Alexandre, o Berlinense


Não sei o propósito exacto dos escritos que redijo, se são efectuados com o propósito da documentação, se têm outro qualquer objectivo. Cheguei a Berlim, vindo de avião, de seguida apanhei o comboio até à cidade e fico perplexo com tamanha arquitectura. Nem sei ao certo como descrever tais obras arquitectónicas em termos de desenho e materiais utilizados na sua concepção. Os edifícios são blocos um pouco acinzentados, a temperatura exterior é áspera e o vento é um pouco frio, no entanto o interior é ameno, reconfortante e agradável.

Cheguei quase ao anoitecer, a noite está prestes a aparecer, o sol esconde-se e não me apercebo de tal fenómeno, pois não contemplo o horizonte numa metrópole. Cheguei e o céu oferece uma fascinante melancolia. Fico perplexo e entusiasmado com a cor do céu em Berlim, com a sua tonalidade azulada. Caminho durante a noite e dirijo-me até à praça de Alexandre, a que Alexandre dedicam os Berlinenses está praça central? Ao Greco-Macedónio? Ao Grande Alexandre? Desconheço, o que é certo é que é um espaço imensamente amplo, e com sinais deveras interessantes.

Venho de um cubo, de um cubo hiper-bóreo comercial. O centro comercial Galeria é amplamente belo, maravilhoso, tranquilo, calmo, possui uma claridade contrastante com o exterior. Percebi aqui a origem dos centros comercias, e talvez, por vezes que
stiono-me se têm o mesmo propósito que têm nos países mais amenos em termos de temperatura. O vento era enorme, forte e frio, e neste centro comercial, espaço amplo, luminoso, encontrei uma harmonia e um conforto inigualável. Têm a forma de um cubo, por fora. E questiono-me eu, porque vejo eu tantas formas cúbicas, tantos traços lineares, tantos ângulos rectos, tantos paralelipípedos, tantos blocos urbanísticos, tantas formas quadrangulares, na arquitectura urbanística, na decoração de interiores, nas mesas de cafés, nos corredores das estalagens, tantas formas rectangulares por paragens do norte?

Na Galeria observava um album de fotos tiradas durante a II guerra mundial, e voltei a ver imagens ora chocantes do periodo horrendo do sec XX, ora imagens esparancosas do pós-guerra. E questiono-me sempre sobre tais simbolismos dos povos arianos. A suástica, quatro letras L, alinhadas cada uma num ponto cardinal. A letra L, que forma um angulo recto, q
ue forma a rectidão, e que inicia a palavra Latim. Quatro L formam a suástica, e o quatro, quanto é o quatro venerado pelo império Romano, desde SPQR, até INRI, é que a sensacao que tenho, foi que o INRI foi a heranca à cristandade, por parte do império romano. Não tem a cruz, quatro pontas?

A praça de Alexandre, a praça maior dos Berlinenses. Uma cidade majestosa, enorme, ora revelando u
ma obscuridade fascinante e melancólica, ora imensa em luminosidades provenientes de lojas e espaços comerciais. Uma cidade fascinante, mágica, enorme, com uma arquitectura impossível de ser contemplada por paragens do sul.

Cheguei à praça maior, à praça de Alexandre, e vários sinais aparecera-me pela frente. Três enormes gruas alinhadas a Sudoeste, como q
ue impelidas por um magnetismo oculto, como que se uma grua fosse um tipo de compasso enorme e mágico. Na mesma praça, um relógio, um relógio universal, que indica as horas em quase todas as localidades do mundo. Mas afinal questiono-me eu, qual a finalidade do relógio? Qual o propósito? Será mensurar as horas do mundo, ou indicar os pontos cardinais. Qual foi o intento dos criadores do relógio, dos caldeus que o elaboraram. Estarão as 12 horas a norte e as seis horas a sul? E porque é que então, quando marca as seis horas, o relógio encontra-se erecto em todos os seus ponteiros? Lembro-me nesta vaga de ideias vigorosas, o boneco do sinal verde da passagem de peões dos berlinenses. Quando verde, é um homem vigoroso, que eleva o falo no sentido do vigor, quando vermelho, evoca a paragem, a preguiça, evoca o homem crucificado. São os sinais berlinenses, são os sinais que observo com estes olhos, os sinais que capto.

Na praça maior, u
m paralelepípedo enorme, luminoso, um edifício que lembra algo bastante vigoroso. Na mesma praça contemplamos a torre da TV, ou rádio, ou algo similar. É uma estrutura bastante observada por paragens do norte, que evoca o vigor e a fertilidade que no subconsciente dos cidadãos traz-lhes algum conforto espiritual, alguma felicidade. Pois a felicidade provém exactamente disso. A felicidade, o bem-estar interior, provém do vigor latente. E nestas paragens onde anoitece cedo, e amanhece tarde, onde o frio é bastante, têm os boreais de conceber estes monumentos que se elevam nos céus, para fornecer aos seus cidadãos, aos Berlinenses o bem-estar e a felicidade tão procuradas pelo ser humano. Confesso que me inundou, que me deixei influenciar pelo seu magnetismo visual. Que me irradiou, tal monumento arquitectónico. Um cilindro cujo diâmetro se altera consoante a altura, e no extremo superior uma esfera. Não é a esfera a representação geométrica da perfeição?

Uma fonte na praça de Alexandre. Uma fonte circular com quinze folhas, quinze conchas aquáticas, que jorram água no exterior, e que vão jorrando água umas nas outras. Estranhei em qual dos sentidos circulares a águ
a fluía, a água percorria. Apercebi-me que o crescente em altitude é no sentido dos ponteiros do relógio, ou seja, o sentido caldaico, já a água, a água flui no sentido directo, percorrendo folha a folha, uma espiral de pequenas folhas, deveras maravilhosas. No topo, uma folha em forma de pentágono fornece a água primordial. Não era o pentágono a adoração pitagórica? A iniciação? Então nesta fonte em Berlim, encontro eu formas e correntes invisiveis peculiares e com bastante simbologia.
Uma fonte onde a água flui em espiral, e flui no sentido do exterior. E quão fortes são a minha imaginação e sentido de observação ao me aperceber de tudo isto, quando a fonte não jorrava água. Mas na mente, no espírito observava esta fonte em movimento contínuo, e por vezes os sonhos e a imaginação são mais fortes que as imagens que os olhos contemplam.

Uma praca alexandrina, enorme, majestosa, onde os transeuentes caminham ora depois de efectuarem certas aquisicões comerciais, ora depois de um dia de trabalho fatigante. Uma fonte, uma torre adoradora dos cúes, um paralelipipedo enorme, e um cubo comercial. Tudo formas reconfortantes no seu interior, tudo formas que me levam a pensar e refelctir sobre a cidade que visito.

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