Diz-me o teu nome, dir-te-ei quem és…


O nome, chamado, evocado, palavreado, mal educado, é pronunciado, por vezes soletrado. Sempre evocado quando chamamos alguém, quando desejamos que a pessoa em causa se aproxime ou tenha a nossa atenção. Eu vejo os donos dos animais de estimação darem nomes aos seus bicharocos, aos seus gatos, aos seus cães, sempre com o mesmo intuito; o da evocação singular. A cada som, um indivíduo, a cada sílaba um traço identificativo único. E houve em tempos um povo que criou a escrita, os hieróglifos, as ideias, os conceitos eram assim codificados em traços, linhas, arcos, pequenas representações que se assemelhavam com alguns elementos da Natureza. Não é de estranhar então que a letra V, seja a inicial para Vénus, pois o planeta vermelho voa nos céus e toma a forma de um V ao longo do ano terrestre. Por ser avermelhado e por traçar no seu percurso a forma de V, traços e formas que aos primordiais seres se assemelhava a algo tão patente nos seres do género feminino, ficou então o V a ser a letra efeminada. E o nome? Se o nome por certo já existiria como forma de distinção entre os indivíduos, com o advento da escrita surgiu o nome escrito. Pois a cada nome, a cada indivíduo, um traço, uma característica, uma semelhança com as naturais estruturas e formações geográficas, assim como semelhanças com os fenómenos astronómicos. O nome, a inicial do nome, aquela letra maiúscula que é sempre realçada nos artigos jornalísticos, como que o jornalista tivesse o intento de subtilmente afirmar que o artigo em causa daí em diante se rege maioritariamente por aquela letra maior, a maiúscula, inicial. O nome, di-mo-lo, e dir-te-ei quem sois, minha cara Eva, Ana, Bruna, Cátia, Diana, Zara, Sara, Vanessa e Vânia. O nome nomeado dir-me-á tudo, pois sempre que tu amável mulher fores chamada, sempre que o teu nome for evocado, tu enquanto alma pensante, enquanto ser, recordar-te-ás dos tempos de criança em que a afável progenitora pronunciava ternamente essa mesma estrutura de sílabas que unidas através de espaçamentos temporais quase indeléveis formam o teu nome pronunciado.
E com o advento da escrita, surgiu o Traço. Desde então o teu nome, tem forma, tem algo pictórico, tem uma representação visual. Com o advento da escrita o teu nome passou também a pertencer ao campo da visão, encheu mais um dos sentidos. E como será o meu nome no campo do tacto? Simples, temos o Braile! E como será o meu nome no campo do olfacto? Quero preencher mais este campo sensorial, e o do paladar?
Pois minha cara é por certo bem fácil evocares o teu nome no campo do olfacto. Se te chamares Eva, pegas simplesmente em três perfumes afamados cujas inicias têm as letras do teu nome.
Para escreveres Eva, pegas em 5 partes de Escada, em 4 partes de Versace e em 1 parte de Aramis e misturas tudo num boião odorífico. Tens então o teu nome escrito no campo do olfacto. Depois cede essa fragrância a todos aqueles que queres que te chamem. Fazer a distinção destes nomes, caberá apenas aos dotados do olfacto que distinguem o mais sublime odor, assim como o comum dos mortais distingue os nomes de António e Maria.
O nome, nome primário, os nomes das nascentes, o nome, que evoca a chamada ancestral, os nomes, a onomástica, a quantidade de nomes. Quanto maiores forem os nomes, será maior a virilidade. Como que engrandecido por tamanha quantidade antroponímica? Não, pois não me cabe usá-los, apenas escolhê-los para as diversas ocasiões, uma espécie de fato que se usa consoante a ocasião mais propícia. Mas nunca mostrar toda a indumentária que se guarda no guarda-fatos com o intento de mostrar os abastados tecido que somos capazes de deter. O nome grande é viril? Talvez, e é-lo escrito ou pronunciado? Creio que em ambas as formas. É que o tamanho á algo que, independentemente do senso em questão, tem sempre laços com primárias sensações.
O nome escrito, proscrito, evocado, renegado, diz-me muito sobre quem sois. Vejo os licenciados, os mestres e os doutores que colocam os títulos que prefixam os seus nomes, sempre com o subtil intuito de aumentarem a sua virilidade onomástica. Como retrata o romance do código DaVinci no que toca às medalhas das forças de segurança, quantas mais tiverem mais viris são os seus detentores aos olhos dos que as observam.
Pois Exmo. Senhor Professor Doutor Tó, tendes um prefixo enorme, mas por certo não evocas um nome pessoal imenso.
O nome, quando escrito, quando retratado dir-me-á tudo, mas o nome não é tudo e os homens não se medem aos palmos, nem sem medem com a quantidade de sílabas que os seus nomes contêm. Senão, os criadores, ou os aparentados que perfilharam os seres que nasceram tinham à partida o destino da criança ao lhe atribuírem um nome. Cabe então ao individuo a Escolha, escolher o nome para a ocasião, não me refiro a pseudónimos, a pseudo-nomes, mas sim ao nome próximo, ao nome da perfeição, ao nomes pelo qual o indivíduo se identifica, pois o nome de Baptismo é atribuído enquanto o ser é tão novo, sem capacidade intelectual para fazer a escolha moral, pessoal, em consciência, sendo o destino do ser atribuído aos aparentados. O nome de rebaptismo, é bem mais consciencioso.
O nome, nomeado, proclamado, evocado, diz-me tanto sobre ti, sobre mim. Até existe aquela ciência oculta que encaixa nomes, que dado o nome dela dirá qual o nome mais equilibrado para ele e vice-versa. É a numerologia dos sentidos associada ao nome, e maioritariamente associada aos seus dois sentidos, a audição e a visão.
Diz-me quem sois, e dir-te-ei como te chamas
Por isso, muitas mulheres voluptuosas e homens musculados optam por adicionar aos seus corpos mais um adereço que enaltece as suas personalidades, a tão afamada tatuagem. Mais formas pictóricas a adicionar, a representar, uma adenda mais específica e muito mais liberta que os caracteres dos alfabetos padronizados. Mas é bonito e interessante observar que a maioria das mulheres e jovens do sexo feminino quando pretendem fazer uma tatuagem, preferem-na em forma de V, na zona dorsal inferior, rebuscando assim a sua essência feminina original atrás referida. O V de Vénus, o planeta avermelhado, vermelho quente e vermelho paixão, a estrela da manhã que traça um V no horizonte ao longo do percurso da terra em torno do sol.
Mas a tatuagem é mais que isso, é o nome pictórico gravado no corpo, e como normalmente é feita já na idade adulta, é a identificação simbólica com algo que identifica o indivíduo, um traço, uma amante, um grupo, um sinal, uma época, uma mãe, um amigo, e por certo, consoante a parte do corpo onde for gravada diferente significado simbólico terá, é o nome gravado no corpo.
Diz-me o que escreveste,
Diz-me o que tatuas,
Quais os poros por onde suas
Desenha-me as tuas
Tatuagens Nuas
E dir-te-ei quem és…

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