Libertação literária primordial


Sou o escravo acorrentado
Sou o cão açaimado
Sou Falcão engaiolado
Sou o Poeta mais amado

Sou a Moura amordaçada
Sou a luz na alvorada
Sou a caneta rejeitada
A Rainha desprezada

Prisioneiro enclausurado
Sou a infância rejeitada
Experiência de iniciado
Sou a mágoa renegada

Sou o Mundo e a Paixão
Não sou nada, nem Ninguém
Sou Tudo, o coração
Rejeito o terreno e o além

Procuro a livre Liberdade
A Catedral grande, Imensa
A sexta-feira da Saudade
Renasço em Milão, Florença

Liberta-te destas correntes
Conta do sete até ao nove
Vê Deus quando o mundo chove
Ama laicos, ama crentes

Diz a verdade quando mentes
Porque o debaixo, sempre sobe
O Equilíbrio do regente nobre
Ama o espelho, se algo sentes

Ama a mulher, a tua próxima
Adora-a, e venera-a
Ama-la: A tua máxima

Sê a prima, a prima vera
Rejeita a mágoa, a falácia
Sê o manso e sê a fera

Sem comentários:

Enviar um comentário