A cidade da harmonia


Enquanto bebia um copo de cerveja numa praça de Berlim, filosofava sobre as vicissitudes do desejo e da paixão. Filosofava sobre os termos das línguas, questionava sobre todas as coisas, questionava sobre como havia o homem de se expressar? Questionava sobre a diferenciação das línguas, sobre a diferencialidade da funcão que representa a natureza. Continuava a colocar questões de ordem filosófica enquanto tinha uma conversa de café com o Karl. Eu, num momento de salubre reflexão e de momentâneo e áspero momento de fugaz energia divagava sobre a riqueza das diferentes línguas e dialectos. Questionava-me sobre a génese da liberdade e das suas diferentes representações em diferentes culturas. Pois por estes lados, a arquitectura é soberana, a arquitectura e o desenho dos edifícios, formam a liberdade preconizada pelos povos do norte. Numa praça da empresa Sony, encontrei tracos e formas inigualáveis por terras do sul. Uma elipse no topo, uma extremidade de ferro que unida por diferentes cablagens, aponta para um lago de mármore. Chamo-lhe lago, pois tal como um calmo lago, este também reflecte de forma cristalina, como um espelho, as imagens envolventes.
As avenidas de Berlim são largas, espaçosas, têm o espaco para acolher as viaturas que se movimentam em quotidianas correrias. Os edifícios são ora contundentes, com ângulos agudos, ora com traços suaves. E mais um momento de reflexão enquanto deglutia uns mililitros de cerveja. Será a língua a única forma de comunicação? Não, claro que não. Como é clarividente, o arquitecto de tal proeza que contemplava, comunicava com todos os transeuntes ao conceber tal façanha. Quando traçou as linhas no estúdio, quando fez o desenho de tal praça, comunicava com todos os indivíduos que haveriam de visitar a sua obra de arte.

Sem comentários:

Enviar um comentário