vez de 0,5%. Ademais, Lisboa não tem as coisas mais basilares da mobilidade em bicicleta, como lugares de estacionamento em segurança, ou ciclovias seguras e bem desenhadas, que custariam várias centenas de vezes menos ao erário público; 20 milhões de euros, numa cidade sobre-endividada e com tantas carências sociais, é um valor astronómico e desumano; não é com este tipo de apoios, que as pessoas vêm para a rua pedalar, pois não resolvem o problema da segurança rodoviária no espaço público nem do fim da hegemonia automóvel; este tipo de apoios, reforça a ideia para a opinião pública, totalmente errada, que a bicicleta, ao contrário do automóvel, é apoiada pelo Estado; este tipo de medidas, não toca no essencial: retirar espaço e direitos ao automóvel; esta medida das bicicletas partilhadas é puro greenwashing da EMEL, acrónimo cujo M passou recentemente também a significar “Mobilidade” além de “Municipal”, ou seja EMMEL. Um coio de extorsionistas do erário público a bem da "mobilidade verde"; e eu, que não tenho carro e apenas ando de bicicleta, defeco neles com todas as minhas fezes.

1 comentário:

  1. É esta a visão que defende do Estado?
    https://www.goodreads.com/book/show/1268994.For_a_New_Liberty

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